Uma longa noite

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Matheus desceu as escadas indo ao encontro de Vitória que continuava sentada no sofá. A TV estava ligada o que impossibilitou Vitória ouvir quando Matheus chegava a seu lado.

- Falei com ela Vitória.

Vitória olhou para trás rapidamente.

- E então ? O que ela disse ?

Matheus sentou-se ao seu lado beijando-á na testa.

- Me chamou de tio.

Ambos sorriram momentaneamente. Pegando o controle da TV, Vitória deitou-se no colo de Matheus que acariciava seus cabelos.

- Eu sabia que ela seria meiga como sempre.

- Vou trazer minhas malas amanhã, espero que Lunna se de bem comigo.

- Lunna vai adorar você, não se preocupe.

Matheus concordou em silêncio.

**

Lunna abriu a janela do quarto para observar a calçada, uma noite tranquila e fresca como sempre. O vento fraco passava em seu rosto, seus olhos se fechavam e imagens a invadiam. Um sorriso bobo surgia em seus lábios, lembranças de quando era pequena e brincava em meio as flores do jardim. O cheiro de terra molhada, seus pés sujos de lama e sua roupa manchada de preto. Únicas lembranças boas que tinha, nada mais do que isso. Na calçada duas pessoas discutiam por algo que Lunna não conseguia entender. Ao longo da rua alguém a observava de longe, sentado em um banco ao lado de uma árvore florida. Lunna olhou atentamente forçando a visão tentando enchergar quem estava ali, a olhando. Seu corpo arrepiou-se e uma sensação ruim a invadiu. Fechando a janela com delicadeza sem nem mesmo esperar o momento em que a figura havia se levantado Lunna resolveu descer ate a cozinha e tomar um copo de água. Seu corpo estava dolorido e sua boca um pouco seca. Sua mente estava interditada e evitar pensar o máximo possível em problemas a fazia relaxar. Fechando a porta de seu quarto desceu ate a cozinha notando o silêncio que havia na casa.
Uma jarra de água já estava sobre a mesa o que a deixou curiosa. Sua tia tinha mania de limpeza e organização, jamais deixaria uma jarra daquela forma.

- Também estava com cede.

Uma voz vinda do outro lado da mesa chamou sua atenção.

- Imaginei que você estaria aqui, tia vitória jamais deixaria alguma coisa em cima da mesa dessa forma.

Lunna fez um sinal com a cabeça, indicando a jarra. Matheus sentiusse levemente corado.

- Desculpe, ainda vou me acostumar com as regras da casa.

Lunna deu um pequeno sorriso e virou-se para colocar a jarra dentro da geladeira.

- Lunna..

Chamou Matheus notando que a garota voltaria para seu quarto.

- Sim ?

- Tome a água primeiro, antes de guardá-la.

Lunna o olhou meigamente disfarçando sua raiva momentânea.

- Não estou mais com cede.

Terminando de colocar o objeto dentro da geladeira, a garota levou a mão ate a segunda prateleira pegando uma pera. Já estava de saida quando Matheus voltou a falar.

- Sei como se sente.

Lunna virou-se com um sorriso sarcástico nos lábios para repreende-lo.

- Te garanto que não.

Matheus olhou-a com curiosidade.

- Sei que seus primos não estão sendo justos com você .

Lunna franziu a sobrancelha mordendo a fruta que estava em sua mão.

- É mesmo ?

Matheus fez um sinal com a mão para que Lunna sentasse com ele na mesa.

- Sua tia me contou tudo. Eles te cupam pelo que houve. Mas não fique assim você foi a vitima e não o pai deles.

Lunna fingiu saber do que Matheus estava falando. Sentando-se na mesa como se estivesse triste olhando para ele.

- Tia vitória te contou mais alguma coisa ? Meus primos são. .

Lunna não terminou a frase e levantou-se da mesa.

- Vou para meu quarto. Boa noite tio.

Lunna beijou o rosto de Matheus e sorriu de um jeito carinhoso. A falsidade em seu olhar transbordava. Estava testando uma forma de ser convincente sem demonstrar desprezo e ele seria sua cobaia. Sua tentativa dera certo naquele momento e sua satisfação estava nas alturas. Planos formavam em sua cabeça e para ela uma conta deveria ser acertada. Já em seu quarto Lunna voltou a escrever em seu diário como antes.

" Decidi. Homens realmente me dão nojo, um nojo tão profundo que nem sei demonstrar a intensidade. Na verdade mostrei um pouquinho para Gustavo. E agora Matheus entro na minha vida e da mesma irá sair. De certa forma ele me foi útil, contou para mim inocente sobre meus próximos alvos. Eu não havia pensado nisso ainda mas não é tarde de mais para mudar os planos. Meu querido amigo, tenho vizitas a fazer.
Ass:Lunna"

Fechando o diário Lunna terminou de comer a pera jogando-se na cama. Os comentários na faculdade sobre o desaparecimento de Gustavo iriam aumentar de uma hora para outra. Um novo dia chegava e com ele o sono da garota perigo.

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