Capítulo 17

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  Ana não o deixou terminar a frase, correu para pegar as suas coisas e em menos de um minuto estava estacionada ao lado dele.

  Ele pediu um táxi, e falou para o motorista o endereço, mas Ana não conhecia muito bem o lugar, apenas sabia que era bem afastado do centro.

  -O que vamos fazer lá?

  -Espere e verá.-Exclamou Tom com um sorriso.

  Depois de quase quarenta minutos no carro, eles desceram em uma rua de terra. Ana por um momento lembrou-se da sua lista e ficou imaginando se deveria correr agora enquanto ai dá tempo de alcançar o táxi ou se devia esperar para descobrir o mistério. Claro que a curiosidade falou mais alto.

  Andaram por várias ruas, e ela foi percebendo que não era ponto de tráfico ou algo assim, era a parte rural e esquecida da cidade. As pessoas cumprimentavam Tom com total respeito e admiração, e o brilho em cada olhar a encantava.

  -Você vai cozinhar para eles?

  -Não, vou fazer algo melhor ainda.

  Eles entraram em um lugar parecido com uma igreja, mas lá dentro tinha carteiras improvisadas e uma lousa.

  Ela parou ao lado da porta e ficou em um canto o observando. Tom foi até a mesa de frente para a lousa e deixou sua mochila em cima da mesa, e com um sorriso foi saudando todos que entravam na sala.

  Eram pessoas simples, tinha naquela sala pessoas de todas as idades, Ana não se importava com a aparência ou as roupas, ela estava mesmo era notando cada sorriso estampado em cada pessoa ali dentro.

  Tom então começou a dar aula, ele falava com toda propriedade sobre variados assuntos.

  Escrevia palavras na lousa, lia trechos de livros, e explicava o sentimento do autor. E Ana então foi apresentada a Shakespeare, qua facilidade Tom tinha para fazer de palavras emoções, e de emoções experiências.

  Ana naquele momento quis ser uma autora só para que Tom interpretasse cada palavra daquela forma apaixonada com que falava.

  E depois de três horas com ele ali na frente, a aula acabou. Ana se sentia como todas as demais pessoas na sala, estava encantada com aquele homem.

  -Você é professor?

  -Não sou formado, mas sou voluntário nessa comunidade, eu ensino o que sei para as pessoas que querem aprender.

  -Você é meu ídolo!- Ana batia palmas com um sorriso enorme.

  -Você fala como se eu realmente fizesse algo genial, mas não é nada disso. Eu só quero ser útil.

  -E você é.

  Ana o abraçou, e saltitante foi falar com as crianças.

  Tom ficou quieto o caminho todo de volta. Ana por outro lado tagarela o caminho todo coisas sem sentido.

  Quando o táxi parou em frente ao prédio de Ana, ela puxou Tom para fora e dispensou o motorista.

  -O que está fazendo?

  -Te convidando para tomar uma xícara de chá comigo.

  -Mas você não me convidou!.-Tom exclamou cada palavra pausando como se tentasse lembrar.

  -Jura? Então já que está aqui, pode entrar.

  Ana não esperou uma resposta e o fez entrar sem muita cerimonia.

  Foi para a cozinha fazer café enquanto Tom se ajeitava (sem jeito) no sofá.

  Ela sentou-se ao seu lado e estendeu uma xícara, seus olhos percorriam a feição de Tom quase como um raio-x.

  -Algum problema?-Tom perguntou quando viu Ana o encarando.

  -Não, na verdade eu queria saber mais sobre quem é você.

  -Acho que se souber muito sobre mim o encantamento se quebra.

  -Posso correr o risco.

  -Não há muito para se saber sobre um homem como eu.

  -Então por que sinto que essa afirmação não é verdade?

  Tom riu. Ana o analisava profundamente, e estava ainda mais curiosa sobre o homem á sua frente, mas diante do desconforto dele resolveu por ora deixar de lado.

  Hope pulou no colo de Tom e descaradamente deitou nas pernas dele, pegando facilmente no sono.

  -Seu gato é tão atrevido quanto você!-Exclamou Tom rindo.

  -Claro, tal mãe, tal filho.

  Ana deu uma piscadela para ele. E sem disfarçar o olhava atentamente. Claro que o "deixar de lado " dela não durou mais do que cinco minutos.

  -Por que tá me olhando tanto?

  -Tom, me diz quais são seus defeitos que até agora não vi nenhum!-Ana agora o cutucava com o ombro.

  -Acredite, tenho vários.

  -Me conte mais sobre isso.-Ana apoiou o queixo na mão e esperava uma resposta.

  -Bem... eu sou uma pessoa muito dificil de se lidar...

  -Você parece mais o Romeu da vida real. Então conte outra.

  -Se fosse para eu ser um personagem...Na vida real eu seria Cyrano de Bergerac e não um Romeu.

  -Quem ?

  -Esquece.

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