Capítulo 16 - A história do Arquipélago

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Assim que raiou o sol, Jaqueline acordou com batidas na porta. Uma das empregadas a chamava para o desjejum. Ela se trocou e foi ao encontro de sua irmã e cunhado. Eles já a aguardavam na mesa.

– Bom dia, Jaqueline! – disse Emar.

– Bom dia, meu cunhado! – ela respondeu.

– Bom dia, minha irmã! Dormiu bem? – disse Elizabeth.

– Bom dia, minha querida! Dormi muito bem, sim! – ela respondeu, querendo esconder que passará quase toda a noite lendo.

– Eu e Emar vamos até a cidade encomendar algumas coisas urgentes para o nosso casamento. Precisa­mos fazer isso logo, pois amanhã mesmo iremos buscá-las e de lá seguiremos para a Ilha Etarh. Queremos saber se quer ir conosco?

– Acho que vou ficar aqui no castelo e aproveitar para descansar mais um pouco. Amanhã irei conhe­cê-la de qualquer forma. Vocês se importam?

– Claro que não! Como você quiser, querida!

Terminado o desjejum, Elizabeth e Emar saíram. Jaqueline voltou ao seu quarto, sentou-se na cama e puxou de cima do criado-mudo o livro sobre a história de Narayan. A capa do fino livro era de um couro macio preto e nela estava escrito 'Arquipélago Narayan – sua his­tória' e, logo abaixo, o brasão contendo o leão e o urso, o mesmo que ela vira em cima da porta principal. Na primeira página o nome do escritor: Kay Lear Narayan, 1796. Jaqueline começou a ler, muito interessada em saber como o príncipe contaria a história de seu reino:

"Há muito tempo atrás, no ano de 1510, Lear Narayan, com apenas vinte anos e cansado de trabalhar para o Imperador Baber, saiu de sua cidade Alliganph, na Índia, a procura de terras desconhecidas pelo homem.

Em uma de suas viagens, em uma pequena embarcação, foi pego de surpresa por um forte nevoeiro, que fez com que ele se perdesse. Sem ter o que comer e quase morto, Lear desmaiou, só acordando com o solavanco que seu barco deu ao encontrar terra.

Lear, meio atordoado, levantou-se, prendeu seu barco em uma pedra e saiu a caminhar a procura de alimentos. Após andar pela mata virgem por quase duas horas, Lear encontrava-se sobre um monte e, de lá, conseguiu ver árvores carregadas de frutos ao longe. Andando entre a mata, encaminhou-se para aquelas árvores, querendo saciar sua fome. De repente ele parou. Ouviu algo se mexendo na mata. Ele espiou. Era um leão. Ele caminhava em sua direção. Ele devia ter sentido seu cheiro. Lear estava congelado. Não conseguia se mexer. Não queria fazer barulho. O leão não podia ouvi-lo. O leão aproximou-se mais. Ele saltou. Ele estava avançando em Lear. Lear, sem pensar em mais nada, correu na tentativa desesperada de salvar sua vida. Ele tropeçou. Tropeçou na pata de algum animal mui­to grande. Era um urso. O urso levantou-se feroz. O leão e o urso começaram a brigar entre si. Muito barulho no ar. Lear subiu em uma árvore e ficou olhando o duelo. Havia muito sangue. O leão estava ferido nas costas. O urso estava ferido na barriga. Eles estavam se matando. O silêncio. Lear via aquela cena e não podia acreditar. Ambos, leão e urso, estavam mortos. Lear respirou aliviado. Finalmente, ele poderia descer da árvore em que se encontrava. Ele correu até onde os corpos dos animais se encontravam. Ele desembainhou sua faca e começou a retirar a pele dos animais. Cortou um pedaço de carne de cada animal e voltou em direção a praia. Já na praia, ele estendeu as peles dos animais para secar. Elas lhe serviriam como coberta a noite. Sem ligar para a carne crua, começou a comer.

Depois de ter descansado, Lear recolheu alguns troncos de árvore e fez uma cabana para lhe proteger do vento. Colocando ao chão uma das peles e usando a outra para se cobrir, Lear dormiu. Ao acordar no dia seguinte, saiu para explorar aquela terra desconhecida. Após longa caminhada na praia, ele voltou ao ponto onde estava sua cabana. Ele estava em uma ilha. Ao percorrer esse caminho, havia visto outras ilhas e deciciu explorá-las outro dia. Ele entrou na mata para buscar comida e, sem encontrar perigo, retornou com alimentos que durariam dias.

As Rosas de NarayanOnde histórias criam vida. Descubra agora