Capítulo 15

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- Você ainda quer continuar? – Miguel perguntou quando estávamos entrando em seu carro.

Havíamos voltado para no final do domingo. Fomos para sua casa diretamente. Só descansamos, não falamos nada. Hoje, segunda-feira, às oito da manhã, ele disse que passaríamos em uma academia Gouv para ele poder ver uma papelada que ele teria que assinar cedo para enviarem para os fornecedores. Estávamos em silêncio no carro até ele soltar essa pergunta. O olhei e ele estava de óculos escuros. Não havia como ver seus lindos olhos azuis, mas sei que ele tinha olheiras. A noite não foi muito boa. Seu primo havia mexido em sua ferida e acordado seus fantasmas. Eu não o deixaria afundar.

- Miguel, eu sei que você se martiriza por algo que aconteceu há alguns anos, mas você não tem culpa. Independente da sua conduta, você não a induziu a nada, você não a empurrou. – Eu disse e vi-o suspirar. – Estou com você porque sei de sua essência, você me faz bem e não é esse monstro que acredita ser. – Fui sincera.

- Você é um anjo. – Disse. – Meu anjo. – Ele me olhou rápido e tinha um pequeno sorriso.

Gouv Fitness era uma academia top. Dois andares com os equipamentos de ultima geração e pessoas dos mais altos níveis. Os personais eram de corpos esculturais e havia uma musica de fundo animado. A recepcionista, uma loira muito bonita abriu um largo sorriso assim que adentramos a academia. Miguel a cumprimentou a dizendo que eu era sua namorada e vi seu sorriso vacilar, mas Miguel não se viu ou ignorou. Puxou-me, cumprimentando algumas pessoas para o segundo andar até entrarmos numa sala espelhada. Reparei que do lado de fora a pessoa só via seu reflexo, já dentro, víamos todos.

- Fica a vontade, morena, vou só imprimir e ler rapidinho. – Ele disse me dando um rápido beijo e foi à mesa.

Sentei num sofá e fiquei admirando as pessoas se exercitarem. Sentia inveja. Eu sempre gostei muito de fazer exercícios, houve um tempo que minha vida estava corrida e tive que trancar minha matricula. Acabou virando um cômodo e não voltei. Hoje eu corro na praia, à noite quando não tenho aula, ou cedo pelo sábado ou domingo. Ultimamente vem tornando meio impossível, pela monopolização de atenção vinda do Miguel. Só não entendo como ele consegue se manter, já que passa vinte quatro horas do dia na minha cola, mesmo não estando ao meu lado, está me monitorando.

- Por que não volta? – Ouvi a voz do Miguel e me virei, ele estava sentado ao meu lado, me olhando. Endireitei-me e sorri, ele me puxou para ele até que estivesse em seu colo. Não tinha percebido que o tempo havia passado.

- Estava pensando sobre isso. – Fui sincera e ele sorri.

- Vem malhar aqui, baby. – Disse. – Você pode vim em qualquer horário, terá o melhor tratamento. – Piscou para mim.

- Tentadora proposta. – Sorri para ele e ele beijou meus lábios sutilmente.

- Nem pense em querer pagar algo, ouviu. – Ele disse e eu arregalei os olhos, depois o olhei incrédula. – Eu te conheço querida e não aceito que minha namorada pague para malhar em minha academia. – Disse certo.

- Miguel, isso é ridículo. – Disse.

- Ridículo é você querer pagar para malhar aqui, Aline. – Sua voz seria. – Vou mandar a Amanda fazer sua ficha e você virá aqui quando tiver vontade e não quero saber de você buscando valores a pagar.

Não tinha o que argumentar. Ele voltou a sua mesa e telefonou. Falou com a Amanda, em sua maneira formal eu sou o chefe e depois olhou o notebook na mesa. Ficamos mais meia hora, depois saímos. Assim que passamos pela entrada, a Amanda que eu vim descobri ser a recepcionista, me deu o cartãozinho e pediu para cadastra a biometria. Assim fiz com Miguel em minha cola. Ela me deu uma bolsa de lado que continha alguns itens que a academia dava aos novos matriculados. Miguel tinha um sorriso largo. Agradeci e saímos dali, eu vermelha de vergonha e ele com o sorriso mais amplo que já vi.

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