CAPÍTULO 17

225 63 40
                                    

Após andar por algumas horas, Vilgor chega a um casarão antigo abandonado no alto de uma montanha. Abre a enorme porta e ouve um ranger assustador provocado pelo seus passos na madeira do piso.

Ele se dirige até onde parece ser a sala de jantar, vasculha alguns armários e percebe um cálice ainda cheio de vinho em cima da mesa. Antes que pudesse pega-lo, Vilgor sente o tocar gélido de uma lâmina junto a seu pescoço.

__Isso é jeito de receber um velho amigo?

__Vilgor? o que te trás até aqui. - perguntou recolhendo sua espada e a colocando de volta em sua cintura.

__Apesar de tanto tempo, você não mudou nada Draco. - disse Vilgor apanhando o cálice que estava sobre a mesa e o levando a boca.

Draco era um veterano de guerra, um dos demônios mais velhos ainda vivos , conhecido por queimar vilas por onde passava, Draco ficou conhecido como o "Filho do Dragão". Não batalhava por honra ou bens matérias, apenas sentia prazer em ter o sangue de suas vítimas banhando a lâmina de sua espada. Por não haver mais inimigos a altura, Draco se isolou no alto daquela montanha por anos, apenas esperando pela próxima batalha que fosse digna da sua presença.

__Desculpe-me a pergunta meu velho, mas por que está vestindo a armadura em sua própria casa. - perguntou Vilgor sentando-se em uma cadeira próxima a ele.

__Eu não tenho opção, a armadura é parte do meu corpo agora, mas isso é uma longa história e eu não tenho paciência pra isso. Agora me diga, por que veio até aqui?

__Pois bem, serei breve... eu preciso de sua ajuda.

__Minha ajuda? o todo poderoso líder da legião precisa da minha ajuda? - disse Draco debochando de Vilgor.

__Ah cale-se velho, vamos me diga, se interessa sim ou não?

__Não sei... o que eu ganho com isso? - perguntou Draco enquanto corria os dedos no corpo de sua espada como se estivesse a acariciando.

__Deixa pra lá, eu fui um tolo em te procurar, afinal você está velho, velho demais eu diria.

Antes que Vilgor pudesse se levantar da cadeira em que estava, sentiu a espada de Draco tocar sua testa fazendo um leve corte.

__Basta! me chame de velho outra vez e verá no que todos esses anos de experiência me trasformaram! - Draco gritou fazendo voar todos os morcegos que naquele casarão habitavam.

Vilgor sorriu, era essa a reação que queria ver, esse era o verdadeiro potencial de Draco "o filho do Dragão ".

__Me diga Vilgor, contra quem irá travar a sua batalha? - perguntou Draco recuperando a calma.

__O rei do Norte, Godan, é a ele que eu quero enfrentar. - respondeu Vilgor apertando o cálice em sua mão com tanta força que o mesmo veio a se quebrar.

__Eu poderia saber qual o motivo de tanta ira meu caro? - perguntou Draco sentando-se em uma poltrona Antiga de cor vermelha desbotada pelo tempo.

Vilgor se levantou, caminhou em direção a um espelho na parede e o tocou com um dos dedos, nesse instante se podia ver através dele tudo que estava se passando no castelo de Godan.

__Olha só pra ele Draco, cada sorriso, cada bater de seu coração é uma afronta a minha existência. - disse Vilgor olhando através do espelho a imagem do rei sorridente recebendo os convidados em seu baile.

__Godan tirou de mim qualquer chance de felicidade, arrancou de mim a única pessoa que mantia meu lado obscuro adormecido e eu terei prazer em mostra-lo o que me tornei graças a ele. - Vilgor rangia os dentes enquanto se referia a Godan.

Draco ficou por alguns instantes olhando o baile através do espelho,a tempos não via tantas pessoas em um só lugar, comida e bebida em abundância só mostravam o quão generoso era o rei. Tentava entender o desabafo de Vilgor até que a frase "arrancou de mim a única pessoa que mantia meu lado obscuro adormecido" fez sentido ao ver a rainha se aproximar de Godan. A beleza de Sofia era tamanha que ofuscava até o brilho da mais radiante estrela naquela noite de festa.

Draco notou os olhos de Vilgor, percebeu que acompanhavam cada movimento da rainha, como se estivessem atentos a cada detalhe do corpo da bela Sofia, como um artista focando a modelo antes de começar a rabiscar o papel.

A feição de Vilgor foi mudando aos poucos ao ver que Sofia se aproximava de Godan e antes que ele pudesse ver a imagem da rainha beijando seu marido, o espelho se explodiu em mil pedaços após receber um soco poderoso de Draco.

__Pare de se torturar meu caro. - disse Draco colocando a mão sobre o ombro de Vilgor.

__Conte comigo, eu te ajudarei, mas tudo tem seu preço. - continuou a falar com um sorriso maligno em sua face.

__Preço? o que queres em troca?

__A legião... independente de quem sair vitorioso dessa guerra, eu quero a liderança da legião de demônios.

__Deve está ficando louco, acha que darei meu exército assim pra você, esqueça Draco, procurarei outra pessoa. - disse Vilgor andando em direção a porta do casarão.

__Espere Vilgor! um terço da legião então, uma quantidade suficiente para que eu possa voltar aos campos de batalha como antigamente. - Draco falou enquanto se colocava a frente de Vilgor interrompendo sua passagem.

Vilgor sorriu, no fundo já esperava um pedido assim, afinal Draco era um demônio guerreiro que liderou tropas espalhando terror por onde andava.

__Fechado, um terço da legião. - respondeu Vilgor.

Os dois morderam a palma da mão e em seguida selaram com sangue o trato que acabara de ocorrer, ao fim da batalha um terço da legião seria de propriedade de Draco.

Vilgor se retirou do casarão e se movendo em velocidade sobrenatural se direcionou ao castelo de Godan, o baile já estava em andamento, seu subordinado infiltrado iria agir a qualquer momento e ele é claro não queria perder o "show".

POR TRÁS DA ESPADAOnde histórias criam vida. Descubra agora