Percebi que Miguel esteve tenso durante toda a noite. Ele se virou na cama muitas vezes e olhou o celular. Ele estava preocupado com o Pedro Henrique e confesso que eu também. Percebi que ele foi dormi com o dia para nascer e arrisco em dizer que eu cochilei e levantei as sete. Estávamos em minha casa, então comecei a arrumar todos os cantos que não incluísse o quarto. Eram oito e meia quando liguei para uma pessoa conhecida da comunidade e que era vizinha do Pedro Henrique. Ela me disse que os pais não teriam aparecido em casa e então o garoto estava em sua casa. Informei que a assistente chegaria lá por volta das dez, mesmo sendo sábado.
Preparei o café, coloquei torradas e geleia na mesa. Miguel gostava de preparar seu próprio sanduiche cheio de incrementarão e então deixei as coisas a vista dele. Preparei suco de laranja e quando me sentava, ele apareceu com a cara amassada, vestido apenas um short do pijama caindo em seu quadril. Seu cabelo estava maior e bagunçado. Ele beijou minha cabeça e se sentou ao meu lado, colocando uma xícara de café.
- Dormi nada essa noite. - Admitiu após um gole.
- Eu vi, também não dormi nada. - Disse e bebi meu suco, ele me olhava.
- Sabe de algo? - Indagou e sabia do que se referia.
- Ele está na casa de uma vizinha que me informou que os pais não apareceram. - Eu respondi.
- Será que eles sabem da visita? - Perguntou.
- Creio que não, são irresponsáveis e essa não deve ser a primeira vez que o deixa sozinho. - Miguel assentiu.
- Eu vou lá ver como estão as coisas. - Ele disse pensativo.
- Vou com você. - Ele sorrio para mim.
Acabamos café e tomamos banho junto, que segundo Miguel, era para economizar tempo e água. Porem durou quase uma hora aquele banho. Saímos da minha casa, após eu arrumar minha bolsa para ficar com ele em sua casa e deixar tudo trancado. O caminho até a ONG foi em silêncio, assim que chegamos, direcionamos para a vizinha do Pedro Henrique e ele estava conversando com a assistente. Esperamos e quando acabou a conversa, Miguel foi falar com ela e eu com o menino.
- Como foi sua noite? - Perguntei após abraça-lo.
- Foi boa, a tia me deu nescal quente e eu gosto muito. - Ele disse tranquilo.
- Sua mãe não faz? - Perguntei querendo saber mais dele.
- Ela manda eu beber o leite da geladeira e muitas vezes está ruim. - Faz uma careta.
- Você conversou com aquela moça? - Perguntei apontando para a assistente social e ele olhou, depois voltou a mim.
- Sim, ela é calma e eu contei o que acontece na minha casa. - Ele disse com uma voz fraca. - Eu amo minha mãe e meu pai, mas eles não gostam de mim. - Sua voz era triste. - O pai diz que a mãe deveria ter me matado quando soube que eu viria. - Meus olhos encheram de lágrimas ao imaginar o sofrimento desse menino. E, sem perceber, eu queria cuidar dele. Queria poder dá-lo o que tive com meu pai, queria dar o carinho que ele não teve e sempre quis.
- Tudo bem? - Miguel se sentou ao meu lado na escadinha enfrente a cadeira do Pedro. O garoto estava entretido num jogo de montagem no cubo e não reparou-o.
- Sim, e as notícias? - Perguntei esperançosa.
- Ela irá leva-los a um abrigo até conseguir contato com algum familiar dele. - Ele disse e olhei para Pedrinho que ainda brincava. - Primeiro ele será levado para fazer exames e depois ela levará. Seus pais estão com um mandato para depor. - Olhei para o Miguel e ele percebeu meu olhar triste e cheio de lágrimas. - Vai dar tudo certo linda. - Ele abraçou meu ombro e beijou minha cabeça.
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Será Única
Romance- Você com esse cabelo preto sorriso sem jeito foi chegando perto chegou perto demais, três ou quatro dias tava tudo tão perfeito dos meus problemas eu já nem me lembrava mais. - Advinha de quem vinha essa voz rouca e malditamente sexy? Sim, do cara...