Ana não o deixou terminar a frase, correu para pegar as suas coisas e em menos de um minuto estava estacionada ao lado dele.
Ele pediu um táxi, e falou para o motorista o endereço, mas Ana não conhecia muito bem o lugar, apenas sabia que era bem afastado do centro.
-O que vamos fazer lá?
-Espere e verá.-Exclamou Tom com um sorriso.
Depois de quase quarenta minutos no carro, eles desceram em uma rua de terra. Ana por um momento lembrou-se da sua lista e ficou imaginando se deveria correr agora enquanto ai dá tempo de alcançar o táxi ou se devia esperar para descobrir o mistério. Claro que a curiosidade falou mais alto.
Andaram por várias ruas, e ela foi percebendo que não era ponto de tráfico ou algo assim, era a parte rural e esquecida da cidade. As pessoas cumprimentavam Tom com total respeito e admiração, e o brilho em cada olhar a encantava.
-Você vai cozinhar para eles?
-Não, vou fazer algo melhor ainda.
Eles entraram em um lugar parecido com uma igreja, mas lá dentro tinha carteiras improvisadas e uma lousa.
Ela parou ao lado da porta e ficou em um canto o observando. Tom foi até a mesa de frente para a lousa e deixou sua mochila em cima da mesa, e com um sorriso foi saudando todos que entravam na sala.
Eram pessoas simples, tinha naquela sala pessoas de todas as idades, Ana não se importava com a aparência ou as roupas, ela estava mesmo era notando cada sorriso estampado em cada pessoa ali dentro.
Tom então começou a dar aula, ele falava com toda propriedade sobre variados assuntos.
Escrevia palavras na lousa, lia trechos de livros, e explicava o sentimento do autor. E Ana então foi apresentada a Shakespeare, qua facilidade Tom tinha para fazer de palavras emoções, e de emoções experiências.
Ana naquele momento quis ser uma autora só para que Tom interpretasse cada palavra daquela forma apaixonada com que falava.
E depois de três horas com ele ali na frente, a aula acabou. Ana se sentia como todas as demais pessoas na sala, estava encantada com aquele homem.
-Você é professor?
-Não sou formado, mas sou voluntário nessa comunidade, eu ensino o que sei para as pessoas que querem aprender.
-Você é meu ídolo!- Ana batia palmas com um sorriso enorme.
-Você fala como se eu realmente fizesse algo genial, mas não é nada disso. Eu só quero ser útil.
-E você é.
Ana o abraçou, e saltitante foi falar com as crianças.
Tom ficou quieto o caminho todo de volta. Ana por outro lado tagarela o caminho todo coisas sem sentido.
Quando o táxi parou em frente ao prédio de Ana, ela puxou Tom para fora e dispensou o motorista.
-O que está fazendo?
-Te convidando para tomar uma xícara de chá comigo.
-Mas você não me convidou!.-Tom exclamou cada palavra pausando como se tentasse lembrar.
-Jura? Então já que está aqui, pode entrar.
Ana não esperou uma resposta e o fez entrar sem muita cerimonia.
Foi para a cozinha fazer café enquanto Tom se ajeitava (sem jeito) no sofá.
Ela sentou-se ao seu lado e estendeu uma xícara, seus olhos percorriam a feição de Tom quase como um raio-x.
-Algum problema?-Tom perguntou quando viu Ana o encarando.
-Não, na verdade eu queria saber mais sobre quem é você.
-Acho que se souber muito sobre mim o encantamento se quebra.
-Posso correr o risco.
-Não há muito para se saber sobre um homem como eu.
-Então por que sinto que essa afirmação não é verdade?
Tom riu. Ana o analisava profundamente, e estava ainda mais curiosa sobre o homem á sua frente, mas diante do desconforto dele resolveu por ora deixar de lado.
Hope pulou no colo de Tom e descaradamente deitou nas pernas dele, pegando facilmente no sono.
-Seu gato é tão atrevido quanto você!-Exclamou Tom rindo.
-Claro, tal mãe, tal filho.
Ana deu uma piscadela para ele. E sem disfarçar o olhava atentamente. Claro que o "deixar de lado " dela não durou mais do que cinco minutos.
-Por que tá me olhando tanto?
-Tom, me diz quais são seus defeitos que até agora não vi nenhum!-Ana agora o cutucava com o ombro.
-Acredite, tenho vários.
-Me conte mais sobre isso.-Ana apoiou o queixo na mão e esperava uma resposta.
-Bem... eu sou uma pessoa muito dificil de se lidar...
-Você parece mais o Romeu da vida real. Então conte outra.
-Se fosse para eu ser um personagem...Na vida real eu seria Cyrano de Bergerac e não um Romeu.
-Quem ?
-Esquece.
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ENTRELAÇADOS
RomanceAna Júlia, Aninha ou apenas Anaju,uma mesma mulher em muitas formas. Aos 17 anos sua vida mudou drasticamente com o acidente que matou seus pais. E sua esperança. Aos vinte quatro anos sua vida caminhava da forma mais confusa possível, sua camin...