Capítulo 13

145 65 15
                                    

A noite havia chegado, a lua cheia reinava soberana no céu sem estrelas.
__Poderoso Vilgor! Trago notícias. - disse um demônio da legião enquanto curvava-se perante seu Mestre.

__Diga-me, o que te trás até aqui? - respondeu Vilgor se levantando de seu trono.

Aziel estava logo ao seu lado apenas observando atento a conversa dos dois.

__A fera que o senhor mandou não foi capaz de dar fim aos cavaleiros do rei, mas não foram eles que a derrotaram. Também fui informado que Godan promoverá um baile amanhã em seu Castelo. - disse com a voz trêmula pelo medo que Vilgor provocava.

__Ora ora... um baile? Em tempos de guerra como esse, é muita audácia da parte de Godan não acha? Devo consider isso uma afronta a minha pessoa. E o pior... nem fui convidado. - Vilgor deu um sorriso sinistro.

__Esse baile me caiu como uma luva, uma ótima chance para fazer o sangue dos humanos jorrar. - Vilgor falava enquanto dava voltas em torno do seu informante.

__Está pensando em que meu pai? O que pretende fazer?. - perguntou Aziel.

__Os humanos serão apunhalados pelas costas meu filho, existe um dos meus entre eles. - sorriu mais uma vez de maneira tenebrosa.

Nesse momento Aziel só conseguia pensar em Helena, afinal ela era filha do rei por tanto era inimiga mortal de seu pai.

__Em relação a bêsta que enviei diga-me, quem a derrotou? - Vilgor perguntou passando as unhas afiadas no pescoço do seu subordinado.

__Disseram que foi um mago meu senhor, pelo que parece, Sadler o rei do Sul se uniu a Godan, creio que esse baile seja apenas um disfarce para uma aliança entre os reinos.

__Uma aliança? Se eles podem, nós tambem podemos não é mesmo? Chega de nos escondermos como vermes, Vá e convoque todos os demônios dos quatro reinos, na noite da lua vermelha (eclipse) atacaremos o Castelo com todas as nossas forças! O rei pagará pela sua audácia, mostraremos qual raça é a mais forte. - era possível ver os olhos de Vilgor brilhando enquanto falava, só existia maldade em sua existência.

Então o demônio da legião saiu as pressas da caverna para cumprir sua tarefa. Vilgor também se retirava vagarosamente em silêncio quando sentiu a mão de seu filho tocando em suas costas.

__Meu pai! Por que todo esse ódio? Por que não deixamos os humanos e vivemos em paz!? - suplicou Aziel tentando tocar o coração de seu pai.

__Paz!? Godan a roubou de mim. Quer mesmo saber o porquê disso tudo meu filho? Pois bem eu te contarei. -virou-se e com um olhar gélido começou a falar com seu filho.

__Eu e Godan éramos amigos meu filho, isso mesmo, amigos... costumava-mos brincar no lago perto da floresta ( mesmo lago que Heitor frenqueta). Nós éramos uma dupla, andáva-mos sempre juntos aprontando como toda criança comum. O tempo se passou e nos tornamos jovens, eu conheci a mulher mais linda desse mundo, nunca havia sentido algo assim por alguém e precisava falar isso pro meu melhor amigo. Procurei Godan por toda a vila mas em vão, então resolvi ir até o lago, na esperança de encontrá-lo. Antes eu não tivesse ido, pois o que eu vi foi o gatilho para eu me tornar o que sou hoje.

__O que o senhor viu meu pai? Me diga? - perguntou Aziel curioso, seu pai parecia triste enquanto contava a história de seu passado.

__Ao me aproximar do lago, eu não pude acreditar no que meus olhos viam, A mulher que despertou em mim aquele sentimento lindo, estava nos braços de Godan. Fiquei imóvel por horas ali, só observando os dois trocarem carícias. Ver a mulher que eu amava dedicando seus beijos a outra pessoa me feriu mais que qualquer espada meu filho, mesmo que a tal pessoa fosse meu melhor amigo. No início eu tentei disfarçar minha frustação, Mas a cada dia que passava aquele amor que existia dentro de mim foi se convertendo em ódio, A cada sorriso dela que ele me roubou, cada carícia, cada palavra de amor que deveria ser para mim o meu ódio só aumentava. Até que um dia eu simplesmente fui embora, sem despedidas, sem recados ou sinais, eu simplesmente desapareci. Me casei com sua mãe na esperança desse sentimento desaparecer (em vão é claro)... desculpe-me meu filho, mas eu nunca a amei de verdade, ela era uma ótima esposa, mas meu coração era de outra. Depois da morte de sua mãe eu só tinha você e não já não podia mais viver me lamentando. Eu me reergui e onde um dia existiu amor e amizade, hoje só existe ódio e rancor!.

__E quem é essa mulher meu pai? Qual o nome dela? - Aziel perguntou emocionado com a história do pai.

__Essa mulher meu filho, é a mesma que está com Godan até os dias de hoje, o seu nome é... Sofia, rainha Sofia. Agora deixe-me ir, preciso visitar um velho amigo. - disse Vilgor enquanto se retirava da caverna.

Aziel não disse mais nada, as palavras fugiram a sua cabeça, A carga emocional do que tinha acabado de ouvir o tinha deixado sem reação, então simplesmente ficou ali parado olhando seu pai se afastar enquanto uma lágrima corria em seu rosto até se desprender e tocar o solo.

POR TRÁS DA ESPADAOnde histórias criam vida. Descubra agora