Capítulo 46 - Benjamin

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Jaqueline sentiu-se flutuar. Ela não sabia onde estava. Não queria abrir seus olhos com medo de ver o que estava acontecendo. Sua mente estava um pouco aflita, mas percebeu que seu coração parecia tranquilo.

Seus pés tocaram o chão, mas ela ainda não abriu seus olhos. Tentou ouvir alguma coisa, mas os sons pareciam muito distantes. Ela sentiu uma mão suave em seu ombro.

– Jaqueline.

Acho que eu estou alucinando. Essa voz... não pode ser.

– Jaqueline. – chamaram-na novamente.

Jaqueline virou-se devagar e abriu seus olhos. Ela não podia acreditar no que estava vendo. Ali parados à sua frente estavam seus pais. Jaqueline abraçou sua mãe afetuosamente e, depois, seu pai.

– Que saudade de vocês!

– Estamos tão orgulhosos de você, minha filha. – falou Pierre.

– Você fez com que sua vida fosse sempre repleta de amor, dignidade e bondade para com todos que cruzaram o seu caminho. Tem uma simplicidade no coração e um amor ao próximo, que sempre lhe permitiram tratar a todos sem distinção de idade, raça ou credo. – falou Marry Anie.

Essas palavras deixaram Jaqueline muito emocionada e seus olhos se encheram de lágrimas.

– Eu não entendo porque vocês não puderam estar ao meu lado e ao lado de Elizabeth.

– Minha filha, se tivéssemos ficado ao lado de vocês, não teriam seguido o caminho que precisavam.

– Como assim, mamãe?

– Sua irmã precisava estudar pra ser professora e percorrer o caminho que a levou até o Arquipélago Narayan, conhecendo seu marido. Por outro lado, você precisava estudar medicina e chegar ao arquipélago também. Mas, se sua irmã não chegasse aqui primeiro, você não viria encontrá-la e não conheceria seu marido. Então, se eu e seu pai não tivéssemos morrido ali, naquele instante, vocês não teriam seguido esse caminho. Precisavam passar pelo que passaram para poderem cumprir suas missões de vida.

– Acho que eu entendi, mamãe. Provavelmente, se vocês não tivessem morrido aquele dia, nós ainda viveríamos em Estrasburgo e, portanto, eu e Elizabeth não teríamos estudado e trabalharíamos no vinhedo dos Dalors.

– Exatamente, minha filha! Você entendeu perfeitamente.

– Mas foi muito sofrido não ter vocês ao meu lado nos momentos de alegria ou mesmo nos de tristeza. Muitas vezes eu me sentia perdida, não sabia o que fazer, mas ai pensava em vocês e no que fariam em determinada situação... isso me ajudava a tomar minhas decisões.

– Nós tentamos lhes passar todo o nosso conhecimento no pouco tempo que ficamos com vocês.

Jaqueline de repente se deu conta do que estava acontecendo.

– Acho que eu estou sonhando. – falou Jaqueline.

– Não, minha filha. Isso não é um sonho.

– Como posso estar com vocês, mamãe? Então, se eu não estou sonhando, eu morri?

– Não! Não se preocupe. – falou Marry Anie abraçando-a.

– Você não morreu, Jaqueline. Seu espírito somente saiu de seu corpo físico, mas ainda estão ligados.

Jaqueline não conhecia o homem que falou com ela, mas a sensação era de que já estivera com ele em algum lugar, só não sabia onde. Ele tinha uma aparência jovem, pele morena, olhos cor de mel e cabelos curtos. Era alto e forte. e vestia calça e túnica brancas.

As Rosas de NarayanOnde histórias criam vida. Descubra agora