Capítulo 48 - Continuidade

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O  ano era 1812. Jaqueline andava por um estreito caminho de pedras ladeado por jardins de rosas vermelhas e brancas, que formavam desenhos em ziguezague. No final deste caminho, encontrava-se uma espécie de sacada. Nela, havia uma mesa de madeira com quatro cadeiras também de madeira cobertas com uma espécie de guarda-sol. Na frente e ao lado direito da sacada havia uma cerca branca de proteção; ao lado esquerdo, uma escada de pedras que levava até uma pequena praia de areia clara e fina. A praia era ladeada por dois grandes muros rochosos e, em um deles, dava para se ver uma gruta. O mar era de uma água límpida e cristalina.

Jaqueline se aproximou da cerca da sacada e lá ficou admirando as ondas quebrando na praia. Ao longe, um pequeno barco navegava rodeando uma pequena ilha inabitada. O céu estava avermelhado, com lindos tons de laranja e rosa. Uma brisa suave e morna lhe acariciava o rosto e muitos pássaros cantavam nas árvores.

Jaqueline estava ali esperando. Ela sentia seu coração acelerado. Ela olhou para a praia e viu um lindo cavalo negro com um homem montado. Eles galopavam rapidamente em direção a escada. Ela se sentiu muito feliz ao vê-los.

O homem parou o cavalo perto da escada de pedra e desmontou. Ele subiu lentamente a escada e Jaqueline o acompanhou com os olhos. Ele se aproximou dela e a abraçou. Era Kay. Juntos e abraçados, permanecem ali olhando o pôr do sol. O sol parecia mergulhar no mar. Logo após ele sumir, de mãos dadas, eles voltaram pelo caminho de pedras até o castelo.

Dentro do castelo, eles foram para a sala. A lareira estava acesa e podiam sentir um cheiro de comida no ar. Kay se aproximou de uma mesa de centro, onde se encontrava uma garrafa de vinho e serviu-lhes. Jaqueline se acomodou em uma grande almofada perto da lareira e ele lhe entregou a taça, saindo logo em seguida. Jaqueline ficou ali olhando a madeira queimar na lareira.

Kay retornou trazendo uma bandeja com pães e frios e se sentou ao lado dela. Ficaram ali durante horas, conversando e trocando juras de amor.

Ouviram risadas e as crianças entraram correndo. Elas tinham passado a semana no castelo do avô.

– Boa noite, papai. Boa noite, mamãe. – falaram elas.

– Contem como foi essa semana. O que fizeram de bom?

– Eu estudei e o vovô me ensinou a manejar a espada. – falou Learzinho.

– A tia Eliá foi nos visitar e me ensinou a tocar uma música no piano. Posso tocar para você depois? – falou Anie.

– Sim, minha filha. Amanhã você a tocará para mim.

– E você, J.P.? – perguntou Kay.

– O vovô falou que eu sou muito novo para usar a espada, mas quando eu for mais velho, ele vai me ensinar. Então, eu fiquei brincando e lendo na biblioteca. Ele tem um montão de livros.

– E você gosta de ler?

– Muito, mamãe! Se puder, quero ler todos.

– Por falar em ler, mamãe, você vai terminar de ler aquele livro para nós? – perguntou Anie.

– Eu terminarei de ler assim que vocês estiverem em suas camas e prontos para dormir.

– Oba! – falou Anie ao sair correndo.

Anie foi seguida por Learzinho e Jean Pierre.

Já prontos e em suas camas, Jaqueline sentou-se em uma cadeira próximo a cama deles e lia as últimas páginas do livro.

Ao terminar de ler, Jaqueline fechou o livro.

– Mamãe, a história desse livro é muito bonita. – falou Anie.

– Eu também gostei bastante. – falou Jean Pierre bocejando.

– Agora vamos dormir que já está tarde.

Jaqueline levantou-se e foi em direção a porta.

– Mamãe, a moça do livro se chama Jaqueline também e o moço Kay, como o papai.

– Sim, Anie.

– Este livro fala sobre vocês?

– Sim. Este livro conta a minha história e a de seu pai.

– E foi você quem o escreveu?

– Sim, pequena.

– Mas então a história do livro ainda não acabou?

– Realmente não acabou.

– E quem vai escrevê-la daqui para a frente?

– A continuidade desta história quem escreverá serão cada um de vocês, com a história de suas vidas.

– Eu vou escrever, mamãe! – falou Anie.

– Eu também. – falou Learzinho e Jean Pierre.

– Boa noite, crianças.

– Boa noite, mamãe. – responderam eles.

Jaqueline saiu do quarto abraçando o livro. Ela desceu até a biblioteca para guardá-lo na estante, onde havia um lugar especial destinado a ele. Chegando lá, Jaqueline passou a mão sobre a capa sentindo os relevos, em uma espécie de carinho. O livro tinha uma linda capa de couro vermelha e o símbolo do Arquipélago de Narayan estampado em dourado na capa. Em uma letra rebuscada podia-se ler As Rosas de Narayan.

Jaqueline colocou o livro na estante e subiu para seu quarto, onde Kay a esperava para dormirem. Ela trocou de roupa, colocando uma camisola de seda azul e deitou-se. Kay aconchegou-se nela, abraçando-a.

– Boa noite, minha princesa. – sussurrou ele em seu ouvido.

– Boa noite, meu amor.

E Jaqueline logo estava dormindo profundamente e sonhando mais uma vez com o seu futuro.

As Rosas de NarayanOnde histórias criam vida. Descubra agora