Capítulo 37

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Senti minha garganta seca, falta de ar. Tentei gritar ao lembrar-me do Tiago. Me debatia até sentir alguém me acalmar e a voz suave do Miguel invadir minha audição. Abri lentamente meus olhos e ali estava ele me abraçando e beijando minha cabeça. Percebi um lugar branco e lembrei da última vez que estive acordada. Estava no hospital.

- Você está bem? – Perguntei com a voz falha, estava preocupado.

- Fiquei melhor agora com você acordada. – Seus olhos marejados e o sorriso enorme no rosto. Sorri ao ver que ele estava ali, comigo.

- Pedro Henrique, como ele está? – Perguntei preocupada, lembrando que depois que Tiago fugiu, o deixou só.

- Nosso filho está bem, está com Ângela e Henrique. – Disse. Levei minha mão ao meu ventre e ele reparou. Seu rosto foi até o local e beijou. – Nosso outro filho está bem também, amor. – Disse e suspirei.

- Alguém se machucou? – Perguntei. Miguel fez uma careta e a porta foi aberta. Era um homem com aparência de seus 40 anos vestido de branco. O médico. Ele sorri simpático ao me ver acordada.

- Está acordada, que ótimo. – Disse se aproximando com seus objetos para me avaliar. – Pelo seu prontuário, a senhorita não tem nada grave. – Disse ele medindo minha pressão.

- Senhora. – Resmungou Miguel que estava de cara fechada. Médico sorri.

- Comecei o plantão a pouco tempo. – Explicou e via meus batimentos cardíacos. – Irá ficar em observação por mais um tempo. Mas antes farei algumas perguntas. – Disse e assenti.

O médico fez algumas perguntas que, segundo ele, eram de rotina, Miguel acompanhando de cara fechada. Assim que ele saiu, Miguel resmungou algumas coisas e uma enfermeira, aparentando ter seus vinte anos entrou toda sorridente para Miguel. Ele não deu confiança, enquanto ela arrumava uma bandeja em cima de mim, corada e sem graça. Assim que ela saiu, bufei.

- O que foi? – Ainda estava emburrado, mas ajeitava algo igual um babador em meu pescoço.

- A enfermeira fez um rio de babas aqui no quarto. – Disse irônica e ele ergueu a sobrancelha.

- Ué, só você que pode ter admiradores. – Disse debochado e respirei fundo.

- O cara estava fazendo seu trabalho, e não viu a aliança em meu dedo. – Eu disse.

- Esses são os piores. – Resmungou.

- É mesmo? – Indaguei o olhando e ele xingou baixinho.

- Eu te amo mais que a minha vida, nunca olharia para outra mulher. Sou blindado a você, mas esses babacas não. – Disse sério e ri, o Miguel era ranzinzo e nunca estava errado, não há porque discutir.

- Sopa. – Disse sem empolgação quando ele resolveu dar-me na boca.

- Fica quietinha. É para seu bem e nosso filho. – Ouvir ele dizer nosso filho enchia meu peito de orgulho.

Ninguém apareceu no quarto, ninguém de conhecido. Em alguns momentos outras enfermeiras vieram ver se estava tudo bem, algumas abusadas e outras sérias. No final da tarde, o médico reapareceu. Diferente de cedo, ele estava com a fisionomia cansada e menos alegre.

- Bom, Aline, vim lhe dar sua alta. – Ele disse preenchendo suas papeladas. Nesse momento Miguel havia ido no banheiro. – Aqui estão os exames, está tudo certo com você. Também uma receita médica com medicamentos necessários. – Ele não me olhava. – Seu marido, aonde está? – Disse e me olhou.

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