Capítulo 5- Ela

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Cheguei em casa acompanhada por Allan. Ele trazia nas mãos a comida mexicana e o refrigerante. Eu joguei minha bolsa no sofá e me sentei.
–– E como foi seu dia? ––Allan perguntou deixando as coisas no balcão
–– Bem. Não é difícil como achei que seria –– sorri
–– Que bom...–– ele veio para meu lado- e sua amiga? Cláudia
–– Ela está bem –– sorri –– Mandou uma foto dela hoje.
–– Vai no casamento mesmo? –– ele perguntou 
–– Vou... –– suspirei 
–– Mas não parece que você quer ir –– Allan notou

Por que será?
Não é inveja mas, eu sinto como se todos a minha volta estivessem achando seu par, menos eu. Claro que estava feliz por Cláudia estar achando seu caminho, mas fico imaginando quando será minha vez
–– Eu quero ir –– afirmei para Allan –– Só é triste.
–– Triste?
–– Triste que até agora eu não tenha achado ninguém depois do meu último relacionamento há três anos.
–– Isso leva tempo –– ele segurou minha mão –– E talvez você já tenha achado. Só não consegue ver.

Olhei para ele vendo seu olhar brilhante. 
–– Claro que não achei –– me levantei –– eu sentiria se o amor da minha vida estivesse perto de mim. Não acha?
–– Acho que só pode sentir algo quando você sabe que está lá –– Allan disse
–– Tá... –– revirei meus olhos - vou servir nosso jantar que é melhor do que falar sobre amor.

Ele riu. E eu segui para o balcão.
–– Tem planos para amanhã? –– Allan perguntou 
–– Vou visitar meu pai pela parte da manhã –– Falei colocando o tacos em um prato –– aproveitar já que segunda feira começam as aulas.
–– E de lá para o trabalho? –– Allan perguntou
–– Depois vou atrás de um vestido –– servi o refrigerante –– Tenho um evento no sábado. Trabalho.
–– Que chique –– Allan riu
–– Pois é ––peguei os pratos e trouxe para a mesa –– depois vou trazer o vestido para cá e então ir para o trabalho.
–– Vai dá tempo?
–– Vai sim...––afirmei ––sou rápida.
–– Se precisar...
–– Já sei...––pisquei para ele –– você é um príncipe

Peguei nossos copos e juntos começamos a comer, falando sobre diferentes coisas ao mesmo tempo.
–– Como é seu chefe? ––Allan perguntou 
–– Jovem...–– falei mordendo meu jantar –– ele tem um olhar estranho. Avaliador e provocante. Te faz se sentir fora de contexto 
–– Não se deixe intimidar –– Allan disse
–– Eu sei. Se eu deixar não vou conseguir trabalhar ––dei de ombros –– É só meu chefe. E ele não me assusta, me sinto até bem.
–– Por quê?
–– Porque naquela empresa todos parecem ser mais profissionais do que eu –– juntei as mãos sobre a mesa ––mas quando faço as coisas para ele, parece que estou certa. Mesmo que no primeiro olhar eu tenha me sentido a pessoa mais errada do mundo.
–– Você deve ser a única pessoa que gosta do chefe –– Allan riu
–– Ele não fez nada ainda que me faça sentir raiva–– defendi –– mas acho que é uma questão de tempo. 
–– É. O importante é o pagamento no fim do mês 
–– Um brinde a isso –– ergui meu copo 
–– Ele é casado?
–– Sei lá. Não conheço ele, Allan –– eu ri
–– Ah. É... –– Allan concordou
–– Mas acho que ele tem algo com a secretária –– comentei –– ela parece gostar muito dele.
––Ele é rico e jovem, dessa forma fica fácil –– Allan bufou
–– Nada de atrativo nisso- retruquei 
––Para alguns..
––Agora você falou certo.
–– Chega de falar do seu chefe... ––Allan riu
–– Que bom. Achei que ia me pedir o número dele –– zoei
–– Acha que consegue? –– ele entrou na onda
–– Allan! ––gargalhei
–– Parei.... –– Allan foi para o sofá 
–– Coloca em algum filme bom –– pedi levando a louça para pia

Ele escolheu um filme de terror, e eu fui para o lado dele esperar o fim da noite de um jeito comum e tranquilo.

Eram 21h45min quando Allan foi para sua casa. Eu tomei um longo banho e fui deitar; eu dormia de calcinha e moletom, pois sempre fui muito jogada em relação a ficar em casa. Afastei meu cabelo, abracei meu travesseiro, e fiquei olhando para a parede esperando o sono me levar dali.

O Chefe e a EstagiáriaOnde histórias criam vida. Descubra agora