Senti minha garganta seca, falta de ar. Tentei gritar ao lembrar-me do Tiago. Me debatia até sentir alguém me acalmar e a voz suave do Miguel invadir minha audição. Abri lentamente meus olhos e ali estava ele me abraçando e beijando minha cabeça. Percebi um lugar branco e lembrei da última vez que estive acordada. Estava no hospital.
- Você está bem? – Perguntei com a voz falha, estava preocupado.
- Fiquei melhor agora com você acordada. – Seus olhos marejados e o sorriso enorme no rosto. Sorri ao ver que ele estava ali, comigo.
- Pedro Henrique, como ele está? – Perguntei preocupada, lembrando que depois que Tiago fugiu, o deixou só.
- Nosso filho está bem, está com Ângela e Henrique. – Disse. Levei minha mão ao meu ventre e ele reparou. Seu rosto foi até o local e beijou. – Nosso outro filho está bem também, amor. – Disse e suspirei.
- Alguém se machucou? – Perguntei. Miguel fez uma careta e a porta foi aberta. Era um homem com aparência de seus 40 anos vestido de branco. O médico. Ele sorri simpático ao me ver acordada.
- Está acordada, que ótimo. – Disse se aproximando com seus objetos para me avaliar. – Pelo seu prontuário, a senhorita não tem nada grave. – Disse ele medindo minha pressão.
- Senhora. – Resmungou Miguel que estava de cara fechada. Médico sorri.
- Comecei o plantão a pouco tempo. – Explicou e via meus batimentos cardíacos. – Irá ficar em observação por mais um tempo. Mas antes farei algumas perguntas. – Disse e assenti.
O médico fez algumas perguntas que, segundo ele, eram de rotina, Miguel acompanhando de cara fechada. Assim que ele saiu, Miguel resmungou algumas coisas e uma enfermeira, aparentando ter seus vinte anos entrou toda sorridente para Miguel. Ele não deu confiança, enquanto ela arrumava uma bandeja em cima de mim, corada e sem graça. Assim que ela saiu, bufei.
- O que foi? – Ainda estava emburrado, mas ajeitava algo igual um babador em meu pescoço.
- A enfermeira fez um rio de babas aqui no quarto. – Disse irônica e ele ergueu a sobrancelha.
- Ué, só você que pode ter admiradores. – Disse debochado e respirei fundo.
- O cara estava fazendo seu trabalho, e não viu a aliança em meu dedo. – Eu disse.
- Esses são os piores. – Resmungou.
- É mesmo? – Indaguei o olhando e ele xingou baixinho.
- Eu te amo mais que a minha vida, nunca olharia para outra mulher. Sou blindado a você, mas esses babacas não. – Disse sério e ri, o Miguel era ranzinzo e nunca estava errado, não há porque discutir.
- Sopa. – Disse sem empolgação quando ele resolveu dar-me na boca.
- Fica quietinha. É para seu bem e nosso filho. – Ouvir ele dizer nosso filho enchia meu peito de orgulho.
Ninguém apareceu no quarto, ninguém de conhecido. Em alguns momentos outras enfermeiras vieram ver se estava tudo bem, algumas abusadas e outras sérias. No final da tarde, o médico reapareceu. Diferente de cedo, ele estava com a fisionomia cansada e menos alegre.
- Bom, Aline, vim lhe dar sua alta. – Ele disse preenchendo suas papeladas. Nesse momento Miguel havia ido no banheiro. – Aqui estão os exames, está tudo certo com você. Também uma receita médica com medicamentos necessários. – Ele não me olhava. – Seu marido, aonde está? – Disse e me olhou.
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Será Única
Romance- Você com esse cabelo preto sorriso sem jeito foi chegando perto chegou perto demais, três ou quatro dias tava tudo tão perfeito dos meus problemas eu já nem me lembrava mais. - Advinha de quem vinha essa voz rouca e malditamente sexy? Sim, do cara...