__Aziel! ... você precisa acabar com isso antes que seja tarde demais!. - gritou Helena enquanto cavalgava em alta velocidade.
O dragão ziguezagueava no ar cuspindo fogo descontroladamente para todos os lados enquanto Aziel se agarrava como podia para evitar a sua queda. Um golpe certeiro no pescoço da criatura seria o suficiente para derruba-la mas o jovem demônio havia deixado cair a sua espada em uma das manobras do dragão.
__Vamos!, o que você está esperando? acabe logo com ele!. - exclamou Heitor ao ver a floresta ser incendiada pelo dragão.
__Tem alguma coisa errada, não vejo a espada dele, Heitor me dê a sua espada rápido!.
__O que? não, essa era a espada do nosso avô, não posso arriscar perde-la.
__Ande logo! você não vai perde-la, confie em mim. - Helena se irritou.
Heitor aproximou o seu cavalo junto ao de sua irmã e a entregou a espada enferrujada que havia ganhado de seu pai.
__Espero que você saiba o que está fazendo.
Helena girou seu braço e em um só arremesso lançou a espada para Aziel que a agarrou com os dentes já que suas mãos estavam agarradas ao dragão.
__Nossa que izibido!. - disse Heitor referindo-se a maneira em que Aziel apanhou a espada.
A pele do dragão era muito resistente, por mais que Aziel a golpeace nenhum ferimento lhe era causado. Os cavalos de Helena e Heitor já não podiam mais prosseguir por terra e jovem demônio estava sozinho dali em diante.
__Agora é com você... não nos decepcione. - sussurrou a princesa ao ver que não podia mais seguir em frente.
__Ah droga! vamos! vamos!. Que tipo de guerreiro anda com uma arma enferrujada?. - Aziel falava com si mesmo enquanto tentava sem sucesso cravar a espada nas costas do dragão.
O tempo se esgotava pois o dragão que havia queimado grande parte da floresta agora se dirigia para um vilarejo e com certeza iria devastar completamente aquele pequeno lugar.
De longe era possível ver o desespero dos moradores ao notar a aproximação do dragão, crianças, mulheres e idosos seriam mortos sem a mínima chance de se defender.
__Não! não! não! essa não. vamos porcaria!. - exclamou Aziel enquanto uma lágrima de desespero corria seu rosto.
Uma gota da lágrima se desprendeu do rosto do jovem e tocando a lâmina da espada fez surgir um brilho ofuscante. A lâmina enferrujada foi tomando novas formas e a velha espada se transformou revelando uma arma perfeita de resistência incomum.
"No momento certo a espada mostrará sua verdadeira forma". As palavras do antigo rei fizeram sentido, o momento certo havia chegado e a espada se revelou nas mãos do jovem demônio.
Maravilhado com a beleza da espada, por um momento Aziel se esqueceu da situação em que se encontrava mas logo voltou a si e sem grande esforço enterrou com força a lâmina afiada nas costas do dragão o fazendo cair bruscamente sobre uma meia dúzia de árvores.
Aziel apanhou a espada que estava presa no corpo do dragão, sacudiu a poeira em suas vestes e voltou ao encontro de Heitor e Helena.
__Você conseguiu!. - exclamou Helena ao ver Aziel se aproximar.
__Eu não... nós conseguimos, mas me digam onde estão os outros?.
__Não se preocupe com eles, estão todos bem. Ícaro enfrentou Draco sozinho e se feriu bastante mas não corre nenhum risco de vida. - Heitor respondeu.
__Mas a espada, onde está a minha espada?. - pergutou Heitor preocupado.
__Ah sim a espada, pegue, sem dúvida é a lâmina mais afiada que já vi em toda minha vida. - falou Aziel entregando a espada a Heitor.
O príncipe ficou surpreso ao ver a mudança que a sua arma tinha sofrido, de uma espada enferrujada para uma lâmina afiada o suficiente para perfurar a pele rígida de um dragão adulto.
__Mas a espada... ela... ela... se transformou. - falou Heitor maravilhado.
__Não é hora pra conversa, meu pai está enfrentando Vilgor nesse momento, precisamos ajudá-lo!. - disse Helena montada em seu cavalo e rapidamente todos se foram ao encontro do rei.
Ali dependurado a beira do precipício, Vilgor não conseguia acreditar que o destino havia lhe pregado tamanha peça. Aquele a quem ele queria morto agora lutava para mante-lo vivo.
__Por que?... não entendo... por que esse sacrifício se durante todos esses anos eu tentei acabar com você? . - perguntou Vilgor olhando fixamente para Godan.
__Pra falar a verdade, nem mesmo eu sei por que estou fazendo isso, só não quero deixar você morrer assim.
Embora não tenha dito, Godan ainda via em Vilgor o amigo de infância que teve anos atrás e estava disposto a ir até o fim para salvar a vida do demônio.
__Solte-me Godan, nós dois sabemos que você já não tem mais forças para me puxar de volta.
__Cala-se, eu não vou te soltar, logo alguém chegará para nos ajudar. - disse Godan segurando forte a mão de Vilgor.
__Por que você não se transforma?. - perguntou o rei.
__Não consigo, não tenho mais energia pra isso. Acho melhor que me solte agora ou você também cairá comigo.
O chão abaixo do rei começou a se partir lentamente, o peso dos dois era demais para as roxas e um novo deslizamento poderia acontecer a qualquer momento.
__Vamos me solte!.
__Não eu já disse!
__Não seja tolo, você vai morrer junto comigo!, você precisa viver. - uma lágrima brotou nos olhos de Vilgor nesse momento.
__Viver?
__Diferente de mim você tem a quem cuidar, você tem uma família e pessoas que te amam. Já eu... eu não tenho ninguém, nem mesmo meu filho ficou do meu lado, nada mais justo do que o fim pra alguém que já não tem mais nada a fazer nesse mundo, vamos me solte Godan!.
__Não velho amigo, não me peça isso, por favor, não me peça. - exclamou Godan enquanto lagrimas corriam seu rosto.
O chão se desprendia cada vez mais e a julgar pelas lágrimas do rei ele não pretendia soltar Vilgor. Ao ver que levaria Godan para o túmulo junto consigo, Vilgor apanhou uma adaga e olhando no fundo dos olhos do rei pronunciou suas últimas palavras.
__Não Vilgor, não!... não faça isso.
__Cuide bem do meu filho, ao contrário de mim ele é um bom homem. - Vilgor golpeou com força seu punho amputando assim sua própria mão e caindo de uma vez no enorme abismo.
Godan nada pode fazer a não ser ver o corpo de Vilgor cair rapidamente e desaparecer na escuridão profunda do mortal abismo.
Ali paralisado com tudo o que tinha acontecido, o rei não percebeu o ceder do chão embaixo de seus pés e quando estava prestes a ter o mesmo destino que Vilgor sentiu a mão de Aziel o agarrar com força e o puxar para longe do perigo.
__Onde está ele, onde está o meu pai!?. - perguntou Aziel.
Godan não pronunciou palavra alguma mas seu olhar entristecido e as lágrimas que molhavam suas vestes já diziam tudo, a vida daquele chamado Vilgor, poderoso líder da legião, havia chegado ao fim naquele dia.
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POR TRÁS DA ESPADA
Fantasy#wattys2019 #palavrasdouradas "Meu nome é Godan, rei soberano de terras a perderem de vista, a anos batalhamos contra demônios que ameaçam o meu povo e creio que essa guerra está longe de acabar." Embarque em um mundo de magia, cavaleiros e demôni...