Presente:
- Temos polícias em todas as saídas e a 20 metros daqui, escondidos entre as árvores caso ele fuja. - o polícia encarregado do caso explica, enquanto apontava para os lugares indicados.- Nunca estivemos tão próximos... É desta que encontramos a vossa filha!
Espero que sim. Pensei. Dirigi-me até a uns polícias que estavam à volta de um computador, com um olhar confuso.
- Que estranho... O scanner não deteta calor dentro da fábrica...- um dos polícias disse, para o outro.
- Deve ser por ainda ser cedo. A entrega só deve acontecer daqui a 20 minutos por isso...- deixei de ouvir a partir daí e foquei-me no barulho de uma moto, ao longe, e o Mason a sair dela e a posicionar-se no local pretendido. Mas algo não estava bem. Por que é que eles aceitaram tão rapidamente? Gente desta deve saber em quem deve ou não confiar então... Qual o problema de depositar logo na conta? Isto não me cheira nada bem! Foi quando me lembrei...
- Tirem todos os homens do terreno! Isto é uma armadilha! - comecei a gritar.
- Mia?! O que é que estás para aí a dizer?! - o James perguntou-me, perplexo.
- Jake, ouve-me! Os principais constituintes das espumas de barbear são a trietanolamina, o ácido, o isobutano, o propano e o metilparabeno! - ele olhou para mim confuso.
- E o que é que tem...?
- São altamente inflamáveis quando expostos a uma fonte de calor...- fui interrompida pelo barulho de uma explosão e tudo a ficar quente de repente.
O meu corpo foi de encontro ao do James, que me abraçou e nos agachou, de modo a proteger-nos da explosão. Os vidros do carros, devido ao calor e à pressão libertada, explodiram todos, assustando-nos ainda mais. A adrenalina era tanta que no lugar dos sons ficou um pi ensurdecedor. As luzes estavam embaciadas, as coisas à minha volta aconteciam em câmara lenta e o cheiro a queimado pairava no ar. Vi a boca do Jake abrir e fechar mas não conseguia perceber o que é que ele me estava a tentar dizer. Aos poucos, as imagens, antes desfocadas, voltaram a ganhar forma e os sons voltaram, mesmo a tempo de ouvir as ambulâncias e os bombeiros a chegarem.
-... Mia! Mia, tens de te levantar, temos de sair daqui amor! Não estamos seguros, vamos! - tentava levantar-me mas sem êxito. O James pareceu reparar porque me ajudou a levantar e pôs um dos meus braços em cima dos seus ombros. Olhei mais uma vez em volta: as chamas consumiam o edifício e as árvores mais próximas da explosão; vários corpos espalhados no chão, numa clara tentativa de se levantarem (sem êxito), mas um corpo em especial não chamava por ajuda, não se tentava levantar... Mason! Ele estava mesmo em frente à fábrica quando a explosão aconteceu e não tivera hipóteses de fugir. O Mason morrera,... E nem sinal da minha filha.
*****
Após dar-mos o nosso relatório dos acontecimentos aos polícias, dirigimo-nos para casa. Precisava urgentemente de um banho mas naquele momento não era isso que me interessava.
- Estávamos tão próximos...- ouvi o James sussurrar. Coloquei a minha mão em cima da sua perna, para lhe mostrar o meu apoio e vi-o sorrir.
- Vamos encontrá-la, mais cedo ou mais tarde. - ele concordou e assim que chegamos a casa, eu fui logo tomar um banho para tirar o cheiro a queimado do meu corpo.
- Mia! - ouvi o Jake chamar-me assim que acabei de me vestir.- tens uma visita.
Salvador. Pensei. Mas enganei-me totalmente.
- Tom? O que é estás aqui a fazer? - perguntei perplexa para o meu marido, que se encontrava na sala a lançar olhares de morte para o James.
- Amor! Estava tão preocupado contigo! Vi nas notícias o que aconteceu e vim a correr para aqui... Tive tantas saudades tuas! - ele veio até mim e beijou-me desesperadamente, uma tentativa óbvia de provocar o James, mas quando olhei para este, depois daquela ceninha de ciúmes, reparei que ele estava demasiado pensativo para reparar em qualquer coisa.
- Bom, pois foi assustador mas agora está tudo bem! Não precisas de te preocupar! - descansei-o. - Só gostava era de ter aqui a Rosie...
- Oh Mia! Não fiques assim. Vamos encontrá-la.- ele descansou-me.
- Obrigada Tom. Bom já está a ficar tarde... Tu vais voltar para casa ou vais ficar num hotel? - perguntei-lhe.
- Nós vamos para casa. - ele respondeu.
- Nós? Não Tom, eu vou ficar aqui com o James até encontrar-mos a Rose.
- Como assim?! Pensei que o teu marido fosse eu!
- E és! Isso nem se questiona, mas o que é que isso tem haver com o facto de eu querer ficar na casa do pai da minha filha para a tentar-mos encontrar?! - ele não respondeu. - olha Tom, acho melhore ires embora. Amanhã falamos. - despedi-me dele, que ficou furioso por eu não ir com ele, e voltei para dentro.
- Mia, devias ter ido com ele. Eu não sou nada teu, já ele é o teu marido, por isso...- calei-o juntando os nossos lábios.
- O Tom não manda em mim. Eu estou aqui para que encontremos a nossa filha, e ele não me pode tirar esse direito.
*****
Acordei a meio da noite cheia de sede, tal como costuma acontecer quase sempre. Levantei-me e dirigi-me à cozinha. A casa estava silenciosa, demasiado silenciosa, nem se ouvia o leve ressonar do James. Estranhei, por isso quando estava a voltar para o meu quarto, parei no do meu ex-marido e reparei que a porta estava entre-aberta. Espreitei e um arrepio tomou conta do meu corpo. O quarto estava vazio. A casa estava vazia. O James tinha desaparecido.
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O ladrão de flores
Любовные романыQuando a sua única filha, Rose, é raptada, Mia vê-se obrigada a falar com o seu ex-marido, James, com quem já não falava à 6 anos. Ao vê-lo após tantos anos, Mia começa a relembrar-se dos bons momentos que passaram juntos enquanto eram casados. Será...