Capítulo 27: Tom?

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6 anos atrás:

- E depois o Kay disse: aposto que não consegues subir àquela árvore e eu disse: aí consigo pois. E então eu subi à árvore e todos me aplaudiram e ainda recebi um chocolate do Kay! - a minha filha conta-me entusiasmada o seu dia enquanto vimos às compras.

- Gosto da ideia de mostrares que és melhor que os rapazes filha, mas tens de ter cuidado para não te magoares. - ela assentiu e continuámos à procura das coisas que eram precisas comprar.

- Filha vais querer os mesmos cereais da outra vez ou estes no...- não pude acabar de falar porque fui interrompida pelo barulho de um carrinho de compras a chocar contra o meu.

- Peço imensa... Mia?! - a pessoa disse e eu olhei para o dono daquela voz que eu conhecia tão bem.

- Tom! - abraçamos-nos. Ele continuava igualzinho à exceção de uma tatuagem no pescoço. Olhei para a Rose, que me olhava perdida. - Filha, este é o Tom, um grande amigo da mãe. Tom, esta é a Rose, a minha filha.

- Muito prazer Rosie! - ela sorriu envergonhada. - Ela é igualzinha ao James...- ele exclamou.

- Pois é...

- Por falar nele: como é que está a vossa relação? - ele perguntou, interessado.

- Hum, na verdade nós divorciamos-nos à uns meses.

- Lamento muito! - ele disse, não parecendo muito surpreso. - Eu achava mesmo que vocês iam ficar juntos para sempre!

- Pois parece que essa frase só se aplica aos contos da Disney...

- Hey que tal jantarmos hoje à noite e tu contas-me como tem sido a tua vida estes anos? - ele perguntou-me.

- Claro eu ia adorar! A Rose hoje vai dormir com pai por isso...

- Perfeito! Então está combinado! Passo em tua casa ás 19h.

*****

- Não acredito nisto! - ria-me, enquanto jantávamos em sua casa.

- Eu também não acreditei quando aconteceu. - ele riu-se também.

- Isso é o que dá afastares-te da tua melhor amiga! Se tivéssemos continuado amigos isso não acontecia!

- Tens razão, se eu pudesse voltar atrás no tempo, eu jamais me teria afastado de ti, mas agora vamos pensar em coisas felizes, como...- ele pegou num pequeno comando e ligou o rádio. - Dá-me a honra desta dança?

Ri um pouco com a forma como ele pediu, mas logo aceitei.

- Tive tantas saudades tuas Tom...- descansei a cabeça no seu ombro.

- Shh não penses nisso agora...-ele abraçou-me mais contra si. E assim foi passada a nossa noite.

A partir desse dia, eu e o Tom passámos a encontrar-nos regularmente e, eventualmente, acabamos por reconstruir a nossa amizade perdida e até mais do que uma amizade, por isso, quando ele me pediu em casamento, não hesitei na resposta, apesar de ter sempre em mente o James. Mas nem tudo era um mar de rosas... Rose não gostava do Tom e fazia questão de o demonstrar consecutivamente. E ele, apesar de não mo dizer pessoalmente, sabia que também tinha problemas com a minha filha. Quando dei por mim já tinham passado 6 anos: a minha filhinha querida já não era assim tão pequenina e tinha os seus ataques de rebeldia, como quando saía à noite com o Dylan - seu namorado - para ir a festas. Felizmente havia o Kay para lhe por algum juízo na cabeça, mas ás vezes, quando nem o melhor amigo daquela rapariga chegava, era necessário a intervenção do Tom, e lá se iniciava outra discussão.

Naquele dia, com o intuito de restaurar a harmonia daquela família, decidimos fazer um passeio, no qual a Rose não parou de me implorar para ir à "melhor festa do ano":

- Mas mãe eu TENHO que ir àquela festa na sexta-feira! Toda a gente vai lá estar, incluindo o Dylan, e tu sabes que eu gosto dele desde o 7° ano! - a minha filha de 16 anos encara-me com os seus olhos verdes a brilhar, enquanto me implora para ir a uma festa de uns colegas dela cujo os pais eu nem conheço.

- Não Rose! Já te disse que nunca te vou deixar ir a uma festa dessas sem eu conhecer os pais da anfitriã, e claro que nem penses que te deixo ir para uma casa no meio do nada e a 20 Km de qualquer habitação ás 23h entendido minha menina! - digo, já ficando cansada daquela conversa.

- Mas mãe... - ela é interrompida por Tom.

- Não ouviste a tua mãe?Acabou aqui a conversa, a menina não vai à festa e acabou!

- Hurgh! Odeio-vos e odeio não poder ir à melhor festa do ano! - ela grita, e apesar de eu saber que aquela reação é momentânea e que ela não sente mesmo aquilo em relação a nós, o meu coração aperta-se. Olho para Tom que tem uma expressão sorridente no rosto por ter conseguido o que queria - proibi-la de ir à tal festa - pelo canto do olho vejo Rose a bater com os pés no chão enquanto caminha para um dos bancos.

- Não precisavas de ter sido tão rud... - sou interrompida pelo grito assustado de uma rapariga, mas não era uma rapariga qualquer, era a minha Rosie que estava a ser transportada num dos ombros de um homem alto, com cabelo preto e moreno.

- ROSIE! - eu grito a plenos pulmões enquanto corro em direção ao misterioso homem que corre com um grande avanço - ALGUÉM ME AJUDE!

É tarde de mais. Não acredito. O homem atirou a Rose para o porta bagagens de um carro cinzento escuro e ele próprio entrou para o lugar do condutor, arrancando a toda a velocidade e deixando-me em choque no local onde antes estava o carro. Não. Rose. O que é que eu fiz.

- Mia tem calma, a polícia já vem a caminho - Tom abraça-me e limpa-me as lágrimas que escorrem pelo meu rosto.

Não...

O ladrão de floresOnde histórias criam vida. Descubra agora