CAPÍTULO 20

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O pranto de Godan e sua esposa era inevitável, a dor de perder a sua filha daquela maneira os feria mais profundo que a mais afiada lâmina de uma espada. Todos se reuniram em torno do corpo da princesa, dentre eles Heitor se destacava pela maneira que lamentava a perda da irmã.

Vilgor ainda se encontrava na torre do castelo, a sensação de satisfação só almentava a cada lágrima que saía dos olhos do rei . Com certeza seus planos saíram melhores que o planejado e ele se foi satisfeito para sua caverna.

__Por que minha filha? ela não tinha nada a ver com essa maldita guerra! - chorava Godan ao lado de Helena.

__Acalme-se nobre rei.- Enzo se aproximou.

__Acalme-se? como pode me pedir algo assim? não percebe a gravidade disso tudo?

__Enzo respeite a dor de Godan, ele está passando um momento difícil não vê? - disse Sadler puxando Enzo pelo braço.

__Vossa majestade, eu só quero ajudá-lo, eu sei como trazer a princesa de volta.

__O que? trazer Helena de volta? - perguntou Sadler enquanto todos os outros olhavam surpresos.

__Sim meu rei, posso traze-la, porém preciso de ajuda.

__Deixe de bobagem! minha filha está morta, nem mesmo um mago é capaz de dar vida aos mortos. - Godan exclamou limpando suas lágrimas.

__De fato nobre rei, que eu saiba ninguém é capaz de trazer vida a um falecido, mas creio que sua filha ainda não esteja no reino dos mortos. - respondeu Enzo ajeitando o capuz de suas vestes.

__Reino dos mortos?

Nesse momento a atenção de todos se voltou para o mago, as palavras que tinha dito fez brotar esperança no coração de cada um ali presente.

__Fiquem em silêncio que tentarei explicar de maneira objetiva. - disse com um certo tom de superioridade.

__Existe um caminho de transição entre os dois mundos, é como uma ponte que liga o nosso mundo ao dos mortos. Se caso a princesa ainda estiver nesse caminho, é possível enviar alguém para traze-la de volta. - Enzo explicou com poucas palavras.

__Eu não entendi nada.- falou Hugo coçando a cabeça.

__Fica quietinho tá amigão, depois te explico tudo. Não liga pra ele não gente, é que ele é meio lento. - disse Miguel revirando os olhos.

__Se realmente pode enviar alguém pra trazer a minha filha de volta então que seja eu!. - Godan se pronunciou olhando nos olhos de Enzo.

__Eis o problema, não posso realizar o encantamento aqui, eu precisaria da ajuda de um outro mago e pra falar a verdade sei muito bem onde encontra-lo.

__E onde está esse tal mago, traga-o até aqui oras!. - disse Godan exaltado.

__Eu não posso, o mago a quem me refiro é o homen que me ensinou tudo o que sei, meu mestre. Nenhum motivo no mundo o faria vir até aqui e apenas seres domindores de magia podem chegar até onde ele se encontra. Por tanto nenhum de vocês pode vir comigo já que ninguém aqui é um ser mágico ou sabe fazer uso dela. - afirmou Enzo.

__O lugar onde ele vive é uma espécie de castelo que flutua acima das nuvens, é impossível saber sua exata localização pois ele está sempre se movendo. Esse castelo flutuante possui uma barreira na qual permite apenas a entrada de seres mágicos ou aqueles que a dominam. Como sua filha no momento é um corpo sem vida, o encantamento do castelo não barrará a sua entrada. - completou Enzo.

__Sem dúvida é um ótimo plano meu caro Enzo, mas só há um probleminha... se não pode levar a nenhum de nós, quem você enviará em busca de minha filha? - perguntou Godan, despertando a curiosidade de todos.

__Digamos que eu já tenha alguém em mente, mas preciso que confie em mim.

__Confiar? claro, acho que já se provou digno de confiança, mas me diga, quem pretende levar contigo? - perguntou mais uma vez Godan.

__Se eu disser, provavelmente você não aceitaria, então peço apenas que confie em mim. Agora deixe-me ir, quanto antes eu realizar o encantamento maior as chances de dar certo. - falou Enzo enquanto um círculo de luz surgia ao seu redor e o fazia desaparecer levando consigo o corpo de Helena.

Apesar de todo o mistério que fez o mago, todos sabiam que podiam contar com Enzo, afinal ele era o braço direito de Sadler e já havia o protegido de inúmeras ameaças.

A essa altura, a notícia da morte de Helena já tinha chegado aos ouvidos de Aziel. De coração partido e cabeça quente, o jovem demônio resolveu tirar satisfações com seu pai.

__Como você pôde fazer isso com ela? - perguntou Aziel furioso enquanto caminhava em direção ao seu pai.

__Eu? mas eu não fiz nada, você sabe disso.- respondeu cinicamente Vilgor.

__Me poupe desse seu cinismo meu pai! todos sabemos que aquele demônio cumpria ordens suas! - disse se aproximando ainda mais de seu pai.

__Cale-se Aziel! não devo satisfações a você! um demônio que nem honra a própria espécie. E agora vem me questionar por causa de uma humana medíocre. - gritou agarrando a gola da blusa de Aziel e em seguida o arremessando ao chão.

O jovem demônio olhou para seu pai com uma fúria que nunca pensou sentir um dia, pensou inúmeras atitudes mas dentre elas resolveu apenas se levantar e dar as costas a Vilgor.

__Isso mesmo, vá, covarde! acha mesmo que não sei de seus sentimentos por essa humanazinha!? só que agora ela se foi e esse seu romance de quinta acabou antes mesmo de começar! . - Vilgor berrava, zombando de seu filho.

__Essa "humanazinha" a quem se refere se chamava Helena... (se calou por alguns segundos) e o único covarde aqui é o senhor que fica sempre nas sombras enquanto seus capangas imundos fazem seu trabalho sujo por você. - respondeu Aziel enquanto se retirava da caverna sem olhar para trás.

A saudade machuva o peito de Aziel, a cada lembrança de Helena uma nova lágrima molhava o chão. Na gruta da cachoeira, onde se encontrou com Helena pela primeira vez, Aziel olhava aquelas lindas flores brancas, as mesmas flores mortais que tirariam a vida da princesa se não fosse por ele. Ele as olhava como se enxergasse naquelas flores o caminho mais curto para se ver junto de sua amada.

POR TRÁS DA ESPADAOnde histórias criam vida. Descubra agora