Assim que acordou, Jaqueline resolveu arrumar sua bagagem. Quando pegou seu caderno para guardar, abriu-o e começou a escrever sobre a festa, a dança com Kay e sua tristeza por ter que partir. Foi interrompida por batidas na porta. Era Elizabeth.
– Bom dia, Elizabeth! – falou Jaqueline ao abrir a porta.
– Bom dia, querida! – falou Elizabeth.
– Pelo seu sorriso, sua noite deve ter sido ótima.
– E foi mesmo! Emar é um homem muito gentil e carinhoso.
– Fico feliz por você!
– Você vai partir?
– Sim, querida! Vou voltar para Deli.
– Você não me parece muito feliz com isso, minha irmã!
– Não sei o que fazer! – falou Jaqueline sentando-se na cama.
– Abra-se comigo! O que se passa em seu coração!
– Não sei se devo! – falou Jaqueline chorando.
– O que foi que aconteceu, querida?
– Eu não quero partir, mas acho que já abusei muito da hospitalidade de todos.
– Querida, todos gostaram muito de você e acho que também ficarão tristes se você partir.
– Meu coração me diz uma coisa, mas minha razão outra.
– O que dizem?
– A razão diz para partir e não incomodar mais as pessoas aqui.
– E o coração?
– Ah, minha irmã! Acho que meu coração me pregou uma peça!
– Como assim?
– Se eu te contar um segredo, você o guardará?
– E quando foi que contei algum segredo seu? Emar, por exemplo, não sabe do seu dom de cura.
– Sério? Pensei que por ele ser seu marido, teria contado para ele.
– Eu não tenho segredos meus para ele, mas esse não diz respeito a mim. Então, não o contei. Se um dia ele tiver que saber, vai ser por você.
– Então, vou contar-lhe o que está me atormentando. Eu acho que me apaixonei por Kay.
– Você tem certeza disso?
– Quando eu o vejo, meu coração dispara. Ontem, quando dançamos a primeira vez juntos, senti um frio no estômago. E, agora, não quero partir. Queria ficar perto dele.
– Minha irmã, realmente você está apaixonada!
– Estou perdida, isso sim! Como posso cogitar a ideia dele corresponder aos meus sentimentos? Afinal, ele é o príncipe daqui e, eu, uma simples visitante, uma estrangeira.
– Quando me apaixonei por Emar, eu tive as mesmas dúvidas. Com o tempo, tive certeza do interesse dele por mim e dei um jeitinho para que ele soubesse o que eu sentia.
– O que você fez?
– Eu escrevi uma falsa carta para você, onde dizia que eu tinha um interesse por ele. Coloquei-a no meio de um livro que havia pego emprestado com ele e, então, devolvi o livro.
– E o que ele fez? – perguntou Jaqueline.
– Ele me procurou para devolver a carta e confessou que a havia lido. Falou abertamente o que sentia por mim e me convidou para um passeio, que resultou no dia de ontem. – falou Elizabeth.
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As Rosas de Narayan
Ficção HistóricaSéculo XVIII Jaqueline Rosset nasceu em uma pequena cidade ao norte da França. Ainda muito jovem descobre ser portadora de um dom especial e seu único desejo se torna usá-lo para ajudar a quem precisar. A realização desse sonho a levará a uma jornad...