CAPÍTULO 5

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Heitor precisava pensar rápido por que a flecha de sua irmã já estava apontada para o bichinho indefeso. Ele fechou os olhos, engoliu o orgulho e a vergonha, saindo de uma vez dá árvore em que se escondia.

__Helena não! Não atire! Por favor não atire! – gritou o príncipe desesperado.

Tarde demais, a flecha já tinha sido lançada e alcançado o seu destino, Heitor nem teve tempo de se sentir envergonhado pois o remorso tomava conta de seu coração.

Naquele momento a atenção dos guardas e de Helena era toda do jovem príncipe (sem as calças).

Os soldados seguravam o riso como podiam, afinal ele era o Príncipe, merecia respeito. Mas a princesa não se continha em cima do seu cavalo, suas gargalhadas ecoavam pela floresta.

__Heitor peladão, Heitor peladão...

Repetia Helena de uma maneira irritante zombando do Príncipe.

__Como pode rir num momento desses sua maluca! Você acabou de matar um bichinho inocente!

__O quê? Eu matar um inocente? Acho que o louco aqui é você Heitor.

__Me refiro ao gnomo que você acabou de alvejar com sua flecha, você não tem coração Helena?

Enquanto isso os guardas só observavam o debate dos dois sem expressar reação alguma.

__Me poupe irmão, além das roupas você deve ter perdido também a visão. Olha direito seu bobão.

__O que? Olhar direito?...

__Heitor forçou as vistas então pode ver que o pequeno gnomo estava vivinho da silva, um pouco assustado mas estava bem. A flecha da princesa não tinha como destino acertar o gnominho e sim a calça de Heitor, de maneira que a retirasse da boca do pequenino.

Heitor se viu aliviado, já não era mais o culpado pela morte de um gnominho inocente. Foi aí que que o príncipe voltou a si e se lembrou da situação em que se encontrava, sentindo-se muito envergonhado o jovem num pulo escondeu-se novamente atrás da arvore em que estava.

__Ai meu irmão, você me diverte. Falou a princesa colocando as mãos na barriga enquanto dava gargalhadas da situação.

__Pare de rir e me diga como vou pegar minha calça!

__Oras! Eu tenho que fazer tudo agora? Suba na árvore e pegue-a você mesmo, onde já se viu.

__mas... mas...

__Já entendi, Eu e os guardas vamos seguir em frente, ai você pode subir e apanhar a sua calça ok?

__Ok! Andem logo, preciso voltar ao Castelo, fiquei longe tempo demais.

__Tem razão irmãozinho, o papai deve estar uma fera com você, vamos rapazes!

Então finalmente Helena seguiu viagem junto aos dois guardas reais que a acompanhavam, por dentro eles ainda davam risadas da cena que acabaram de ver, mas se contiveram para que a princesa não notasse.

Novamente sozinho (apenas na companhia do gnominho) Heitor se preparava para escalar a árvore e recuperar a sua calça cravada no tronco pela flecha de sua irmã.

Enquanto subia, Heitor só conseguia pensar no vexame que tinha passado na frente de Helena. Com muito esforço o Príncipe conseguiu alcançar a flecha, a agarrou com uma das mãos e com a outra segurou firme em um galho da árvore para que não houvesse risco de cair.

Mordendo os lábios Heitor puxou a flecha com tanta força que se desequilibrou e acabou caindo bruscamente sobre o solo porém apesar da altura, o príncipe não se machucou pois pousou sobre a grama macia da floresta.

Enquanto vestia a sua calça Heitor notou que o gnomo o olhava fixamente como uma criança que deseja pedir algo.

__Vá amiguinho! Volte para sua casa, não há nada aqui para você – disse abanando as mãos tentando afastar o pequeno gnomo.

Heitor se virou, mas à medida em que caminhava era seguido pelo insistente animalzinho. Agachou-se e passando a mão na cabeça do carismático bichinho o príncipe pensava qual seria o motivo dele o seguir. Foi quando de repente o gnominho apanhou no bolso de Heitor um amendoim que ele tinha pegado no armazém do Castelo.

__Ah, então era isso não é mesmo meu amiguinho, tome! Pegue todos!

Heitor retirou do bolso um punhado de deliciosos amendoins fazendo brilhar os olhos da criaturinha. Se levantou e novamente voltou a caminha em direção ao Castelo, quando de repente sentiu as patinhas do gnomo em suas costas. O bichinho se repousou na cabeça do príncipe como se fosse um chapéu fofinho.

Não tinha jeito, havia nascido ali um afeto entre os dois, gnomo e humano.

__Quer saber, vou levar você comigo! isso mesmo, você vai se chamar... Felpudo!

Então finalmente Heitor seguiu seu caminho, mas dessa vez acompanhado do seu mais novo melhor amigo.

POR TRÁS DA ESPADAOnde histórias criam vida. Descubra agora