Capítulo 1

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Acho que uma das maiores consequências de se ser jovem, é que fazemos muitas escolhas estúpidas por achar que estamos certos sobre tudo. E na maioria das vezes, essas escolhas estúpidas podem levar a erros e esses erros a desilusões. A verdade é que quando somos jovens, vemos o mundo de maneira diferente. Por mais que queremos negar, nós acreditamos em contos de fadas, promessas e em nossos sentimentos. Acreditamos que aquele cara dos nossos sonhos vai vir e transformar a nossa vida sem graça em uma vida cheia de aventuras. Queremos experimentar coisas novas. Queremos tomar doses de sentimentos novos. Queremos engolir todas emoções de uma vez. Mas parecemos nos esquecer de que quando estamos tão consumidos por algo, acabamos nos afundando naquilo. 

***

Eu sempre costumava a dizer para mim mesma que se havia uma pessoa sortuda nessa Terra, essa pessoa seria eu. Com a idade de 12 anos, eu tinha encontrado algo que a maioria das pessoas passa a vida inteira tentando achar. Eu tinha a minha própria tão chamada salvação. Ela veio para mim na forma de Tyler Scott, dono de um sorriso lindo e irresistíveis olhos castanhos. 

As pessoas sempre costumavam a dizer que o Tyler foi feito pra ser um comediante. Talvez isso teria acontecido se as coisas não tivessem sido tão diferentes de como eu imaginava que fossem. O Tyler sempre tinha o costume de fazer as pessoas rirem com caretas hilárias e piadas bobas. Mas ocasionalmente, o que parece ser a realidade palpável não passa de uma simples ilusão bem vestida. 

É incrível como a chuva vem só quando você não quer que ela venha. Algumas coisas na vida acabam acontecendo desse mesmo jeito. Algumas coisas podem chegar quando você menos espera e depois de um tempo, você percebe que as coisas mais inesperadas são as melhores. 

Ou talvez não. 

Eu estava sentada no banco do parque por tanto tempo que a minha bunja já estava ficando adormecida. Heavy metal estava tocando através dos meus fones de ouvido e eu não conseguia escutar nada mais a não ser vozes de gente gritando. Era um daqueles dias que eu tinha brigado com os meus pais e nada parecia estar dando certo. 

O céu estava coberto de um tom claro de cinza, mas eu podia ver alguns pássaros voando por aí. E então, bem quando eu menos esperava, aconteceu. Ao som de AC/DC, eu senti pingos de chuva caírem sobre os meus ombros. Então, eu só fiz o que qualquer menina de 12 anos faria. Eu rapidamente enrolei os meus fones de ouvidos ao redor do meu mp3 e o enfiei no bolso do meu short jeans. Eu tentei encontrar um lugar para me abrigar, mas parecia que a cada segundo que passava, a chuva ficava mais forte. 

Quando eu pensava que nada podia piorar, eu senti algo bater na minha cabeça. Tudo aconteceu de uma maneira tão rápida que nem deu tempo de mim registrar. Olhei para o chão e vi uma bola azul e vermelha, aquelas que se compra em qualquer loja de brinquedos. O meu queixo se levantou quase que automaticamente quando escutei uma risada vindo de alguns metros de onde estava. 

Na minha frente, estava um garoto. A camisa branca e os shorts dele estavam completamente encharcados, e pingos de água escorriam do cabelo dele. Ele era um pouco mais alto do que eu e os olhos dele eram de uma cor que eu não podia plenamente descrever. Eram castanhos, mas não tão normais. Algo como raios dourados que se derretiam em um lindo tom de castanho. Algo que me lembrava a mistura entre cobre e mel. 

Mas o que me irritava era o fato do garoto só ficar lá, rindo da minha cara. Com raiva, eu peguei a bola do chão e mirei em direção ao rosto dele. Ele parou de rir. A chuva caía fortemente, mas isso era com o que eu menos me preocupava naquela hora. Ninguém jogava uma bola no meu rosto e saía imune. Ninguém. 

"Eu, hein." O garoto falou. "Exagerada," Ele riu, mas aquilo parecia ser uma situação nada cômica pra mim. A voz dele era parecida como a de qualquer garoto de 13 anos. 

Coisas Que Nunca Ousaria Te DizerOnde histórias criam vida. Descubra agora