Capítulo 13 - A caravana

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Já faziam dez anos que Jaqueline e Elizabeth não se encontravam, mas elas sempre se comunicavam atra­vés de cartas. Nas cartas contavam tudo o que haviam aprendido, lugares para se conhecer, davam dicas para a outra sobre como melhorar na profissão e os presentes que haviam comprado para a outra e que trocariam quando se encontrassem. Elizabeth sempre falava em suas cartas sobre as pessoas que conhecia e os pretendentes com quem saia, mas Jaqueline não, pois achava que não deveria se envolver com ninguém até encontrar seu verdadeiro amor e, enquanto isso, deveria se dedicar totalmente a sua profissão. No dia 15 de Novembro de 1800, Jaqueline ainda se encontrava em Deli, quando recebeu uma men­sagem de sua irmã:

Minha querida irmã,

Estou escrevendo para que você venha ao meu encontro, pois no dia 10 do próximo mês será o dia de meu casamento. Quando nos encontrarmos contarei os detalhes.

Estou na Ilha Bhadrar, Arquipélago Narayan, no Golfo de Bengala. Vá até Calcutá e pegue um navio para cá. Venha depressa!

Carinhosamente,

Beth

Rapidamente Jaqueline juntou suas coisas e se despediu de seus amigos. Postou quatro cartas: uma para Albert, outra para Zahra, uma para Hasayn e outra para os Ajoulais. Saindo da casa do correio, Jaqueline começou a andar pelas ruas a caminho da saída que dava para Aligarh, pensando nas coisas maravilhosas que havia aprendido ali e, já saudosa, olhava tudo a sua volta. Palácios imensos com jardins suntuosos, mo­numentos e bazares de pratarias e artesanatos. Logo à frente, um único e imenso conjunto de prédios ainda em construção que serviriam para residências e comércio.

Já na saída da cidade, encontrou alguns grupos de mercadores e resolveu perguntar-lhes para onde iam afim de arrumar companhia para a viagem. Após algumas tentativas sem sucesso, aproximou-se de um grupo e ouviu:

– Para onde vai, senhorita?

– Estou indo para Calcutá e os senhores?

– Estamos indo para lá também, buscar mercadorias. – falou um homem de uns cinquenta anos, barbas longas e grisalhas. Montado em seu cavalo, aparentava ser o chefe do grupo. – Se quiser, pode nos acom­panhar, pois é perigoso uma mulher viajar sozinha por estes caminhos.

– Ficaria muito grata, senhor. – respondeu Jaqueline, subindo no carro de bois e sentando no lugar que lhe fora oferecido.

– Qual seu nome, senhorita?

– Jaqueline Rosset e o senhor?

– Sukumar Chowdhary. E por que tão bela jovem viaja sozinha?

– Senhor Sukumar, já faz muito tempo que viajo sozinha por este mundo a fora para estudos e pesquisas.

– Posso perguntar-lhe o que faz?

– Claro, senhor! Sou médica e veterinária.

– Oh! Que beleza! Será ótimo tê-la conosco nesta viagem, pois muitas vezes meus homens e animais ficam doentes.

– Será um prazer ajudá-los. Assim, poderei retribuir a gentileza de me deixarem viajar em vossa companhia. A caravana ia atravessando as planícies sem parar, pois pretendiam chegar o mais tardar no início daquela noite em Aligarh.

O grupo de mercadores era formado por trinta homens e quatro mulheres, que sempre acompanha­vam seus maridos nas viagens para lhes preparar os alimentos. A caravana era disposta da seguinte forma: à frente ia o senhor Sukumar, o chefe; logo atrás, seis homens à cavalo; seis carroças, com três homens em cada uma; outro carroça, com as mulheres e um homem a guiando; e, por último, mais quatro homens à cavalo, que faziam a guarda. Jaqueline viajava na corraça com as outras mulheres.

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