O primeiro almoço.

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*Thomas POV*

Eu me considerava um cara forte e centrado até a Anna reaparecer na minha vida. Eu, de verdade, não sabia que ficaria desse jeito ao vê-la. Eu não sabia que ela ia me causar o que me causava desde quando a gente se conheceu. Eu fico nervoso, eu perco o raciocinio, eu quero beijá-la, quero abraça-la, enfim, com ela eu sou o Thomas de antigamente, o Thomas muito mais feliz.

Ficar em uma sala com ela a manhã toda era um tormento. Eu precisei fazer um esforço danado para me concentrar! Eu mal olhava para ela, senão, eu não ia conseguir avançar em nenhum tema. Cada vez que ela cruzava as pernas o meu coração palpitava e cada vez que ela sorria o meu mundo se transformava. Ela sorriu poucas vezes, claro, ela ainda me odeia e eu percebo isso. Eu mereço isso.

No almoço eu estava mais que nervoso. Levei-a em um restaurante que íamos juntos quando namorávamos. Não sei se fiz bem, mas eu queria estar lá de novo com ela. Anna ficou um pouco desconcertada quando chegou no local, porque é claro que ela lembrou onde estávamos. Conhecíamos o gerente e ele também lembrou de nós, o que nos causou uma situação muito constrangedora.

-Senhor e senhora Mackenzie, como estão? Nossa, que surpresa tê-los aquí! – disse o gerente empolgado

Anna me olhou sem entender e eu fiz a mesma cara, mas eu sabia o que o gerente quis dizer. Ele simplesmente achou que já tínhamos casado, já que na cabeça dele estávamos muito tempo juntos. Confesso que meu coração palpitou. Seria um sonho a Anna ser uma Mackenzie, mas isso não ia acontecer, porque eu mesmo destruí esse sonho.

Nós pedimos os nossos pratos e comemos em silêncio. Eu tentava puxar assunto algumas vezes, falando sobre trabalho, mas Anna dava respostas curtas. Era sempre um sim, não, talvez, pode ser...

Ela claramente não queria conversar e comecei a me sentir mal por ser uma má companhia para ela. Quando estávamos juntos ela costumava dizer que eu era a pessoa ideal para sair, para ver um filme, porque falávamos muito! No cinema sempre nos chamavam a atenção porque atrapalhávamos a sessão. Lembrei disso e automáticamente enchi os olhos de lágrima. Foi a melhor fase da minha vida.

Depois do almoço eu perguntei se Anna queria tomar um café na Starbucks. Ela recusou, mas disse que poderíamos ir se eu quisesse comprar algo lá. Como eu era viciado no local e precisava de uma boa cafeína, decidimos passar rápido por lá.

-Um frapuccino grande por favor, com bastante espuma. – pedi

Anna ficou ao meu lado observando tudo.

-Tem certeza de que não quer nada? – perguntei
-Tenho, obrigada.

Quando fui ao caixa pagar o meu pedido, Anna me acompanhou e mais uma vez passamos por uma situação constrangedora, só que dessa vez, pior.

-Olá senhor Mackenzie! Mande um abraço para a senhorita Peterson!

O gerente me viu com Anna e estranhou, por isso disse o que disse. Fiz uma cara de poucos amigos, porque Anna ficou um pouco desconcertada. Eu queria matar aquele imbecil! Falar da Suzan na frente da Anna foi demais, totalmente desnecessário, mas ele também não tinha obrigação de saber o que realmente estava acontecendo.

Anna estava distante e aquilo me matava por dentro. Nós nunca conversamos sobre o que aconteceu e agora trabalhariamos juntos todos os dias, ou seja, eu precisava resolver isso de uma vez por todas! Assim que parei o carro no estacionamento do prédio eu disse:

-Espera!

Anna ia descer do carro e eu a impedi.

-O que foi? – ela perguntou sem entender
-Anna...

Eu tomava coragem para falar.

-Thomas, você está branco! Está tudo bem?

Foi a primeira vez que ela se dirigiu a mim sem parecer que estava com ódio.

-Não. Eu não estou bem!
-Quer que eu traga uma água ou chame alguém?
-Não! Eu só quero conversar...
-Conversar?
-Anna, se vamos trabalhar juntos precisamos nos entender!
-Acho que estamos nos entendendo, não?
-Não, não estamos...

Eu olhava fixamente para ela, mas ela desviava o olhar.

-Quero que saiba que eu fui um covarde e...
-Thomas, não quero falar sobre isso!

Ela me chamou pelo primeiro nome!

-Mas eu quero! - insisti
-Mas eu não! Não vamos revirar o passado no estacionamento!

Me encostei no banco do carro e bufei. Eu tinha ódio de mim mesmo.

-Preciso pelo menos saber se está feliz e se eu causo algum tipo de desconforto para você, porque, de verdade, eu não quero que seja assim.

Ela estava visivelmente incomodada.

-Eu estou feliz e não, você não causa nenhum desconforto em mim.

Ela me olhou nos olhos para responder. Se eu não causava nenhum desconforto eu realmente não significava mais nada para ela.

-Ótimo!

Falei saindo do carro e ela me acompanhou. Eu estava puto! Puto comigo mesmo! Bravo por ter acabado com qualquer sentimento que essa mulher possa ter sentido por mim.

**

No final do expediente fui até a mesa dela para falar sobre o Happy Hour e dei de cara com Brian. Eles riam, se tocavam e eu automaticamente fiquei louco de ciúmes. Era comigo que ela costumava ser feliz assim! Brian me olhou rapidamente e se despediu de Anna, mas antes de ele sair ela disse para ele:

-Porque não vai comigo? Vamos! Eu vou me sentir deslocada!

Deslocada? Então quer dizer que se ele estivesse lá ela se sentiría melhor?

-Eu adoraría, mas deixa para a próxima! Se você for embora cedo me avisa! – ele respondeu

O que é isso hein? Logo pensei no que Adam me disse no outro dia, eles realmente pareciam muito íntimos! Brian se afastou e eu me aproximei.

-Oi! – eu disse
-Oi!
-Vamos?
-Onde será esse Happy Hour? Preciso do endereço!
-Vamos no meu carro? – ofereci
-Ah, eu prefiro ir no meu, assim eu já vou para casa direto!
-Eu deixo você aquí e você pega o seu carro, pode ser?

Ela pareceu incomodada, mas acabou aceitando. E lá fomos nós de novo, em silêncio total. Eu juro que tentei puxar assunto durante o caminho, mas não tive coragem, aliás, eu me desconcentrava com aquelas pernas tão perto de mim. Eu preciso confessar: tenho vontade de transar com ela todas as vezes que a vejo. Como era bom! Todas as vezes que fizemos foi muito bom. Não tinha aquela vez mais ou menos ou aquela vez que eu só fiz por fazer ou para satisfazer as minhas vontades como homem. TODAS as vezes eu quis fazer de verdade, por simplesmente me sentir atraído, por ama-la, por tudo.

Ao chegar no local, o restante da equipe já estava lá. Adam foi o primeiro a vir nos cumprimentar, claro, e depois eu apresentei a Anna para o resto do time. Nossa noite estava apenas começando.

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