Capítulo 11- Ela

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Sábado 
04 de abril

Eu já estava pronta; e saber que seria madrinha do casamento de Cláudia fazia eu me arrepender de ter escolhido esse vestido. Porém, ele caiu perfeitamente. Ela disse que me apresentaria ao padrinho quando eu chegasse, eu não me importava, a não que ser que ele me fizesse esquecer o desejo obsceno que estou tendo pelo meu chefe; só nessa semana eu tive diversos sonhos eróticos, todos com o justo. E depois daquele beijo ficou mais fácil me deixar levar. Eu prometi para mim que não iria ficar indiferente com ele, prometi que iria ser profissional o suficiente para esquecer aquele beijo, porém, é difícil esquecer de algo que você gostou.
Pus o vestido e subi nos meus saltos pretos de franjinha. Amarrei parte do meu cabelo, e fiz uma maquiagem também californiana das mesmas cores do vestido. Me olhei no espelho tentando achar as imperfeições - que não eram difíceis. Eu era tão magra, tão branca e tão estúpida.
Revirei os olhos e fui pegar minha bolsa.
TOC TOC
–– Safira? –– ouvi a voz de Allan
–– Pode entrar –– falei

Ele entrou e então deu um amplo sorriso. Eu dei uma girada fazendo uma pose no final.
–– Como estou? ––perguntei 
–– Linda... –– ele sussurrou 
–– Obrigado... –– gargalhei 
–– Vai aparecer mais que a noiva.
–– Claro que não –– revirei meus olhos
–– Minha opinião.
–– Cláudia vai estar como uma princesa de porcelana 
–– Tá. Tá...–– ele riu
–– Bom, melhor eu ir –– falei 
––Vai de Táxi?
–– Vou. Já Chamei –– fui até Allan e beijei a bochecha dele –– até mais.
–– Esqueceu o Batom –– Ele disse
–– Droga! –– corri para passar um batom Matte vinho.

Pronto!
Soprei um beijo para Allan e saí sabendo que ele fecharia a casa para mim.
Entrei no táxi recebendo um olhar aprovador do taxista. Dei todo o endereço e então parti para a festa.

Estava tudo bem arrumado, tudo brilhando; tinha pessoas sorrindo uma para as outras, e eu via apenas Paulo cumprimentando seus convidados. Olhei ao redor, me sentindo completamente fora de contexto.
–– Safira? –– ouço meu nome ser pronunciado por uma voz feminina

Viro-me encontrando a mãe de Cláudia com um grande sorriso.
–– Olá... –– sorri
–– Oh. Querida, que bom que você veio- ela me abraçou ––Cláudia sentia tanto sua falta.
–– E eu a dela.
–– Fico tão feliz que você aceitou ser madrinha - ela sorriu para mim
–– Não podia recusar- corei 
–– O padrinho ainda não chegou, mas é um grande amigo de Paulo –– ela disse
–– Tá bem... –– assenti –– onde está Cláudia?
–– Está no andar de cima do salão. Terminando de se arrumar.
–– Vou vê -la antes da cerimônia –– avisei
––Quando o padrinho chegar eu lhe chamo –– ela falou 
–– Tá bem. Obrigado.

Subi as escadas rumo ao andar de cima, e dentro de uma sala com altos espelhos estava Cláudia. Ela parecia uma princesa, como havia dito, os cabelos louros amarrados em um penteado perfeito, com duas mexas caindo em seu rosto como ouro. Ela me olhou assim que entrei.
–– Safira! –– Ela veio me abraçar e eu podia sentir seu coração acelerado 
–– Ei. Calma...––sorri
–– Estou tão nervosa ––ela disse
–– Não se preocupe –– olhei para ela –– vocês se amam demais.
–– Eu sei. Eu...estou tão feliz –– ela ia chorar
–– Ei...–– repreendi –– nada de borrar a maquiagem. 
–– Obrigado por estar aqui.
–– Quando precisar. Sou sua amiga. Sempre –– abracei ela mais uma vez
––Já viu o padrinho? –– ela perguntou 
–– Não. Ele ainda não chegou ––avisei 
–– Paulo está com medo que ele não venha...–– Ela suspirou 
–– Vai dá tudo certo –– sorri
–– Quem sabe você não gosta do padrinho –– ela riu
–– Se for para me tirar da confusão que me meti. Eu aceito.
–– O quê houve?
–– Eu beijei o meu chefe –– contei 
–– O quê? ––ela saltou
–– Na verdade, ele me beijou. Mas o caso é que eu gostei...e não posso deixar isso acontecer.
–– Por que não?
–– Porque ele é um galinha
–– E você beijou o galinha do seu chefe? ––ela riu
–– Ele é gostoso –– gemi derrotada
–– Ah. Eis a questão –– ela cruzou os braços –– se deixar levar, ou correr para longe da atração?
–– Deixar e depois correr?
–– Sempre dá errado.
––Eu sou uma estúpida –– suspirei
–– Olha, por que você acha que ele é um galinha?
–– Porque todas as assistentes dele nunca duraram mais de três meses –– fiz beicinho
–– Isso é um problema –– ela concordou 
–– Ele diz que mudou–– suspirei 
–– Oh, isso é um ponto –– Cláudia sorriu
–– Mas não parece ser uma desculpa qualquer? –– cruzei meus braços 
–– Você nunca vai saber se não arriscar. Para de ouvir o quê os outros falam e tire suas próprias conclusões –– Cláudia disse me fazendo pensar

TOC TOC
–– Meninas? –– a mãe de Cláudia entrou
–– Oi, mãe –– Cláudia sorriu
–– Você tá tão linda –– a mãe dela chorou
–– Ah, vamos. Sem choro –– incentivei
–– Oh, Safira. O padrinho chegou –– a mãe de Cláudia disse para mim
–– Bom, melhor eu ir –– sorri para Cláudia 
––Te vejo lá fora ––Cláudia me abraçou mais uma vez –– pensa no que eu te disse. E vê se o padrinho dá pro gasto.
–– Tá bem... –– eu ri e saí

No salão, todos tomam seus lugares, eu olhava envolta na busca da pessoa na qual eu ficaria ao lado no altar.
–– Safira! –– Paulo veio até mim 
––Oi... –– sorri para ele –– você tá bonito 
–– Obrigado... –– ele sorriu ––venha. Vou te levar até o Nicholas

Nicholas?
Meu sorriso se foi.
–– Como é? –– perguntei

Nos viramos e então demos de contra com ele. 
Ele vestia um Smoking brilhante, tinha um sorriso perfeito, estava perfumado e seus cabelos arrumados para trás. Quando ele me viu, ficou igualmente surpreso.
–– Já íamos atrás de você ––Paulo falou
–– Safira? –– Nicholas disse
––Sr. Magnus... ––sussurrei 
–– Já se conhecem? –– Paulo perguntou para Nicholas 
–– Ela é minha assistente na empresa –– Nicholas falou como se fosse um código 
–– Ah –– Paulo me olhou –– Ah. Deus...que loucura.
–– Nossa, que coincidência –– sorri ainda surpresa 
–– Muita mesmo –– ele sorriu
–– Bem. Então, não preciso apresentar –– Paulo se mexeu desconfortável 
–– Não...–– Nicholas sorriu para ele 
–– Paulo! –– a mãe de Cláudia surgiu ali –– vamos para o altar. E os padrinhos também!
–– Sim, senhora –– Nicholas sorriu para mim oferecendo seu braço

Eu aceitei de bom grado e juntos fomos para o altar.
–– Você está linda –– Nicholas sussurrou 
–– Você também ––disse deixando a formalidade de lado

Não estávamos no trabalho, então, não era necessário tratá -lo como senhor.
Paramos em nossos lugares no altar, em seguida, a marcha nupcial começou; bolhas foram soltas por todo o salão e então na porta Cláudia surge. O sorriso de Paulo vai de orelha a orelha e ela vem caminhando, como se estivesse transe. Mordo os lábios tentando evitar o choro precoce.

Quando Cláudia chega em seu amado, a cerimônia se dá início, e por instinto eu começo a olhar para Nicholas que também olha para mim; seu olhar não me assustava, apenas me dava um frio na barriga, eu não conseguia desviar meus olhos dele, e ele não parecia ter forças para isso também.

Todos batem palmas, e eu me assusto com o som, só então vejo que o aceito já foi dito, e que eles já estavam casados. Fiquei a cerimônia toda totalmente aérea.
Eu sorrio para todos, e começo a bater palmas também, mas não consigo resistir a tentação de olhar para Nicholas de novo.
Se deixar levar ou correr para longe da tentação?
Eis a questão, Safira.

O Chefe e a EstagiáriaOnde histórias criam vida. Descubra agora