A Oração

Prólogo

Era estranho me sentir assim. Era a primeira vez em muito tempo que eu me sentía desse jeito. Eu estava completamente sozinha, triste, totalmente fora do mundo que era perfeito para mim.

-Anna?

Escutei uma voz de longe, mas não respondi. Eu estava imersa na minha própria auto-piedade.

-Anna?

Mais uma vez me chamaram e eu não respondi. Eu não tinha forças nem para ver o que queriam comigo.

-Anna Baker?

Escutei o meu sobrenome e pisquei voltando para a realidade.

-Pois não!? – respondi com a voz fraca

A recepcionista fez sinal com a cabeça para que eu entrasse em uma sala. Era a minha sexta entrevista na semana.

-Anna Baker? – perguntou uma mulher sentada em uma grande mesa de mármore
-Sim, muito prazer! – falei estendendo a mão
-Sente-se! – pediu

Sentei tentando parecer uma pessoa tranquila e feliz.

-Pode se apresentar? – ela pediu
-Claro! – respondi

Me arrumei novamente na cadeira e comecei o mesmo discurso de sempre.

-Sou Anna Baker, tenho 25 anos e sou...

Eu não podía chorar. Não naquele momento. Era uma entrevista profissional! Droga Anna! Concentre-se!

-...e sou solteira. Moro sozinha em Manhattan e sou formada em publicidade pela Universidade de Nova Iorque. – consegui continuar

A entrevista foi longa. Eu estava exausta. Muito mais psicológicamente que físicamente, confesso, mas eu precisava enfrentar tudo isso.

-Obrigada Anna, nós entraremos em contato. – disse a mulher

Saí do prédio querendo logo ir para o apart-hotel onde era meu novo endereço. Antes de ir, passei em uma pizzaria que tinha na esquina. Comprei um pedaço de pizza de muzzarela e um refrigerante.

Ao chegar no que eu poderia chamar de "lar provisório" tirei os sapatos e me joguei no sofá. E ao me jogar no sofá um filme passou pela minha cabeça.

Há duas semanas atrás eu era feliz. Eu tinha tudo. Porque tudo isso aconteceu comigo? Porque? E todas as minhas orações? E todas as orações que eu fiz pedindo para que aquela felicidade nunca acabasse?

O filme que passou pela minha cabeça era o mais triste dos filmes. O filme onde o meu grande amor destrói tudo. Onde ele não era mais o meu príncipe encantado. Ele era apenas ele e eu era apenas... eu.