CAPÍTULO III

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Christian piscou algumas vezes por sobre a cálida luz da lareira e apagou as lembranças dos últimos quatro meses que se passou mais lentos que uma tartaruga com uma mochila nas costas. Estava exausto da monotonia de seus dias e cheio de tédio. Se recusou a sair do seu quarto, ordenou não ser incomodado durante todo o dia, e se fez incomunicável desligando seu celular. E agora, havia retornado, na esperança de que a noite seja melhor que seu dia. Está noite tinha tudo para se está com um clima mais que animado e especial, afinal era o seu aniversário. Mas devido às circunstâncias, era um dia já não muito agradável. E apesar de estar completamente mal humorado. Trataria de tentar animar-se um pouco, ainda que não fosse como realmente queria. Enquanto caminhava do sofá para o barzinho, no extremo oposto da elegante sala de sua enorme casa... de estilo vitoriano, que por sinal estava em sua família à séculos, e que havia se modernizado conforme o passar dos anos, adaptando-se as novas tendências modernas humanas, mas sem perder seu charme arcaico. Com os olhos, o mesmo procurava uma taça. Seus movimentos eram fluídos, o corpo era alto, extremamente musculoso, forte e esbelto. Era um homem extremamente bonito, com um sorriso arrebator de derreter calcinhas... Possuía um charme sem igual e um olhar penetrante capaz de despir até a alma...

E assim, após achar o que procurava, Christian se serviu de uma taça do seu tipo de sangue favorito e o bebeu como um ser humano beberia um gole de pura tequila, sem sal e limão. O líquido espesso cobriu sua garganta e acalmou sua abalada sede, aliviando sua fome de outros prazeres no processo. Bom, certamente nenhum outro prazer seria satisfeito essa noite a não ser uma possível mordida em uma boa artéria viva e pulsante, igual às últimas cento e vinte três noites anteriores. Não é que estivesse contando. Só era o tédio inoportuno — que lhe causava uma breve alienação — e a sua incessante sede de sangue que estava altamente abalada com os últimos acontecimentos, e as outras necessidades do seu corpo que embora  estivessem temporariamente adormecidas, continuavam altamente insatisfeitas. O que o proporcionava tais momentos de monotonia beirando a melancolia, e um vampiro melancólico, por sinal, era de extremo perigo! — bem mais que o habitual. — Às vezes, Christian gostaria de poder embebedar-se, cair em um coma alcoólico e esquecer de tudo à sua volta, que o atormenta tanto, mas por desgraça, ser um vampiro significava que não podia embebedar-se como os seres humanos o faziam. O álcool não afetava seu corpo, pelo menos não por um tempo aproveitável, seu organismo se curava rápido demais, até mesmo de uma mísera ressaca e embora fosse algo extremamente vantajoso, nessas horas não passava de um tormento para sua estima maltratada. O que não daria neste momento por um pequeno e simples adormecimento profundo?! Havia enfatizado aos seus familiares e amigos que não trouxessem nenhum presente ou que organizassem uma festa. É claro, ele sabia que o pedido seria inútil e ignorado com sucesso, principalmente quando se tratava da sua irmã altamente animada e temperamental, Mia Grey ou senhora extravagante, apelido esse que lhe acompanhava décadas a fio. E era só questão de tempo até que eles estivessem animados em sua porta lhe desejando as mais demoradas felicitações. Trariam um bolo, que não comeriam com gosto como um humano faria, mas o obrigariam a apagar as velas e como bárbaros, eles invadiriam sua casa, assaltariam seu esconderijo secreto de bebidas de qualidade (as quais consistiam principalmente, do muito apreciado AB-), e desperdiçariam algumas horas da sua vida, com brincadeiras fúteis e velhas histórias que o mesmo já ouvira centenas de vezes seguidas. Eles fizeram uma festa de aniversário surpresa a cada ano que se passava, a maior delas foi quando chegou aos cem anos, e não seria diferente agora, em seus cento e noventa e sete anos, com quase o mesmo elenco de personagens e com a mesma diversão que o irritava. Sendo assim, em antecipação à inevitável invasão de sua privacidade, ele se vestiu com sua impecável calça preta e um suéter de linho de gola alta na cor cinza escuro. Penteou bem o seu cabelo num topete discreto e extremamente sexy, e sentou-se um pouco, para tentar relaxar, enquanto sua mente vagava em um turbilhão de pensamentos sobre os últimos acontecidos e do quão vazia sua "maldita" vida estava.

Um Vampiro Em Cinquenta Tons ( Reescrita )Onde histórias criam vida. Descubra agora