Jaqueline acordou mais cedo aquela manhã. O sol mal havia se levantado e ela já estava vestida com a túnica branca e o gorro verde que o doutor Dari havia lhe dado. Essa roupa indicava que ela era aluna do Centro de Estudos e, assim, poderia andar livremente por suas dependências. Jaqueline lembrou-se que ainda não havia escrito para a irmã contando a novidade e resolveu fazê-lo antes que os outros acordassem.
Querida Beth,
Hoje será o meu primeiro dia como aluna do Centro de Estudos de Isfahan. E, em seis anos me formarei médica e, finalmente, realizarei meu sonho. Aqui, as mulheres não podem frequentá-lo, mas recebi um indulto do Xá, que é uma espécie de juiz supremo, por ter salvo a vida de seu filho juntamente com Albert.
Albert me falou que está apaixonado por mim e o atrevido até me deu um beijo. Mas, eu não gosto dele da forma que ele esperava. Ele está muito triste e mal conversa comigo. Espero que o tempo faça com que ele perceba que não me ama realmente e que possamos voltar a ser amigos como antes.
Eu não o amo como homem, mas como um irmão. Eu espero encontrar uma pessoa especial que faça meu coração bater mais forte assim que a ver, mas com Albert não foi assim. Espero que esteja bem, mas pela sua carta que recebi, pude perceber que está muito feliz.
Você ainda tem se encontrado com o senhor Dalors? Como estão ele e a família? Mande notícias deles. Também sinto muito a sua falta, mas eu não fico triste porque sei que um dia nos reencontraremos. Eu tenho certeza disso, minha querida irmã!
Com muito amor e carinho,
Jaque
Jaqueline selou a carta e desceu. Lá, encontrou Tarfah que arrumava a mesa para o desjejum.
– Deseja comer agora, senhorita? – perguntou Tarfah.
– Sim, Tarfah! Obrigada! – respondeu Jaqueline. Jaqueline já comia quando Albert entrou.
– Bom dia, Jaqueline! Acordou cedo!
– Bom dia, Albert! Eu não quero chegar atrasada no meu primeiro dia de aula. Já estou acordada há algum tempo.
– E como você está se sentindo?
– Ansiosa, feliz e com medo. Não sei ao certo! Meus sentimentos estão muito confusos.
– Eu sei como você se sente, mas sei que se sairá muito bem. Estudar medicina é o que você sempre quis!
– Você sabe o quanto eu gosto de medicina, Albert. Quero mostrar para todos que não importa que eu seja mulher, mas uma boa médica.
– Pode contar comigo! Se precisar de apoio ou se não entender algo, me procure!
– Claro, meu querido amigo!
– É! Eu sou seu amigo e nada vai mudar isso! – falou Albert.
– Fico feliz em ouvir isso! Eu achava que você não queria mais ser meu amigo, pois mal estava falando comigo! – falou Jaqueline.
– Nunca vou deixar de ser seu amigo! Eu só precisava de um tempo para pensar e colocar meu coração em ordem.
– E conseguiu?
– Sim! Nesta última semana, enxerguei coisas em mim que nunca havia visto antes.
– Que bom!
– Depois que conversamos aquele dia, percebi que gosto muito de você, mas o ciúmes que senti ao ver você dançando com o filho do Xá foi estranho.
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As Rosas de Narayan
Historical FictionSéculo XVIII Jaqueline Rosset nasceu em uma pequena cidade ao norte da França. Ainda muito jovem descobre ser portadora de um dom especial e seu único desejo se torna usá-lo para ajudar a quem precisar. A realização desse sonho a levará a uma jornad...