Capítulo 7: massa à bolonhesa

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Acordei de manhã e fiquei a olhar para o teto do quarto onde me encontrava. Demorei uns segundos a lembrar-me da noite passada e por conseguinte de todo o dia anterior.

Ao lembrar-me da Rose comecei a sentir lágrimas  nos olhos e todos os acontecimentos do dia anterior vieram-me à cabeça: a discussão, o rapto, as sirenes, as luzes vermelhas e azuis a piscarem, o Jake... Jake! Decidi levantar-me e ir ver como é que ele está, afinal eu não sou a única a sofrer no meio disto tudo.

Saí do quarto e fui andando até à cozinha. Quando cheguei lá vi o James a cozinhar e quando ele me olhou nos olhos deparei-me com eles inchados e vermelhos típicos de alguém que esteve a chorar:

- Bom dia! Fiz-te o pequeno-almoço. São panquecas, as tuas preferidas, com mel e tens aí um café acabadinho de fazer! - ele disse com um sorriso no rosto que não correspondia aos olhos que estavam perante mim.

- Obrigada tem ótimo aspeto! Dormiste bem ontem á noite?

- Mais ao menos... Não consegui deixar de pensar na Rosie mas já deves ter reparado nisso visto que os meus olhos não estão no seu melhor...- ele deu um pequeno sorriso e eu sorri também. - Mas tirando isso dormi bem. Antes que me esqueça: a polícia vem cá depois do almoço fazer umas perguntas sobre o rapto e o teu irmão ligou para saber como é que estavas. Como ainda estavas a dormir ele disse que ligava mais tarde.

- Ok muito obrigada Jake. - respondi.

Apesar de não me apetecer, depois do pequeno almoço fui arranjar-me para quando a polícia chegar. Assim que acabei decidi ir fazer o almoço já que o Jake tinha feito o pequeno almoço e por isso, enquanto ele tomava banho eu fui para a cozinha preparar a minha massa à bolonhesa especial.

Comecei a preparar tudo e pus ao lume. Aquele cheiro lembrou-me dá Rosie, ela adora massa à bolonhesa e da última vez que fiz foi especialmente para ela...

Flashback on:

Estava a preparar o almoço. Hum massa à bolonhesa, a Rosie vai adorar.

- Hum que cheirinho! - o meu marido, Tom, entrou na cozinha e abraçou-me por trás.

- Obrigada, estou a fazer massa à bolonhesa. - respondi.

- A Rose vai adorar.

- O que é que eu vou adorar?- a Rose entrou de repente na cozinha mas acho que ela descobriu sozinha do que é que nós estávamos a falar - massa à bolonhesa? Yes! Obrigada mãe!

Ela abraçou-me e depois ficou a observar a massa a cozer.

- Mãe tenho uma coisa para te contar.- ela disse e eu olhei logo para ela.

- Claro querida! Está tudo bem?

- Sim, aliás está ótimo! Queria dizer-te que tive 17 a matemática. - ela disse com um grande sorriso na cara e eu não consegui esconder o meu. Nas últimas semanas, a Rose anda um pouco distraída e "rebelde" e as notas dela chegaram mesmo a descer por causa das más companhias com quem ela anda, e é claro por causa do Dylan.

No meu tempo o rapaz mais popular da escola era o pai da Rose, um rapaz querido, inteligente, lindo e muito cavalheiro, agora a definição de popular é Dylan: um rapaz loiro de olhos pretos, alto e musculoso devido ao facto de praticar muito desporto. Apesar de ser giro, é muito mulherengo e um estúpido na minha opinião. Não é muito inteligente, aliás já chumbou no 11°ano e por isso é que a Rosie se dá com ele, porque estão no mesmo ano.

- Muitos parabéns querida! Estou tão feliz por voltares a ser a minha Rosie, inteligente e linda!

- Obrigada mãe! Olha eu vou para o meu quarto, quando o almoço estiveram pronto avisa-me! - assenti e ela saiu da cozinha.

Flashback off

2 semanas mais tarde descobri que ela me tinha mentido e na verdade tinha tido 11 a matemática. Obvio que ela ficou de castigo.

Sempre suspeitei que isso fosse culpa do Dylan, e ainda suspeito.

Quando dei por mim estava a chorar ao lembrar-me do abraço que ela me deu naquele dia. Sinceramente, preferia que ela descesse as notas todas a continuar desaparecida.

De repente senti dois braços a agarrarem-me com força de modo a formar um abraço muito apertado. Virei-me para o Jake e ele sussurou-me ao ouvido:

- Adoro massa à bolonhesa.- eu sorri e depois olhei para os olhos dele.

Nós estávamos muito próximos, aliás acho que se eu me levantasse um bocadinho para ficar da mesma altura que ele nós nos beijávamos. Mas em vez disse foi ele que se pôs lentamente da minha altura. Eu já sentia a sua respiração quente e então ouviu-se a campainha a tocar. Separámos-nos rapidamente e eu fui abrir a porta e deparei-me com 2 agentes da polícia. Ainda não tínhamos almoçado mas mesmo assim, tanto eu como o Jake respondemos a todas as suas perguntas.

Quando as perguntas se acabaram eles saíram e eu fiquei a pensar no quase beijo que foi interrompido por dois polícias que queriam fazer-me perguntas sobre o rapto da minha filha. É, a minha vida não poderia ser mais estranha.

O ladrão de floresOnde histórias criam vida. Descubra agora