Ana sorria enquanto bebericava seu café, á sua frente Tom sorria mais um dos sorrisos que ela nunca tinha visto. Havia algo de curioso em saber que mesmo passando tanto tempo com alguém ainda existe muitas coisas que não se sabe sobre o outro. Seus pensamentos viajaram até se lembrar da outra noite em que Dan foi em seu apartamento, quanto será que é possível desconhecer sobre alguém que se convive tanto.
Duvidaria da até mesmo da verdade se isso a levasse a uma conclusão diferente da que tem sobre Dan, um homem com a incrível e inacreditável mania de estar radiante e luminoso em todos os dias em que se lembra dele, claro que o rosto bonito dele ajuda a ser um homem incrível, por outro lado sente um calor curioso e incomodo ao pensar da mesma forma sobre Tom. Esse é um homem que sabe ser único e inatingível, afinal quantas surpresas mais ela terá até de fato conhecer ele?
Suspirou, afinal de contas quem era ela mesma, nesses últimos dias nem mesmo ela saberia responder sobre si, quanto dirá sobre outras pessoas.
Há algo de mágico em se descobrir mais do que os olhos veem, e á algo de medo em se descobrir uma completa desconhecida.
Olhou com um sorriso radiante para seu bolo, seu embrulho desajeitado foi feito da melhor forma, e até mesmo estudou um pouco sobre alguns dos vários e amados escritores que Tom cita com paixão, a mesma paixão com que cozinha. A mesma paixão com que ela gostaria de ser lida e relida como um poema de rimas desconfiguradas.
Ela estava se tornando alguém diferente, mas não sabia até que ponto as coisas mudaram.
Fernando Pessoa disse "Tudo vale a pena se a almanão é pequena", então está valendo a pena? A alma se expande, o coração incha?Até que ponto vale a pena? Tudo vale?
Se vale a pena ainda está cedo para saber, se realmente existe respostas ainda não foram feitas as perguntas, enquanto for silêncio ainda existirá calmaria. Enquanto for dúvida ainda terá esperanças, e quando tudo acabar e nada mais fizer sentido, as coisas se ajeitaram da forma mais assustadora, porque não se faz sentido.
Olhou mais uma vez de esguelha para Tom, e depois para sua xícara de café, quase podia sentir as coisas escorregarem de seus dedos como areia, quase podia sentir que tudo ficaria bem, quase.
Ao longe uma música tocava, os pés de Anaacompanhavam as batidas, antes que se desse conta estava dançando acompanhandoa música, as batidas entravam por seus ouvidos e saiam como passos. Estavarelembrando um velho amor, a dança .
Dançava com alegria, viu um rosto conhecido a encarando, saiu correndo abrindo a porta, e o puxou pela mão. É claro que ele ainda lembrava dos passos de street dance que ela praticamente o obrigou a aprender com ela. É claro que ele continuava sendo um talento para a dança.
Quase podia supor que era Pussycat Dolls que tocava, não lembrava do nome da música, quem se importa? Estava relembrando seus dias de ouro, seus dias de sorrisos e felicidade.
Dan continuava comprovando que ele era melhor que ela na dança, o que é irônico já que ela precisou usar muita chantagem emocional para convence-lo a fazer as aulas de dança. Por um momento ela esqueceu que não era apenas os dois na padaria e se permitiu dançar como se ninguém estivesse olhando. Tom observava silenciosamente o show dos dois.
O show a parte começava com a música de Lady Gaga que tanto Ana quanto Dan dançavam como a própria Lady, claro que qualquer um acharia estranho os dois dançando, mas apenas os dois sabiam o que aquelas danças representavam para eles, e guardariam como segredo até que admitissem o que de fato á por trás do amor pela música. Não importava a música, nem quem olhava, nada importava quando as aventuras dos dois estava acontecendo. Uma aventura nostálgica chamada relembrar o passado.
Quando a música acabou Ana e Dan cairam na risada, e só se deram conta da terceira presença quando palmas ecoaram pelo ambiente. Os olhos verdes de Ana se arregalaram, o primeiro pensamento foi "o que diabos eu to fazendo" e "não tenho mais chances", claro que já era tarde demais para ficar vermelha. Dan por outro lado parecia não ligar para Tom, havia algo de infantil no modo como os dois se olhavam.
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ENTRELAÇADOS
RomanceAna Júlia, Aninha ou apenas Anaju,uma mesma mulher em muitas formas. Aos 17 anos sua vida mudou drasticamente com o acidente que matou seus pais. E sua esperança. Aos vinte quatro anos sua vida caminhava da forma mais confusa possível, sua camin...