Medo

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Lunna ainda estava de cabeça baixa quando viu Matheus colocar suas mãos sobre as de Vitória. Em sua mente aquilo era desnecessário.

- E então tia, o que precisa conversar comigo?

Lunna disfarçou o medo erguendo a cabeça fingindo estar mexendo em alguma coisa.

- Te liguei varias vezes hoje, onde estava ?

Lunna notou a aparencia tímida que Matheus tinha ao olha-la nos olhos.

- Estava procurando coisas para fotografar tia, era um trabalho da faculdade. Eu havia te dito ontem.

Lunna voltou a observar Matheus sem demonstrar sentimento algum.

- Realmente você tinha me falado. Fiquei preocupada quando vi a xícara quebrada no chão da cozinha.

Lunna arrepiou-se ao lembrar que havia arremessado a xícara na parede.

- Eu me distrai e deixei cair. Fui me arrumar para realizar o trabalho e esqueci de limpar. Desculpa.

- Tudo bem queria.

Vitória sentou-se no outro sofá ao lado de Lunna.

- Não é sobre isso que quero falar com você.

Sorrindo Matheus olhou a garota que já não entendia mais nada.

- Eu e sua tia decidimos morar juntos Lunna.

Lunna não falou absolutamente nada, apenas sorriu falsamente para Matheus.

- Queria te falar antes para saber sua opinião, afinal você já passou por tanta coisa que eu..

- Que já superei tia.

Interrompeu rispidamente sua tia.

- A casa é sua tia, eu quero que você seja feliz. E espero que ele te faça feliz.

Lunna beijou o rosto da tia e levantou-se, subiu as escadas e foi para o quarto fechando a porta.

- Vitória, acho que sua sobrinha não gostou da ideia.

Matheus estava ligeiramente preocupado.

- Ela já sofreu muito amor.

Disse Vitória sentando no colo de Matheus e acariciando seu rosto.

- Lunna sofreu um abuso sexual, meu irmão e um amigo dele fizeram essa crueldade. E sua mãe os matou.

Matheus olhou assustado para Vitória.

- Não se assuste, ainda não falei o pior. Os filhos de meu irmão a culpam por isso, por seu pai estar morto.

Matheus não falou nada, apenas tirou Vitória de seu colo e dirigiu-se ate as escadas.

- Vou conversar com ela.

**

No quarto com a porta fechada porém destrancada Lunna escrevia em seu diário.

" Tenho que aprender a lidar com esse medo de ser descoberta, com essa angústia. Tia Vitória vai morar com o namorado. Espero que ele a faça feliz ou eu o faço em picadinhos. Ela foi a única a me acolher, a única a me amar. Foi dela que senti um amor de mãe. Nem mesma Regina me mostrou o que é isso. Matheus, meu caro Matheus vamos ver ate onde você vai."

Um som de alguém batendo na porta fez com que Lunna fechasse o diário e o coloca-se embaixo do colchão.

- Entra.

Lunna ficou surpresa ao ver a imagem de Matheus quando a porta se abriu.

- Podemos conversar ?

- Sim, feche a porta, por favor.

Matheus assentiu com a cabeça e fechou a porta.

- Eu queria te dizer para não ficar com medo de mim. Sei de tudo o que houve e preso muito pelo seu bem estar. Eu amo sua tia e quero fazê-la feliz.

Lunna não falou absolutamente nada apenas sorriu friamente.

- Podemos ser amigos?

Lunna levantou-se da cama e foi em direção a Matheus que estava próximo a porta. Ela era mais baixa que ele mas mesmo assim conseguia olhá-lo nos olhos perfeitamente. Abraçando o namorado de sua tia surpreendentemente Lunna abriu a porta do quarto.

- Ate a manhã, titio.

Matheus sorriu e saiu do quarto dando de costas.

- Você que tem que ter medo de mim meu querido.

Lunna sorriu e fechou vagarosamente a porta.

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