CAPÍTULO 26

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Os dias passaram rápido e a véspera da batalha havia chegado. Pela primeira vez na história, dois reinos se uniram para enfrentar um inimigo em comum, os demônios.

__O dia de amanhã entrará para história, apesar de tudo confesso que estou confiante. - afirmou Sadler sentado a mesa junto ao rei Godan.

__A confiança é imprescindível para a vitoria caro Sadler. Se não acreditarmos em nós mesmo não poderemos vencer. Temos bons homens, um grande exército e o mais importante, temos a proteção divina ao nosso lado. - respondeu Godan.

__Sempre muito religioso em Godan, há coisas que não mudam nunca não é mesmo. - sorriu Sadler.

__Bem, me dê licença, preciso averiguar algumas coisas para a batalha de amanhã. - disse Godan se retirando da sala onde estava.

Como podem imaginar o dia anterior a uma guerra era sempre muito tenso, as armas deveriam ser checadas, os cavalos, as armadilhas, tudo!, todos os detalhes deveriam ser minuciosamente vistos.

__Vossa majestade, os cavalos da tropa de frente já estão devidamente alimentados e aguardando para a batalha. - afirmou um soldado se curvando perante o rei.

__Muito obrigado soldado, cuide bem deles, amanhã serão de grande ajuda para o nosso exército. - respondeu Godan enquanto caminhava pelo castelo.

Nas imediações do castelo barracas foram montadas para abrigar o enorme número de soldados (uma espécie de acampamento ) já que o quartel não tinha capacidade para alojar tantos homens. Os soldados revezavam seu tempo entre afiar suas espadas e contar histórias de feitos heróicos realizados no campo de batalha. Apesar da tensão, a serenidade no olhar daqueles homens revelavam a fidelidade de soldados que dariam a vida pelo seu rei.

Godan seguia caminhando por entre o acampamento dos soldados que se curvavam um a um mostrando o respeito que tinham pelo rei.

__Vossa majestade, será uma honra para nós lutar ao seu lado, se preciso eu darei minha vida pelos seus ideais. - falou um soldado enquanto se curvava frente a Godan.

__Levante-se rapaz, Fico honrado pela sua bravura mas não quero que morra por mim, volte com vida, e siga seu caminho ao lado de sua esposa.

__Como sabe que tenho uma esposa?. - perguntou surpreso.

__Pelas roupas limpas e a marca no seu dedo feita por uma aliança que você provavelmente guardou por medo de perder no campo de batalha. Atente-se aos detalhes soldado e isso te dará uma vantagem diante de seus adversários.

__mu... muito obrigado majestade, com certeza guardarei seus conselhos. - disse soldado emocionado.

__Mudando de assunto jovem soldado, sabe me dizer onde está meu filho?

__Sim majestade, ele está logo a frente com Ícaro. respondeu o soldado apontando para Heitor.

O rei agradeceu e se pôs a caminhar em direção a Heitor que praticava movimentos de batalha simulando uma luta de espadas com Ícaro.

__Meu filho!. - Godan chamou interrompendo o treino de Heitor.

__Sim meu pai, o que quer?. - respondeu o príncipe caminhando até seu pai.

__Desculpe-me interrompe-los meu filho mas preciso que me acompanhe, quero te mostrar algo.

__Claro meu pai, só um minuto para que eu possa recolher minhas coisas. - falou Heitor enquanto apanhava as tralhas que usava no treinamento.

Já na sala de armas do castelo Godan abriu um alçapão e retirou de dentro um baú de madeira no qual estava trancado com um enorme cadeado.

__Estou orgulhoso de você meu filho, a maneira que amadureceu e se tornou mais forte, acho que este seja o momento certo para te dar isto. - disse Godan enquanto abria o velho baú.

__Uma espada? mas... mas.. está toda enferrujada meu pai.

__Realmente está muito velha mas quando a ganhei de seu avô ela já estava nessa situação, ele me disse que no momento certo a espada mostraria sua verdadeira forma. - falou enquanto entregava a espada ao príncipe.

__Muito obrigado meu pai, prometo que darei tudo de mim para trazer ordem ao nosso reino. - disse Heitor com os olhos cheios de luz ao ganhar o presente do pai.

__Eu sei que você fará o seu melhor meu filho. Mas me diga... por acaso sabe me dizer onde está a sua irmã?. - perguntou Godan mudando de assunto.

__Não pai, a última vez que a vi ela estava no estábulo feito uma maluca conversando com os cavalos.

__No estábulo?, não acredito que ela fez isso. - disse Godan enquanto saía da sala de armas as pressas deixando Heitor sem entender absolutamente nada.

Cavalgando rapidamente em seu cavalo branco de crinas loiras, Helena se dirigia para a gruta onde Aziel se encontrava, o céu estava escuro e a chuva forte ameaçava cair a qualquer momento.

O caminho era longo e um tanto quanto perigoso pois era preciso atravessar uma floresta de mata densa para se chegar até a gruta. Enquanto seguia seu caminho Helena ouviu passos se misturarem ao galope de seu cavalo e olhando para trás teve uma surpresa desagradável.

Uma alcatéia de lobos estava a persegui-la e na velocidade em que se moviam não demorariam a alcança-la. Sem seu arco ou nenhuma outra arma em mãos Helena seria uma preza fácil e certamente o banquete para todos aqueles lobos famintos.

Solitário em uma gruta não havia muito o que se fazer, então quando não estava andando pela floresta Aziel alterava seu tempo entre comer e dormir. Olhando para o teto o jovem demônio pensava em Helena, a saudade era tamanha que a sua voz parecia soar em sua mente em um belo e agudo grito de... socorro?.

O que Aziel estava a ouvir era bem mais que a sua imaginação, era real, a sua audição aguçada de demônio o permitia ouvir a quilômetros de distância e o grito de socorro da princesa foi o suficiente para que o jovem demônio fosse ao seu encontro.

__Majestade, o cavalo está pronto como o senhor pediu. Tem certeza que vai sair sozinho? - disse um soldado a Godan.

__Obrigado soldado, não se preocupe, além de rei eu também sou um guerreiro não se esqueça.

__Godan, onde está indo assim com tanta pressa!?. - perguntou Sofia ao ver o rei montando em seu cavalo negro.

__A nossa filha Sofia, eu irei busca-la.

__Busca-la? mas onde ela está?. - perguntou Sofia preocupada.

__Conhecendo nossa filha como conheço, acho que já sei onde encontra-la. - disse Godan enquanto se retirava rapidamente com seu cavalo.

O rei não sabia o exato paradeiro da princesa, mas a certeza de que ela pretendia ver Aziel era unânime, a questão agora era onde. A atitude do rei não era apenas o agir de um pai enciumado mas também a cautela de um rei que protegeria a sua família a qualquer custo.

POR TRÁS DA ESPADAOnde histórias criam vida. Descubra agora