Capítulo 14: Kay

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Acordei com a campainha a tocar. Levantei-me muito lentamente pois estava exausta e só depois reparei nas horas: 7:34. Quem é que estaria a bater à porta a estas horas?

Fui abrir a porta e só depois é que reparei em quem é que estava à minha frente: Kay, o melhor amigo da Rose. Com tudo o que se passou nem me lembrei de ir ver como é que ele estava.

- É verdade? - ele perguntou. Os seus olhos estavam marejadas de lágrimas e ele olhava-me muito sério. Ele, que nunca ficava sério, que estava sempre a fazer brincadeiras.

- Kay...- ele interrompeu-me.

- Não acredito! A Rose desapareceu mesmo? - nesta altura ele já estava a chorar.

- Sim Kay...- eu comecei também a chorar. Instintivamente abracei-o e ele chorou ainda mais. De repente senti mais alguém a juntar-se ao abraço.

- Vamos encontrá-la Kay, a nossa menina é muito forte e inteligente...- o James disse, numa tentativa de o acalmar. 

- A Rose não pode desaparecer... ela... ela não pode...- ele continuava a chorar.

- Shh ela vai aparecer...- tranquilizei-o.

Ficamos mais alguns segundos abraçados e depois sentamos-nós no sofá.

2 horas depois:

Acordei e reparei que adormeci no sofá juntamente com o James e com o Kay, mas estes ainda dormiam. Decidi levantar-me e ir preparar o pequeno-almoço.

Depois de estar tudo pronto voltei para a sala e os dois ainda dormiam na mesma posição em que estavam quando saí. Fiquei a apreciar as suas feições angelicais enquanto dormiam mas fui interrompida pelo meu telemóvel a tocar. Olhei para o visor e reparei que o nº não estava registado:

Chamada on:

Eu: Estou?
Ninguém respondeu.
Eu: Estou?? Quem fala?
xxx: Mia? - a voz do outro lado respondeu e só depois percebi quem era.
Eu: Ah Salvador! És tu!
Salvador: Desculpa, não tinha reparado que já tinhas atendido então não respondi.
Eu: Tudo bem, não faz mal. Estás a ligar do telemóvel de quem?
Salvador: Do meu, de quem é que havia de ser!
Eu: Ah desculpa, o meu telemóvel anda um pouco estranho, preciso de arranjar um novo...
Salvador: Ok... Olha Mia, é só para avisar de que vocês vêm cá jantar.
Eu: Tenho escolha?
Salvador: Sabes bem que não! Além disso a Joanna e a Gracie estão cheias de saudades tuas!
Eu: Tudo bem, vemos-nos ás 19h?
Salvador: Está perfeito! Até logo Mia!
Eu: Até logo.

Chamada off

Decidi que já estava na hora de ir acordar os rapazes para tomarmos o pequeno - almoço. Assim o fiz: os dois ficaram muito espantados por lhes ter preparado a refeição e devoraram aquilo num instante.

O Kay parecia muito melhor, já não estava a chorar e as piadas já voltavam a ser mais frequentes. Se ao menos a Rose estivesse apaixonada pelo Kay e não por aquele Dylan. Eu sempre soube que o Kay estava apaixonado pela Rosie, mas ele nunca admitiu e ela acabou a namorar com o Dylan. O Kay, ao contrário do outro, era querido e preocupava-se com o bem estar da minha filha, daí ter ficado tão preocupado com ela.

- Mia? Ouviste alguma coisa do que eu disse? - fui interrompida dos meus pensamentos pelo James a olhar-me fixamente com os seus lindos olhos verdes... Mas o que é que eu estou para aqui a falar?

- Não desculpa Jake, estava distraída...- desculpei-me.

- Eu perguntei se querias ir à esquadra da polícia para ver se à avanços ou novidades. - ele repetiu.

- Sim claro! Acho uma ótima ideia!

- Também posso ir? - o Kay perguntou um pouco nervoso.

- Mas é claro querido! Só tens de pedir aos teus pais.- eu respondi-lhe com um pequeno sorriso.

- Então vamos arranjar-nos. - foi a vez do James falar.

**********

- Mais uma vez nada! Começo a achar que eles não se estão a esforçar o suficiente!

- Tem calma Mia, vai ficar tudo bem, eles vão encontrá-la...- o James disse.

Tínhamos acabado de vir da esquadra e nada, nem uma novidade sobre o paradeiro da minha menina. Eu estava prestes a desabar em lágrimas e acho que o James percebeu isso porque me puxou para um abraço, ao qual eu retribui. Ficamos assim durante alguns minutos, até que sinto o meu queixo a ser levantado, o que me fez olhar diretamente nos olhos do homem na minha frente. Nós estávamos próximos, demasiado próximos, era demasiado contacto físico, uma autêntica invasão do espaço pessoal um do outro... mas eu não queria saber, estava-me a saber tão bem estar ali, e juro que podia ficar a encarar aqueles lindos olhos verdes para o resto da minha vida... até que aconteceu. Não devia ter acontecido, mas era inevitável. O Jake beijou-me. Mil sensações passaram pelo meu corpo, as famosas borboletas no meu estômago voltaram, aquelas que só ele me conseguia provocar. Aquilo era tão errado, mas tão certo ao mesmo tempo. Por uns breves momentos achei que estava a fazer a coisa certa, que não me estava a enganar a mim própria... Como é que uma coisa tão errada pode saber tão bem? Só quando nos separámos é que me apercebi daquilo que tinha acontecido. O James beijou-me. E eu retribuí. E eu gostei.

Aquilo estava a ficar demasiado constrangedor, nós estávamos a encarar-nos no mais absoluto silêncio, o qual nenhum dos dois se atrevia a quebrar. Tive de ser eu a tomar a iniciativa.

- O... o meu irmão... convidou-nos para irmos jantar... a-a casa dele, é-é melhor ir arranjar-me...

- Mia espera...- quando eu já estava a ir em direção ao corredor ele agarrou-me o braço, mas sem me magoar.- Tu... estás arrependida?

Aquela pergunta apanhou-me desprevenida. Arrependida? Aquela foi a melhor sensação que eu senti desde que estava casada com o Tom... mas eu não lhe ia dizer isso.

- Não James,... estou apenas confusa...- acabei por responder.

- Ok...- ele limitou-se a responder e a ir em direção ao seu quarto, provavelmente para se arranjar para esta noite. Vai ser um longo jantar...

Continua...

O ladrão de floresOnde histórias criam vida. Descubra agora