Capítulo 01

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Depois de sair da faculdade as onze da noite, cheguei em casa e fui mergulhar nos estudos. Estava no nono período do curso de psicologia. Eu fazia bacharelado e eu estava numa pilha para me dar bem no final do semestre e começar ingressar meu último para me formar. Perdi a noção do tempo e fui dormi pelas quase quatro da manhã. Consequência disso: Atrasada para ONG!

Peguei o ônibus que me deixaria no ponto mais próximo do meu serviço extra e assim que desço no ponto, lembro que tenho que recepcionar um filhinho de papai que deve ter arranjado alguma confusão nessas boates badaladas do Rio de Janeiro. Bom, que o dia passe depressa, eu tenho estágio às duas da tarde em um hospital da Zona Sul.

Entrei depressa na sala que eu tinha e ajeitei meu jaleco. O relógio na parede marcava nove e meia da manhã. Suspirei e pedi a recepcionista para liberar a entrada do meu mais novo serviço. Prendi meu cabelo em um coque e peguei um pouco de água na jarra que tinha em minha mesa. Servi-me em pequena quantidade e assim a porta levou três batidas, pedi para que entrasse.

- Bom dia?! - A voz máscula e potente me assustou e eu deixei a água cair da minha boca e molhar a regata vermelha que vestia por baixo do jaleco. Ouvi um risinho debochado e aquilo já não foi agradável. - Normalmente eu causo isso nas mulheres. – Que petulância.

- Olha só querido. – Levantei o rosto e tenho certeza que fiquei azul, que nem a camisa desse homem, e que homem, que está a minha frente. O sorriso que ele carregava em seu rosto sumiu e sua fisionomia ficou séria, nos encaramos por alguns segundos até alguém abrir a porta.

- Vejamos já se conheceram. – Roni entra distraído até que encara meu servicinho modestamente lindo. Meu chefe sorri confuso e vai até o carinha lá. – Miguel, não creio. – Diz incrédulo estendendo a mão para o rapaz que o olha desconfiado.

- Nos conhecemos? – Ele tinha duvida e nariz empinado. Que arrogante, pensei.

- Bom, fizemos o primário juntos num colégio em Porto Alegre, sou Roni. – Roni explicou e eu assistia tudo calada.

- Vou ser sincero, não sou bom de memória, ainda mais tratando macho. – Disse e neguei, rolando os olhos. – Entretanto, se fosse uma beldade morena, que não tem pontualidade... – Deixou a frase no ar e bufei logo Roni me encarou.

- Estou por dento disso e tenho certeza que isso não é algo corriqueiro. Aline é uma das minhas melhores profissionais, por isso dei seu caso a ela. – Olhei para o playboyzinho que me olhava com um sorriso debochado no rosto.

- Creio eu que serão noventa dias muito produtivos, concorda senhorita? - Indagou me olhando intensamente e acho que minha perna bambeou. Acho que estou ficando louca. Quem ele pensa que é? O Jensen Ackle? Acorda querido.

- Bom, terei que me ausentar agora, qualquer coisa me liga, Aline. – Roni me olhou e assenti. – Almoçamos juntos? – Foi uma pergunta desnecessária, já que é fato que almoçamos sempre juntos. Só quando não há imprevistos, ou minha amiga quer desabafar, e tem também Caio, meu amigo de longa data que às vezes é bem carente e quer minha atenção. Sorte minha que ele está no Sul com sua família.

- Claro, no lugar de sempre. – Sorri para o Roni e ele acenou saindo. Voltei a me concentrar nos meus papeis e o individuou sentou na cadeira a minha frente.

- Você e o Roni tem um romance. – O olhei e ele estava fixo com os olhos no meu calendário. – Acho que isso não é profissional. - Refletiu.

- Bom, não estou com aqui com você para discutir minha vida profissional. – Disse me levantando e ele me olhou de boca aberta. – Vamos conhecer sua realidade. -Caminhei até a porta, não esperando ele falar.

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