Será Única

Capítulo 07

Meu estágio na clinica foi tranquilo. O paciente que adiantou a consulta teria uma viagem. Seu problema era o relacionamento que tinha com sua ex mulher. O rapaz era possessivo demais e não queria deixar a mulher viver sua vida. Ele chegou a ser detido por invasão a residência da ex esposa. Hoje ele tem um progresso e está viajando para tirar férias. Ele é um homem muito bonito e bem profissionalmente. É difícil imaginar ele como chegou à clinica. Foi um caso que quis acompanhar desde quando eu o vi acuado na sala de espera, seus olhos frios e roupas escuras. Era arrogante e se achava dono do pedaço, com o tempo, foi se estabilizando e hoje ele consegue ser um ótimo humano.

Peguei o ônibus e fui rumo a ONG. Ela ficava próximo uma comunidade e a rua era muito movimentado. A ONG tinha um espaço de dois andar e sua entrada era lilás num tom vivo. Sempre tinha pessoas espalhadas por ela. Tinha um enorme espaço no lado de fora com brinquedos e as crianças adoravam. Assim que cheguei, fui abordada pela Beatriz, minha paciente que estava gravida. Ela parecia mais feliz e me contou que o pai de seu filho Gabriel estava decido a assumir os dois. Ele havia largado a vida de trafico, pelo menos foi o que ela contou, e estava trabalhando em bicos. Beatriz estava com uma barriga enorme e seus cabelos cheios e cacheados estavam presos ao alto. Era uma garota muito bonita com seus dezesseis anos. Estava me despedindo dela quando olhei a entrada da ONG. No portão estava o Miguel, lindo, numa calça de lavagem clara e camisa de gola V preta. Ele sorria e passava a mão em seu cabelo enquanto falava com uma pessoa. Quando olhei para o lado, estava uma dessas piriguetes com os seios oferecendo a ele, short quase no pescoço e cabelos negros enormes. Ela sorria e a todo tempo encostava-se a ele. Beatriz foi embora e fui em direção a ONG, não havia com negar a minha carranca, e enquanto mais me aproximava, mas ouvia a voz enguiçada da fulaninha. Meu sangue estava na cabeça e quando estava a dois passos da cena, Miguel me avistou, e sorrio, mas logo morreu, creio que vendo minha cara. A garota se virou para me olhou e ergueu a sobrancelha, estava decidida a ignorar, mas o senhor simpatia me puxou pela cintura, me pondo ao seu lado. Seu braço enlaçado a mim e se voltou à fulana.

- Bom, Thaíssa, minha morena saberá te auxiliar mais do que eu com a ala de ginecologia. – Arregalei os olhos com a ousadia da garota. Sério que ela veio procurar isso com ele. – Estou aqui dentro sendo submisso dela, lá fora também, mas aqui ela quem sabe de tudo. – Ele me olhou de soslaio e a menina me olhou com um sorriso falso, depois voltou a ele.

- Eu jurava que você era um médico, tem toda pinta. – Sua voz irritante estava me dando nos nervos. Queria sair dali, mas o bonito não me largava.

-Quem dar pinta é homossexual, Thaíssa, eu não. – Ele disse e eu segurei o riso. – Agora, caso precise de ajuda, só consultar a minha morena depois. Agora temos que trabalhar.

Foi visível a cara de desgosto da fulaninha, mas entrei primeiro que Miguel e corri para minha sala. Ele que pensasse que não vi suas insinuações. Ele era ridículo, ou eu era demais paranoia? Ele entrou na minha sala me olhando como quem procurasse algo e eu fiquei centrada no meu computador. Estava vendo minha programação da semana e relatórios de pacientes. Ele estava no sofá que tinha ali com seu notebook, creio que esteja trabalhando. Mantemos o silêncio até minha primeira paciente chegar, após, caminhamos para o almoço lado a lado, encontrando o Roni na saída. Fomos para o mesmo lugar comer.

...

- Puta merda! – Exclamou minha amiga como sempre, nada contida. – Aquele gostoso está caído por você e só agora eu tenho esses detalhes. – Disse incrédula minha amiga e revirei os olhos. Ângela era o exagero em pessoa, às vezes me irritava.

- Cacete Angel. – A chamei pelo apelido e ela ergue os olhos, um ex-namorado dela a chamava assim e ela odiava. – Parece até que te contei o desempenho dele na cama. – Disse com desdém e ela arregalou os olhos. Não, isso é um mau sinal.