POR TRÁS DA ESPADA

CAPÍTULO 30

__Mas o que é aquilo? - perguntou um dos soldados ao ver Enzo surgir como um anjo sobre suas cabeças.

__Não sei, mas espero que ele esteja do nosso lado.

Usando sua magia o jovem mago fez erguer do chão soldados feitos de barro e rochas do solo, homens incansáveis e indestrutíveis feitos de argila que igualaram a batalha em termo de números.

__VAMOS LESMAS! acabem com eles!! - Vilgor gritava com seus aliados.

Os soldados de barro eram fortes, avançavam rapidamente fazendo recuar o exército de demônios. Ao serem atingidos, os homens de barro se reerguiam em maior número, para cada um abatido, dois se levantavam e assim iam se multiplicando de maneira acelerada.

__AVANÇAR HOMENS! não devemos deixar que o mago faça tudo sozinho! vamos! vamos! vamos!. - gritou Heitor e o ânimo de todos veio à tona.
__Mas que diabos! parem de atacar esses malditos bonecos! foquem no mago!. - gritou Draco ao ver que atacar os soldados de barro não surtia efeito.

Os soldados da legião ergueram suas cabeças e focaram sua mira em Enzo. Para um humano seria impossível disparar uma flecha a essa altura, mas sendo os arqueiros, demônios de força sobrenatural a história seria diferente.

Esticaram o fio de seus arcos até ouvirem o ranger da madeira e em seguida dispararam rumo ao mago. Inúmeras flechas foram lançadas mas acabaram todas bloqueadas por um campo de força criado por Enzo.

__Protejam o mago! ele não vai aguentar por muito tempo nesse ritmo!. - falou Helena enquanto cravava uma de suas flechas no peito de um demônio.

Ao perceber que os ataques de seus soldados não atingiriam Enzo, Draco se transformou em um falcão gigante e alçou vôo rumo ao jovem mago, mas antes que ele chegasse perto de Enzo, foi derrubado ao ter sua asa dilacerada por uma lança vinda das mãos de Aziel.

__Maldito! como esse traidor ousa me ferir. - resmungou Draco caído ao chão em sua forma humana.

__Você está bem?. - perguntou Vilgor estendendo sua mão.

__Afaste-se de mim! , não preciso de sua ajuda! . mostrarei a eles por que realmente me chamam de "filho do Dragão ".

Draco apanhou em sua cintura uma flauta de tamanho minúsculo e enchendo bem os pulmões começou a sopra-la com força. Não era possível se ouvir som algum mas certamente ele não estaria soprando o estranho instrumento sem motivos.

A batalha continuava intensa mesmo com tantos já abatidos, sem possibilidade de recolher os corpos caídos, homens e demônios lutavam sobre cadavers. De repente todo o campo de batalha se viu paralisado ao notar o pairar de uma imensa sombra sobre suas cabeças. Todos ficaram imóveis, demônios e homens tiveram sua atenção voltada para o céu.

__Espero que você não tenha feito o que estou pensando Draco. - afirmou Vilgor olhando para a sombra que pairava acima das nuvens.

__Sim.... eu fiz, as vezes é preciso sacrifícios para se obter a vitória. - Draco falava com olhar singelo e frieza de um demônio sem escrúpulos.

__Você está maluco! você não pode controla-lo! . - Vilgor se exaltou.

__E quem disse que eu quero controla-lo.

Logo se revelou em meios as nuvens um dragão colossal de pele escamosa e avermelhada que lembrava o magma de um vulcão em erupção. O bater de asas da criatura arremessava para longe o corpo de todos os soldados.

A flauta que Draco havia usado era uma espécie de apito para atrair dragões, o som que ela produzia era emitido em uma frequência que somente os répteis alados conseguiam ouvir.

__Mas o que?...era só o que faltava agora eles tem um dragão!?. - exclamou Miguel desanimado.

__Não se engane Miguel, um dragão não pode ser controlado, ele é poderoso demais até para demônios como Vilgor e Draco. Atrair uma criatura dessas até aqui só mostra o quanto estão desesperados. - Ícaro respondeu calmamente.

O dragão não distinguia aliados e inimigos, estava ali apenas por ter ouvido o tocar daquela flauta e a julgar pelas baforadas de fumaça que saíam de suas narinas ele não estava nada feliz.

__NÃO FIQUEM aí parados homens! Ataquem!!. - Godan gritou dando início novamente a batalha.

Enzo fazia com que raios caíssem a todo momento nas cabeças dos demônios os queimando como churrasquinho ( churrasquinho de demônio ). Anguns raios atingiram as costas do dragão que ainda no chão abocanhava vorazmente os soldados, porém não foram suficientes para abate-lo e sim deixa-lo ainda mais furioso.

Se desviando dos raios o dragão voou em direção a Enzo e com sua enorme calda chicoteou com força o jovem mago arremessando bruscamente seu corpo ao chão.

Apesar da brutalidade da queda, Enzo não teve ferimentos graves pois ainda estava com o campo de força ativo no momento, porém se viu incapacitado de continuar na batalha.

__Arqueiros! derrubem aquela lagartixa voadora!. você!, tire o mago daqui, leve-o para o castelo. - ordenou Ícaro a um de seus soldados.

__Sim senhor!. - respondeu o soldado colocando Enzo desacordado em um dos cavalos e se retirando do campo de batalha.

O dragão voava baixo e com suas garras afiadas arrancava cabeças de ambos os exércitos. Fazia piruetas no ar e varria o chão com rajadas de chamas que saíam de sua boca. As flechas dos arqueiros tocavam em sua pele grossa e se quebravam sem causar dano algum a criatura.

O cenário já não era mais o mesmo, soldados e demônios que até então batalhavam, agora corriam para salvar suas vidas das chamas ardentes do poderoso dragão.

__Olha o que você fez imbecil! ele está atacando a todos, minha legião está sendo devastada!. - Vilgor se irritou.

__Cale-se, você não queria a chance de derrotar a Godan? então pare de falar e vá atrás dele. - falou Draco apontando para o rei logo a frente.

__Assim que eu matar Godan e tudo isso acabar, você será o próximo. - disse Vilgor e correu ao encontro de Godan.

O dragão continuava a devastar tudo que via em sua frente, o campo de batalha estava completamente vazio e aqueles que não fugiram estavam mortos, exceto alguns aliados de Godan que pensavam em uma maneira de parar aquela criatura antes que ela se deslocasse para as vilas e consequentemente para o castelo.

__Precisamos para aquele monstro!. - afirmou Heitor a Helena.

__Eu sei disso, mas a questão é... como?.

__Eu tenho uma ideia, me deixem tentar. - se pronunciou Aziel.

__Mas Aziel, você... - tentou impedir a princesa mas teve sua voz calada por um beijo do jovem. Beijo que deixou Heitor confuso, afinal ele ainda não sabia do romance dos dois.

__O plano é o seguinte... preciso de impulso pra chegar até as costas da criatura.

__E depois?. - perguntou Helena a Aziel.

__Essa parte eu ainda não pensei.

__Precisamos agir rápido!... se é impulso que você quer então é impulso que você terá. Hugo! venha até aqui grandão. - falou Ícaro ao ouvir o plano de Aziel.

Hugo se aproximou e após ouvir suas orientações se colocou em sua posição. Já não havia mais nada para o dragão queimar ali e avistando de longe o castelo a criatura o escolheu como seu novo alvo.

__Lembre-se, assim que ele estiver próximo você me arremessa entendido?. - falou Aziel a Hugo que acentiu com cabeça enquanto se concentrava.

Naquele momento, entre o dragão e o castelo só havia os cavaleiros dispostos a para-lo. Uma única chance apenas, depositada nas mãos de Aziel. O jovem demônio deveria ser preciso, caso contrário não só o futuro de todos mas também o futuro do reino estaria perdido.