Capítulo 18- Ele

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Tá, eu a beijei, mas ela foi embora, então eu tinha que dizer tchau. 
Pensei muito no que o Sr. Jacob disse durante esses meses, e eu ainda espero alguém vir e me dizer que ele está errado. Pensei várias vezes em tentar chegar nela e dizer que queria tentar algo novo, tentar ver um lado bom nesse sentimento malino, mas então era interrompido pela voz do Sr. Jacob me dizendo que eu iria ser destruído.
Ainda estava no escritório, e o dia pareceu correr ainda mais; eu tive diversas reuniões e tive que levar Dalila comigo.
–– Dalila... –– Chamei ela pelo interfone 
–– Senhor?- ela respondeu 
–– Preciso de uma nova assistente –– avisei
–– Irei solicitar, senhor.
–– Obrigado –– desliguei

Nada iria substituir a organizada Srt. Allen, mas eu tinha que parar de pensar nisso e focar no meu trabalho, eu nunca confundi as coisas, e agora estava fazendo isso. Talvez devesse ligar para minha tia, marca um almoço em família; marcar uma corrida de carros com Thomas ou até participar de uma academia, talvez eu simplesmente devesse esquecer essa fase de chefe e estagiária que eu vivi, e parar de ser tão antiprofissional.
–– Reunião em três minutos, Sr. Magnus –– Dalila falou pelo interfone

Me levantei abotoando meu paletó e seguindo para a minha reunião.

Estava em casa neste momento, eram 20h15 e eu tentava ler um livro em paz sem pensar nela, mas isso era impossível, ela sempre estava presente.
TOC TOC 
–– Entre... –– Fechei o livro
–– Senhor...–– Joana entrou –– Telefone para o senhor.

Ela entregou meu celular e saiu, eu vi o nome de Paulo piscar na nela. Eu sabia que ele havia chegado de sua lua de mel, mas ele devia estar ocupado com sua mudança.
–– Alô? –– atendi
–– O quê você fez? –– Paulo perguntou –– achei que ia parar com isso!
–– É bom falar com você também –– suspirei –– do quê você está falando afinal?
–– Cláudia me falou que Safira se demitiu. Justo como todas as outras
–– Eu não fiz nada, Paulo –– me defendi –– eu só dei o espaço dela como ela pediu. Respeitei seus limites.
–– Cara, já passou por sua cabeça que ela esteja apaixonada por você? –– ele perguntou 
–– Não. Ela não está. Ela estabeleceu limites, disse que era para sermos só chefe e estagiária, mas eu fui teimoso. Só dei o que ela pediu.
–– Depois de quebrar todas as regras –– Paulo suspirou –– Por que não impediu ela?
–– Eu não posso! –– exasperei –– eu não... Paulo, eu tenho que ficar longe dela, mas eu não consigo, ela se demitiu, e talvez isso acabe 
–– Isso?
–– Isso que está se remexendo estranhamente dentro de mim
–– Santa porra –– disse Paulo –– Você está apaixonado, cara!
–– Não! –– rosnei 
–– Claro que está! –– ele afirmou
–– Paulo, eu posso deixar ela ir..
–– Duvido! Você quer ver ela, quer ir atrás dela, não para de pensar nela, e toda vez que diz para deixá-la ir, você sente algo rasgando dentro de você.

Como ele sabe? Como ele sabe?
–– Paulo... –– sussurrei 
–– Eu sabia! –– ela disse –– você tem que falar para ela.
–– Não! –– rosnei
–– Por que não?

Contei sobre o que o Sr. Jacob me disse. E pela bufada de Paulo, ele queria matar esse velho.
–– Então, você acha que futuramente eu vou ser destruído? –– ele perguntou –– obrigado, amigo.
–– Não... eu... não acho isso
–– Então acha que eu não tenho chance de ser tão rico como você e o velho burro?
–– Claro que não!
–– Então por que concorda com ele? –– Paulo gritou –– é isso que você quer? Envelhecer sozinho, milionário e ser um velho irritante, cara fechada que todos odeiam?
–– Não! –– berrei
–– Pois esse é seu futuro –– Paulo disse –– é isso que a ausência do amor faz. Ele te esvazia. 
–– Amor é o sentimento mais confuso que eu já vi –– suspirei 
–– Só quando você tenta entendê-lo
–– E se não é pra entender, pra que o amor serve?
–– Pra sentir. Só para isso. Quanto menos se entende, mais se ama.

Fiquei em silêncio.
–– Eu não posso tomar coragem por você –– Paulo disse –– Você decide o que vai acontecer na sua vida

Ele desligou e eu fechei meus olhos querendo entender. Cada pessoa que eu falava sobre isso, me dava uma resposta diferente. Como vou tomar uma decisão assim?
TOC TOC
–– Quem é? –– quase gritei 
–– Margô –– a voz da minha mãe de mentira ecoou
–– Entre –– falei calmo 
–– Vai querer jantar, querido?
–– Vou aceitar sim, obrigado.
–– Lhe chamarei quando estiver pronto 
–– Obrigado, Margô.
–– Por nada, deseja algo mais?
–– Eu recebi alguma ligação? Algum recado?
–– Hã. Não, senhor –– Margô respondeu.
–– Obrigado 
–– Com licença –– ela saiu

O que fazer?
Peguei meu celular e liguei para Safira. Podia pedir a opinião dela, talvez só ela possa me dizer o que fazer; ela é a pessoa certa para me dar um conselho. Afinal, esse sentimento gira em torno dela.
–– Alô? –– Uma voz masculina atendeu

Franzi o cenho. O quê um homem estava fazendo com o celular dela, e a essa hora?

–– Hã, Safira está? –– perguntei sem tirar conclusões precipitadas 
–– Ela tá no banho –– ele disse –– Quem fala?
–– É o ex chefe dela. Você pode pedir para ela me ligar? –– perguntei 
–– Ah. Tá. Posso... mas não sei se ela vai querer –– ele disse 
–– Só peça para ela me ligar –– quase rosnei 
–– Claro. –– ele desligou

Fitei o telefone e o guardei no meu bolso. Agora, eu só tinha que esperar.

Tomei um banho longo e me enrolei numa toalha. Não havia ligação alguma no meu celular, vesti uma roupa casual e fui jantar.
Meu celular estava na mesa, e eu torcia para ele começar a tocar logo, mas não havia sinal
Talvez o garoto estivesse certo e ela não iria ligar.
Fui para meu quintal e comecei a malhar. Eu tinha que pensar direito.

O Chefe e a EstagiáriaOnde histórias criam vida. Descubra agora