Uma segunda-feira de outono, com folhas caindo, e um trânsito congestionado por quilômetros, pessoas irritadas, e buzinas ocupando o que deveria ser o silêncio.
Uma mulher andava apressada em meio aos carros, Ana Júlia estava atrasada, o táxi que tinha chamado foi embora com outra pessoa dentro, com isso estava mais do que irritada, e para piorar, os saltos novos a incomodavam no calcanhar dificultando a sua missão de ir mais rápido. Parou por um momento na calçada, olhou hesitante, tirar ou não o sapato?
Viu vários motoristas colocando a cabeça para fora do carro para vê -la. Esqueceu da dor, e andou como se desfilasse. Estava acostumada a ser o centro das atenções. E isso a animava.
Parou em um ponto de ônibus, olhava para as pessoas sentadas no banco, e viu em cada olhar reprovação e censura. Abaixou a cabeça. Ouviu alguém ao seu lado cochichar para alguém, ''Essa ai acha que tá abalando com essa cara de palhaça". Se sentiu pequena, mas sorriu como se não a afetasse.
Um ônibus parou no ponto, viu nos rostos dos passageiros um misto de reprovação e cobiça. Seu olhar pousou no de um homem alto, de olhos negros, ficou um tempo sustentando seu olhar, mas ele desviou os olhos e continuou a conversar com uma senhora sentada a sua frente.
Novamente ela se sentiu pequena, viu no rosto daquele homem o olhar de pena? Quão miserável ela lhe pareceu para merecer esse olhar? Suspirou. Talvez ele tenha visto a mulher patética que havia se tornado nos últimos 7 anos.
Desistiu da ideia de pegar um ônibus, esqueceu que estava atrasada, se limitou a mandar uma mensagem para seu cliente avisando que houve um imprevisto e que voltava a entrar em contato.
Tirou seus saltos e caminhou descalça pela rua.
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ENTRELAÇADOS
Любовные романыAna Júlia, Aninha ou apenas Anaju,uma mesma mulher em muitas formas. Aos 17 anos sua vida mudou drasticamente com o acidente que matou seus pais. E sua esperança. Aos vinte quatro anos sua vida caminhava da forma mais confusa possível, sua camin...