Capítulo 15- Ela

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Abri meus olhos quando um feixe de luz entrou pela janela; ganhei foco na medida que eu piscava, notando em seguida que não estava em casa. Eu subia e descia, sentindo batimentos cardíacos no meu rosto, logo notei que estava deitada sobre Nicholas no sofá de seu escritório. Seu rosto estava tranquilo, sua respiração controlada; sua cabeça estava apoiada no braço do sofá, suas mãos em torno do meu braço, como se tivesse feito-me carinho até dormir. Nós estávamos vestidos, então deduzi que não tínhamos feito nada, fora a regra que quebrei ao beija-lo ontem. Abracei mais seu corpo e pousei minha cabeça de volta ao seu abdômen, sentindo seu calor e ouvindo seus batimentos. Era tão errado eu estar aqui, mas eu não queria largar ele, mesmo que não fiquemos juntos, eu queria ser capaz de ficar perto dele. Eu não podia me permitir fugir para longe. Ele se mexeu, e eu fechei meus olhos fingindo estar dormindo.
–– Que houve? –– ele murmurou –– Oh! Safira?

Não respondi.
Ele tocou meu rosto com as pontas dos dedos e eu resisti ao impulso de abrir os olhos.
–– Você é tão linda –– disse ele

Não fale assim... por favor...
Seus dedos vieram para meus lábios e então eu fui abrindo meus olhos devagar. Ele afastou sua mão, e eu o olhei.
–– Somos péssimos em virar a noite –– foi a primeira coisa que ele disse
–– Bom dia –– eu ri –– somos o mais estranho exemplo de chefe e Estagiária que existe, se quer saber.
–– Concordo –– ele riu

Me afastei de seu corpo podendo me espreguiçar, ele se levantou tirando a camisa de dentro da calça, ficando ainda mais jogado, como um aluno rebelde do colegial.
–– Uau... não lembro de nada –– esfreguei meus olhos 
–– Lembro de umas coisas –– ele disse –– Fomos para o sofá tomar o café...depois não sei...
–– Colocaram algo em nossa bebida? –– zombei
–– Espero que não –– ele passou as mãos no cabelo e olhou para o relógio –– São 07h45. E não estou com vontade de trabalhar 
–– Exemplo de chefe –– amarrei meu cabelo ––você devia tirar uma folga.
–– Folga? –– ele perguntou como se essa palavra fosse estranha
–– Você é o dono da empresa. Qual a graça se não pode sair quando quiser?
–– Bom, vendo por esse lado...
–– Saia desse escritório –– sugeri –– vai relaxar.

Ele analisou e então me olhou travesso.
––Se você vier comigo –– ele deu de ombros 
–– Eu? ––quase cuspi 
–– Sim. Você teve a idéia –– ele pôs as mãos no bolso
–– Tenho trabalho.
–– Posso te dar um dia de folga.
–– Não sei...–– mordi meu lábio 
––Por favor, você sabe melhor o conceito de diversão ––ele riu

Eu podia fazer isso. Não era problema.
–– Tá bem –– sorri –– Mas se prepare para ser jovem de novo. E vamos tirar suas roupas.
–– Tirar minhas roupas? –– Ele sorriu travesso
–– Quero dizer...–– corei –– Você vai ter que trocar de roupas.
–– Ah. Melhor. –– ele riu da minha reação 
–– Bom... –– peguei minha bolsa –– Tenho que passar em casa.
–– Pode passar. Eu busco você...?
–– Às 10h... –– falei –– vai ser um dia bem louco.

No meu apartamento, eu joguei minha bolsa para o lado e me lancei sobre o sofá. Minha respiração estava irregular e eu tentava entender o quê eu tinha bebido para aceitar sair com o meu CHEFE! 
Eu devo ter batido a cabeça ou respirado um gás tóxico.
TOC TOC 
Fui atender e do lado de fora estava Allan.
–– Ei! ––sorri
–– Onde você estava? Me deixou preocupado! –– ele disse em pânico 
–– Ah. Desculpe... –– cruzei os braços envergonhada –– Eu acabei virando a noite no trabalho
–– Ele já tá exigindo coisas assim? 
–– Eu me ofereci, Allan –– revirei os olhos
–– Ah? –– ele parecia surpreso 
–– Tenho que ir –– falei –– vou passar o dia fora.
–– Vai pra onde? ––ele parecia irritado
–– Vou sair, Allan.
–– Tá. Só estou preocupado, desculpe –– ele disse
–– Tudo bem –– Suspirei –– eu vou me cuidar.
–– Tá. Me ligue qualquer coisa ––ele beijou minha testa e saiu

O Chefe e a EstagiáriaOnde histórias criam vida. Descubra agora