Capítulo 12- Ele

28K 2.2K 138
                                    

Todos batiam fotos com os noivos; eu bebia um pouco de vinho de forma elegante. Cláudia tinha muitas amigas, e a maioria estava olhando para mim de forma desejosa, menos uma. Safira estava ao canto segurando uma taça de champanhe e sorrindo para os convidados. Dei um passo para ir até ela, mas Alfredo chegou primeiro. Parei em meu lugar apenas observando os dois
–– Com licença ––uma voz feminina ronronou ali perto

Olhei para o lado vendo uma garota morena de olhos mel sorrir para mim.
–– Você é amigo do noivo certo? ––ela perguntou 
–– Sim...––sorri educado –– Nicholas Magnus 
–– Oh. Sou Talita, amiga da noiva–– ela corou
–– Prazer... –– olhei para Safira

Ela me olhava com uma expressão diferente que eu não conseguia decifrar, ela piscou e voltou a falar com Alfredo 
–– Está tocando uma música tão bonita ––Talita comentou

Olhei para ela e então vi casais dançando no salão assim como os noivos.
–– Sim, é bem bonita –– concordei 
–– Vamos dançar? –– ela perguntou

Não! 
–– Bom, eu...
–– Então vamos... ––ela pegou minha taça de vinho e pois na mesa, puxando-me para o centro do salão.

Pus minha mão na cintura dela e ela enlaçou meu pescoço, lançando um olhar cúmplice para suas outras amigas. Olhei para Safira que parecia estar dispensando Alfredo, que estava insistindo como ele sempre fazia. Safira deu um sorriso que não era seu, e então veio para o salão com Alfredo.
Senti alguém pisar no meu pé e eu quase soltei um palavrão. Olhei para Talita que sorria para mim.
Ela não sabia dançar...
Sorri educado e então girei ela, mas foi uma péssima idéia porquê ela pisou no meu pé de novo.
Quando a música finalmente parou eu quase gritei de alívio.
–– Você dança muito bem –– ela disse
–– Questão de prática –– falei sem retribui o elogio
–– Ei Nicholas ––Alfredo veio até mim acompanhado por Safira
–– Oi...––sorri e olhei para ela
–– Posso dançar com Talita? –– Alfredo pediu

Claro. Leve. E não devolva.
–– Pode sim...–– falei recebendo um olhar de Talita

Ela sorriu de má vontade e foi com ele. Safira riu atraindo meu olhar.
–– Que foi? –– perguntei 
–– Falei para Alfredo que, talvez, Talita estivesse a fim dele –– Safira falou –– estava cansada de ver ela pisar no seu pé.
–– Acho que ganhei uns calos –– zombei ––obrigado por salvar meus pés.
–– Por nada...–– ela sorriu

A música All about us começou a tocar. Levado pela letra, eu peguei a mão de Safira. Ela me olhou supresa e eu levei ela para o salão. Seu sorriso tímido surgiu, e eu senti meu coração acelerar sem controle; começamos a dançar sem erros; olhos nos olhos, sorrisos combinando, mãos juntas, corpos quase grudados. Eu não via ninguém, meu foco era apenas ela, eu tinha apenas ela aqui. Sentia meu coração voar, minha mente viajar para um mundo onde éramos só nós. Depois lembrei de quando ela disse que não misturava as coisas , e de que não era para mim ultrapassar o limite. Senti tudo que montei em minha cabeça desmoronar e vi que nos meus braços eu tinha a garota que podia me ferir por dentro.

Quando a música parou nós sorrimos um para o outro ainda pouco aéreos.
–– Obrigado pela dança –– sussurrei
–– Por nada –– ela corou ––Sabe, eu notei o jeito que Paulo ficou quando você falou sobre eu ser a sua  estagiária.
–– Ah?–– ergui minhas sobrancelhas 
–– Você fala de mim com ele? ––ela semicerrou os olhos

Eu sorri de lado vendo que ela não deixava passar uma.
–– Ei! –– Cláudia chegou com Paulo –– Vocês se deram bem, não é?
–– Eles se conhecem, amor ––Paulo disse
–– Ele é meu Chefe ––Safira disse para Cláudia como se fosse um código 
–– Ah! –– ela parecia surpresa assim como Paulo quando eu falei Sobre Safira––Caramba. Que loucura.
–– Não é? –– Paulo me olhou 
–– Mas hoje sou apenas eu... ––mudei o assunto
–– Fico feliz por ter vindo ––Cláudia agradeceu
–– Não perderia esse momento por nada ––Bati no ombro de Paulo 
––Obrigado mesmo, Nicholas –– ele agradeceu 
–– Vamos bater fotos com os padrinhos –– Cláudia chamou o fotógrafo

Safira me olhou nervosa. Ficamos lado a lado e então batemos todos a foto. Cláudia e Paulo foram falar com os outros e eu fui para o lado de Safira.
–– Sabe... ––comecei –– Notei como Cláudia ficou quando você falou que sou o seu chefe.

Ela me olhou como se notasse a semelhança proposital.
–– Fala de mim com Cláudia? –– perguntei

Ela corou e deu um sorriso tímido.
–– Talvez... ––ela deu de ombros 
–– Espero que bem
–– O mesmo digo sobre suas conversas com Paulo –– ela revidou
–– Como falar mal de você, Srt. Allen? ––provoquei 
–– Safira... ––ela corrigiu –– hoje sou Safira.

Olhei fundo em seus olhos e ela suspirou.
–– Não me olha assim ––ela pediu
–– Assim? ––perguntei
–– Como se estivesse me pedindo algo.
–– Não estou pedindo nada.
–– Estamos ultrapassando o limite –– ela lembrou que nada queria comigo
––Bem, não estamos trabalhando –– pedi desculpas 
–– Segunda estaremos ––ela retrucou
–– Tem razão –– olhei pra o outro lado vendo os pais de Paulo

Minha deixa.
–– Bom, eu vou indo então –– sorri educado 
–– Para onde vai? ––ela parecia desapontada
–– Falar com os pais de Paulo –– apontei –– e respeitar o limite.

Saí antes que ela me convencesse a quebrar minha ordem com aquele olhar meigo que ela tem.

Os pais de Paulo estavam felizes em me ver, fizeram diversas perguntas, sorriram, e me abraçaram antes que eu fosse me sentar em um canto reservado. Paulo me notou e veio até mim deixando Cláudia com suas amigas.
–– Ei...––ele sentou em uma cadeira vazia –– o quê faz aqui?
–– Bebendo champanhe e pensando –– falei
–– Não é uma boa combinação –– ele notou –– foi a Safira?
–– Ela não quer nada comigo ––tomei outro gole ––isso é certo. Não tem nada.
–– E isso é ruim?
–– Não. Está tudo bem –– sorri –– Mas eu acho que eu a quero.
–– Isso é um problema?
–– Ela não me quer, e eu não vou insistir.
–– Ela respeita o fato de vocês trabalharem juntos. Mas não quer dizer que ela não esteja querendo você.
–– Estou ficando confuso, e isso não acontece –– suspirei
––Olha, você precisa de uma namorada–– ele disse –– devia tentar.
–– Tá. E parabéns por seu casamento –– sorri
–– Obrigado ––ele levantou e voltou para o lado de Cláudia.

Cláudia subiu no palco com o buquê em mãos. As mulheres solteiras foram para o centro do salão, procurei Safira mas ela estava atrás, sem tentar pegar o buquê, apenas parada olhando todas. Fui até ela não conseguindo me manter longe.
–– Não vai pegar o buquê? ––perguntei recebendo seu olhar meigo
–– Vou ficar aqui atrás porque Cláudia quer. Mas não faço questão –– ela deu de ombros
–– Não quer se casar?
––Quero muito –– ela disse rindo –– mas se não vier o que eu posso fazer?
–– É. talvez ele surja –– falei tentando parecer comum com a ideia ––Deixa eu me afastar dessa confusão –– eu ri

Fui para longe das garotas afobadas, Safira apenas olhava tudo; quando Cláudia jogou o buquê todos seguiram o seu trajeto, e então, ele foi para cima de Safira que por instinto agarrou o buquê na tentativa de se proteger. Todos bateram palmas e ela olhou para mim. 
Para mim! Ela olhou justo para mim!
Meu coração acelerou vendo o poder que Safira tinha em mim.

O Chefe e a EstagiáriaOnde histórias criam vida. Descubra agora