Querido Diário

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O carro já havia se afastado o suficiente de onde a polícia estava, coisa que tranquilizou Lunna.

- Eu sempre vou mentir. Entenda isso.

Cássia apesar da pouca experiência no assunto também entendia que algumas coisas eram necessárias. Principalmente quando havia matado uma pessoa.

- Por que deu seu número para aquele homem ? Ele é um policial.

Lunna sorriu por um instante deixando seu lado estrategista aparecer.

- Foi exatamente por isso. Ele vai ligar, tenho certeza ! Se fosse casado estaria usando alguma aliança se bem que um anelzinho não significa nada. Casado ou solteiro ele ira ligar. E quando ligar estarei aqui.

Cássia não entendeu absolutamente nada do que Lunna queria.

- Ainda não vi uma razão para ter feito aquilo. O trabalho da polícia é achar pessoas mortas e prender o resto da população inocente ou não esqueceu ?

- E se um policial se apaixona-se por uma... Digamos que por uma mulher que tenha matado algumas pessoas. E se ele contasse para ela como anda as investigações, os minimos detalhes. Seria uma otima forma de obter o que queremos não é ?! Sigilo !

Cássia arregalou os olhos quando Lunna dizia " algumas pessoas ".

- Você matou mais gente ? Por que meu Deus ? Pare esse carro agora.

Lunna parou o carro imediatamente em uma freada brusca que fez com que Cássia batesse a cabeça na poltrona do motorista.

- Eu fico aqui.

- Como quiser !

Demonstrando não ter se importado com a indignação da moça, Lunna entregou a bolsa de Cássia e tirou o vestido estendendo a mão para ela como se indicasse a blusa em seu corpo. A troca de roupa foi rápida e silênciosa ambas se entreolhavam em um jesto ou outro. Cássia saiu do carro olhando para a noite escura e o asfalto gelado que a esperavam, não sabia como voltar para casa sem ajuda de Lunna e como anteriormente alguém poderia querer fazer algum mal a ela. Ao se virar em busca do carro Cássia deparou-se com a cena em que Lunna dirigia pela estrada sem se importar.

- Espera !!!!

O carro parou rapidamente como se já fosse fazer tal gesto. Correndo pelo asfalto Cássia deixou que seus cabelos se soltassem. Chegando próximo a janela ela percebeu que Lunna sorria.

- Mudou rápido de ideia Cássia.

- É, mudei.

Lunna esperou que a garota contornasse o carro e adentrasse no automóvel. O tempo já havia passado e a madrugada estava próxima, eram exatamente 00:10 quando as duas retornaram o assunto.

- Quantas pessoas você matou afinal ?

Lunna não se sentia bem com a palavra matar, mas era o que ela fazia e recusar isso era impossível.

- Não matei, apenas foi uma questão de acerto de contas.

- Vingança !

Lunna a olhou por um segundo respirando fundo.

- Deixa eu te contar uma história.
Uma garota que conheci foi abusada sexualmente pelo tio e por seu amigo. Amarraram suas mãos e a violentaram no chão molhado e frio. Sua mãe nunca importou-se com seu bem estar, nunca deixou que a chama-se de mãe.

Lunna respirou fundo como se sua mente voasse.

- Ela nunca pode dar um abraço e dizer eu te amo a sua mãe, nunca houve amor. Seu abuso a deixou transtornada por alguns meses ela achava que sua vida havia acabado.

Cássia a olhava de forma angustiante.

- Bom, mas tudo mudou. Agora ela causa medo e sedução ou quem sabe a perdição.

Cássia ficou calada por alguns segundos ate recuperar o fôlego.

- Lunna, lamento !

- Não lamente por mim, lamente por eles. Esses homens miseráveis que SO nos classificam como moeda de troca. Mas deixa eu te contar uma coisa, não sou de ameaçar mas se eu for presa você vai para o cemitério assim que eu for solta se é que você me entende.

Lunna sorriu de forma assombrosa causando arrepios em Cássia que continuava a olhá-la.

- Ei, não fique com medo de mim é apenas um aviso. Relaxe !

A garota encolheu-se, notando que além de uma mulher linda Lunna também era perigosa.