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Lunna já não estava mais em si, uma transe a levava para uma necessidade maior. Sua blusa cinza estava encharcada de água e sangue, seus cabelos castanhos totalmente molhados. A água continuava a jorrar lavando o rio se sangue que se formava em volta dos três. Os corpos ainda estavam quentes e despidos arremessados ao chão de uma forma qualquer. Lunna sentia a mente tumultuada e ao mesmo tempo aliviada pelo oque havia acabado de fazer.
Levantou-se de vagar, limpando da boca o batom borrado e as gotas de sangue que estavam em suas bochechas deixando a faca cair no chão fazendo com que o barulho ecoasse na casa silenciosa. Dando passos largos desviando dos corpos Lunna caminhou em direção a entrada da sala saindo lentamente da cozinha. Sua blusa parecia formidavelmente com um vestido cobrindo suas partes intimas. Sem pensar em mais nada Lunna seguiu em direção a porta principal a abrindo e saindo na chuva descalça. Relâmpagos eram constantes no  céu quando Lunna caminhava pela rua andando sem rumo para algum lugar. Gotas de sangue pingavam de suas roupas formando um caminho de sangue que era desmanchado pela chuva. Uma luz vinha vagarosamente de longe, luz que não intimidava a garota que continuava a andar. Já era visto a imagem de um carro por completo.
Ao ver a garota notavelmente mal o motorista parou sem abrir a porta do carro. Lunna continuou andando pelo asfalto molhado com a chuva caindo por todo seu corpo.  Ela já havia dado alguns passos passando da traseira do carro quando a porta do motorista se abriu. Uma voz famíliar pronunciou o nome de Lunna.

- Lunna !!

Regina saiu do carro, colocando as mãos sobre a cabeça em uma tentativa frustada de tentar não se molhar. Lunna não parou, continuou caminhando em linha reta como se seu olhar pedisse socorro. As gotas de chuva escorriam por todo seu rosto. Sua mente não permitia que as lagrimas transbordassem também.

-Lunna espere ai.

Regina correu em meio a chuva indo em direção a Lunna e segurando seu braço a obrigando a se virar e olhá-la nos olhos.

- Lunna eu perguntei oque houve, cade suas roupas ? Porque esta aqui e porque esta assim ?

Lunna olhou intensamente Regina, puxando seu braço e tomando sua fala com ódio.

- Tudo isso foi culpa sua !

Regina não entendia oque acontecia ate olhar gotas de sangue pingando de baixo das roupas da garota tocando a poça de água que formava no asfalto. Em suas mãos uma pequena borra de sangue preenchia seus dedos que haviam segurado o braço de Lunna segundos atrás.

- Meu Deus ! Oque fizeram com você?

Lunna se virou dando de costas para Regina.

- Nada que você se preocupe.

Lunna continuou a caminhar,  não sendo impedida por Regina que naquele momento era abraçada pela dor e culpa por tudo que havia acontecido. As lagrimas escorriam dos olhos de Regina como se fosse um rio constante. Ver a sena mais dura de toda sua vida, observar sua única filha se afastando em meio a noite densa de inverno, no frio e desprotegida de todas as formas. Lunna já havia virado a esquina quando Regina deixou o peso de seu corpo tomar conta de si fazendo com que suas pernas enfraquecessem tocando o chão. Uma queda desesperada de uma mãe que não era realmente mãe.
A polícia já havia sido chamada por alguns vizinhos que notaram a casa aberta e acharam estranho a ver Lunna caminhando em meio ao temporal totalmente desorientada. Ao entrarem na casa se depararam com pegadas cobertas por sangue em direção a porta principal. Seguindo a trilha ate a cozinha podia ser visto 2 corpos próximos um ao outro já sem vida.

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