Capítulo 1- Ela

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Dias atuais 
24 de março 
Terça – Feira

 
A impressora deu bug de novo, meu currículo estava preso em uma máquina e eu precisava imprimir isso já!
— Vamos! Funciona! — Bati, irritada, na máquina.

A impressora fez um som alto e então desligou. Ela começou a vibrar e em seguida explodiu me fazendo gritar.
— Para! Para! Para! — Bati nela com um pano tentando evitar o fogo

A fumaça parou e então minha impressora faleceu.

Eu me chamo Safira Allen- sim, Safira- tenho 20 anos e acabei de entrar na faculdade de administração. Isso me faz estar sentada no chão da sala olhando para minha impressora torrada. Eu preciso levar currículos para empresas que façam programa de estágio, já que não moro mais com meu pai, eu preciso me sustentar.
TOC TOC 
— Entra... — falei desanimada

Allan entrou sorrindo e então olhou para a impressora.
— Fez ela explodir de estresse? — Ele apontou
— Muito engraçado — semicerrei os olhos

Allan era meu melhor amigo e vizinho, ele sempre me ajudava em tudo que eu precisava, me dava conselhos, ria comigo e sempre estava presente ao meu lado. Era uma pessoa que eu confiava de todas as formas.
— Então? — Ele veio para meu lado — Quer que eu ajude você com seu currículo?
— Oh, sim! — abracei ele — Obrigada.
— Vou levar isso para fora — Ele pegou os restos da impressora.
— Obrigada, vou pegar o Pen drive para irmos imprimir — sorri 
— Tá bem. Podemos ir tomar um café.
— Café é ótimo!— fui até o Pen drive
— Café é vida! — Ele comemorou

Soltei uma risada sincera e juntos saímos.

Eu morava em Dallas, no estado do Texas. E aqui se tinha uma ampla concentração de grandes empresas. Nossa economia era alta, e tínhamos uma cidade muito bem desenvolvida. Estava de braços dados com Allan enquanto víamos o movimento dos carros a nossa volta.

Paramos em um café ali perto, Allan pediu dois Cupcakes e dois cappuccinos para nós, e no mesmo local, pediu para que imprimissem várias cópias do meu currículo, assim, eu não surtaria tantas vezes.
— Então... — ele pousou nosso lanche na mesa — já escolheu os lugares que quer trabalhar?
— Não faz diferença, Allan — abri o tablete de açúcar — eu preciso de um emprego.
— Vou passar pela região metropolitana de Dallas amanhã — Allan disse — se quiser posso deixar em umas empresas.
— Eu ficaria muito grata — sorri 
— Já disse que pode me pedir as coisas, Safira.
— Eu sei... — mordi meu cupcake — Eu não gosto de abusar.
— Você não abusa.
— Ah, claro. Isso é o que gente frustrada diz.
— Deixa de besteira — ele riu
— E como vai sua faculdade? — mudei o assunto entre risos
— Bem... — ele sorriu — É bem interessante.
— Eu teria dormido no segundo minuto — eu ri

Ele revirou os olhos e sorriu.
Allan fazia faculdade de filosofia, e eu admirava sua capacidade para absorver coisas assim. Eu conhecia Allan desde o colegial, e éramos muito amigos, nada de amizade colorida, era mais uma amizade fraterna.
— Você tem falado com sua família? — ele perguntou 
— Hã, sim. Meu pai tá bem, e meu irmão está trabalhando — contei 
— Seu pai já está melhor mesmo?

Olhei para minha xícara tentando não parecer mal, mas era o Allan, não tinha que esconder nada. Porém, não gostava de mostrar que meu pai estava muito mal pela morte da minha mãe. Desde que ela faleceu, ele fica muito sozinho, e eu não consigo fazer ele sair, e nem voltar para suas atividades normais. Eu já disse que foi uma morte natural, e que não merecia sofrimento- mesmo que eu mesma tenha sofrido por todo o terceiro ano escolar por isso.
— Já faz um ano... — Allan suspirou 
— E parece que nunca vai melhorar para ele — suspirei
— Logo ele melhora... — Allan segurou minha mão de forma carinhosa

Sorri para ele tentando parecer melhor.

Depois do café ótimo, voltamos para nosso prédio. Allan foi para seu apartamento e eu fui para o meu. Eu não era rica, e nem uma pobre, eu tinha um ótimo apartamento ali. Minha mãe e meu pai haviam comprado para mim assim que completei 18 anos, vim morar para cá e comecei a trabalhar meio período. Mas quando entrei na faculdade, meu emprego não cobria estágio, então eu saí e cá estou, atrás de emprego. 
Meu apartamento tinha dois quartos, uma cozinha pequena, um banheiro no corredor, e uma sala com uma pequena varanda onde eu costumava sentar para ler. Tinha janelas amplas, e arejadas, uma pintura bonita. O meu quarto já era pouco maior. Tinha uma parede vinho, com desenhos de flores e borboletas, o teto era azul marinho com luzes pequenas que pareciam estrelas; tinha uma janela de vidro ampla que me permitia ver o movimento da rua no meio da noite. Minha cama era de casal, com um criado mudo em ambos os lados, e tinha uma foto da minha família em um e, um abajur no outro; também um guarda roupa cinza, que ficava organizado uma vez por mês.
Fui até meu guarda roupa e guardei minha bolsa, pondo o meu moletom azul e meu short curto de ceda. Fui para a sala e escolhi um filme que pudesse me tirar do silêncio.
O relógio marcava 17h45min , e eu decidi jantar cedo. Fiz um omelete com suco de maracujá para mim e fui para o sofá. Uma comédia romântica passava na TV me deixando melancólica.
Eu sempre imaginei quando eu iria encontrar o cara certo para mim; o cara que me fizesse olhar para ele e ver o quanto ele gosta de mim. Às vezes me pergunto: como ele vai chegar? Ou quando? E se vai chegar mesmo. Faz três anos desde que terminei com meu namorado, eu já não aguentava planejar um futuro e ver que ele não pensava nunca em seguir em frente. Às vezes fico com medo de que não exista ninguém que pense em crescer. Será que de maduro, só existem os velhos?
Olhei para a TV vendo o filme Amizade Colorida rodar. 
Isso é só um filme... e coisas assim, só acontecem em filmes.
Comecei a comer mergulhando naquele poço de ficção.

Eu acordei cedo no dia seguinte, estava pronta para entregar meu currículo em supermercados, farmácias, e loja de roupas, e depois torcer para ser chamada para alguma entrevista. Fiquei feliz por Allan se dispor a levar mais currículos para mim.
Me olhei no espelho vendo se minha aparência estava de acordo; eu usava uma calça jeans, um salto bege, e uma blusa azul marinho por dentro da calça. Meus cabelos longos californianos estavam amarrados para o alto de forma comportada, e meus olhos negros se destacaram devido a maquiagem de dia básica.
Peguei minha bolsa e dei um longo suspiro.
Hora da batalha...

O Chefe e a EstagiáriaOnde histórias criam vida. Descubra agora