Capítulo 21

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Confiar, dentre todas as palavras essa era a que Ana mais se recusava á aceitar. Confiar de que as coisas melhorariam, confiar de que tudo ficaria bem, confiar de que continuariam ao seu lado, confiar... Ironicamente confiar que tudo vai dar certo é a única coisa que acha que NÃO vai acontecer. Confiar que aos 17 anos sozinha jogada no mundo por si própria a faria mais forte? Confiar de que seus pais não a abandoranaram? Confiar que tudo ia dar certo no final? Então se até agora não havia dado certo é por que não chegou no final?

Fechou os olhos por um momento, lembrou-se dos últimos anos, das saidelas com homens nojentos e asquerosos que a pagavam apenas para a exibir como troféu.

Lembrou de toda a raiva que sentia olhando as fotos dos "tempos de ouro", e quando um acidente fez tudo mudar de cabeça para baixo.

Lembrou-se de tudo, menos da útlima vez que de fato confiou.

Olhou raivosa para Tom, ele estava distraido mexendo nas panelas, habilmente mostrava que seus dotes culinários iam de pratos sofisticados até simples pipocas. E por um momento não pôde evitar o pensamento que a assolava. O que ela havia feito nesses últimos anos, que era incapaz de fazer tudo o que precisava ser feito.

Ela não era nem de longe a mulher mais esperta e inteligente, não sabia cozinhar, até poucos dias atrás não sabia para que servia uma vassoura, não tinha um curriculo plausível, não tinha cursos, e havia ganhado dinheiro de forma baixa. O que restava quando ela tirava a máscara de mulher bonita? Nada?

Ok, suspirou em derrota, o que uma mulher como eu pode fazer no futuro.

Confiar no acaso? No além? Esperar um destino bondoso mostrar o caminho?

Só esperar?

Mas Ana não queria esperar, queria agora, queria tudo agora. Queria um final feliz, alguém que amasse, que cuidasse dela, que não á visse como um rosto bonito descartável.

E então se deu conta de que as coisas por si só já estavam tomando rumos diferentes, em uma oportunidade de trabalho ela conseguiu novos amigos, perdeu Dan, e por fim, Tom estava ali bem na sua cozinha mexendo nas panelas.

Ok, não era exatamente essas mudanças que ela tinha pensado quando propôs á si mesma mudar de vida, e agora entendia que as coisas vão se acertando de acordo com pequenas escolhas. E em alguma das escolhas mal pensadas de Ana, ela chegou até ali, e em alguma outra escolha que ela ainda vai fazer chegará mais longe ainda.

Se está sofrendo, que seja por estar vivo, que seja por algumas dificuldades que ainda não sabe resolver, que seja por problemas aparentemente sem solução, que seja por qualquer coisa que prove que está vivo, porque se viver a vida tão confortavelmente quanto sua alma anseia, provavelmente será nessa comodidade que seus espirito livre deixará de viver para apenas existir. E ninguém quer apenas ser um emaranhado de gorduras existindo na imensidão do mundo.

Ela demorou um tempo para chegar á essa conclusão, tempo suficiente para que Tom terminasse seja lá o que estava fazendo, e parasse na frente de uma Ana catatônica para balançar a mão em frente aos seus olhos vagos.

E com um puxão nada delicado ela voltou a realidade, com um enorme sorriso estampando a cara, e com seus olhos verdes trasmintindo seu misto de emoções.

Misto esse que parecia mais uma salada mista dando um nó na linha de raciocinio de Ana, mas ela preferia acreditar que usar muito o cerebro as vezes deixava as conexões dando pane.

Falando em conexões sua mente vagueou para uma zona totalmente diferente, se detendo em Dan. Desde o dia do parque ele estava evitando vê-la, Ana não sabia dizer ao certo quem ele estava tentando proteger, ou o que se passava na cabeça dele, tinha a certeza pela tristeza nos olhos do amigo que cada palavra era ma facada em seu coração, mas não podia entender o por quê.

Talvez ela soubesse o motivo, mas ignoraria a resposta até achar conveniente, ou corajosa o suficiente para repetir em alto e bom som.

Casamento... Ana também queria alguém que quisesse passar ao seu lado o resto de sua vida, o problema talvez fosse que em determinado momento ela se perdeu em seus próprios sentimentos e não sabe mais o que quer, ou quem...

Talvez a solução para seu problema seja o balde de pipoca estendido em sua direção, e o Tom divertido a olhando curiosa.

Talvez o problema não se resolva, mas sua fome sim, e de certa forma comer ainda é prioridade em seu mundo. 

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