Capítulo 22- Ele

26.4K 1.9K 153
                                    

Estava lendo no meu escritório na frente da minha janela, o dia estava se encerrando deixando o céu rosa e laranja na medida que o sol sumia. O livro em minhas mãos era interessante, porém, não entendo porquê essas mocinhas insistem em terminar tudo por uma besteira. Isso é patético. Mas ainda sim, não parava de ler, queria saber qual seria a coisa milagrosa que faria os dois voltarem nos últimos parágrafos do livro.
Meu celular tocou, atrapalhando minha leitura. Suspirei e atendi:
–– Alô? –– quase bufei
–– Nicholas. –– uma voz engasgada surgiu do outro lado da linha, uma voz feminina desesperada –– Sou eu. Safira.

Meu coração acelerou e eu saltei da minha poltrona derrubando o livro no chão 
–– Safira? –– quase gritei de nervosismo –– O que houve?
–– Preciso de você ––ela soluçou 
–– Onde você está?
–– Em casa. por favor, vem aqui.
–– Estou indo. Se acalme –– falei

Ela desligou e eu corri. Já estava de calça jeans e então corri para vestir uma camisa. Peguei meu carro preto e buzinei para Thomas abrir o portão. Devo tê-lo assustado, pois quase o atropelei.
Na minha cabeça, eu já fazia os cálculos de quanto eu teria que pagar de multa; eu simplesmente não via a sinalização, e nem me importava com o que eu tinha que obedecer ou não.

Parei na frente da casa de Safira minutos depois, não morávamos tão longe. Eu saltei os degraus e bati na sua porta. Minha ansiedade estava exposta, assim como meu medo. O que houve com ela?
Quando a porta se abriu, minha respiração se foi. Ela estava chorando, os olhos vermelhos, os lábios brilhando e a respiração ofegante. Dei um passo a frente a puxando para meu abraço e fechando a porta com o meu pé.
–– O que houve? O que te fizeram? –– perguntei 
–– Nicholas... ––ela soluçou 
–– Sshh... –– levei ela para o sofá e a trouxe para meu colo –– estou aqui. Como pediu. O que houve, Safira?
–– Meu irmão...meu irmão morreu, Nicholas –– ela contou

Meu coração acelerou mais e então eu não sabia o que dizer. Ela voltou a chorar e eu me sentia um inútil. Minhas mãos desciam e subiam por seu braço, enquanto ela chorava sobre meu peito; não tinha nada que eu pudesse fazer a não ser esperar que ela chorasse tudo que estava sentindo.

O sol já tinha ido, a sala estava pouco iluminada devido a luz do poste do lado de fora. Safira já não chorava mais, ela apenas respirava, e eu acariciava seu braço ainda.
–– Sinto muito...–– sussurrei –– eu não sei o que te dizer.
–– Isso basta –– ela me abraçou –– Você aqui já é o suficiente.
–– Eu queria tanto te ver –– sussurrei 
–– E por que não veio? –– ela se afastou para me olhar
–– Porque você não queria –– disse o óbvio –– eu liguei e você não retornou, vim aqui, mas...
–– Você ligou? Quando? Veio aqui?
–– Vejo que seu amigo não disse nada –– murmurei 
–– Allan? –– ela rosnou ––Ele atendeu você?
–– Sim.
–– Merda. Era por isso que ele estava com meu celular. –– ela estava com raiva agora
–– Não estou entendendo –– admiti
–– Allan disse que está apaixonado por mim. Ele não avisou nada sobre você. E nunca iria avisar.
–– Filho da...
–– Eu nem sabia que você veio aqui –– ela sussurrou –– eu...eu queria muito te ver também.

Algo se encheu dentro de mim, meu estômago deu cambalhotas e eu senti aquele desejo de beija-la.
–– Queria? –– sussurrei surpreso 
–– Claro... –– ela me olhou –– Estava com saudades suas.
–– Safira... –– puxei ela para meu abraço–– Eu também. Eu queria te dizer uma coisa, mas não acho que seja o momento.
–– Diga –– ela pediu

Agora sim eu estava prestes a ter um ataque cardíaco.
–– Eu... eu andei pensando –– sussurrei –– E tudo mudou desde que te conheci. Eu estou apaixonado por você...

Ele prendeu a respiração e eu não sabia se isso era bom.
–– Eu queria ficar com você –– continuei –– Queria namorar com você, porque eu nunca senti nada como o quê eu sinto por você.

O Chefe e a EstagiáriaOnde histórias criam vida. Descubra agora