Capítulo 20- Ele

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Ela não me ligou. Claro que não.
Eram 15h, o sábado estava ensolarado e eu apenas queria falar com ela. Eu estava deitado na minha cama observando a luz do sol que invadia meu quarto, eu estava com minhas calças de pijama, e havia esquecido onde pus minha camisa. Eu queria poder dizer que minha cabeça estava pensando em muitas coisas, mas no momento, minha cabeça só conseguia pensar nela.
Talvez devesse ir na casa dela, afinal, aquele garoto pode ter esquecido de dar o recado.
Olha só pra mim, tentando dá justificativas para a rejeição dela.
Mas não custa eu ir lá.

Saltei da cama e fui para o banho; não me demorei muito e logo escolhi uma roupa simples. Apressei o passo pelos corredores da minha casa dando de contra com Margô.
-- Oh. Desculpe -- pedi
-- Tudo bem...-- ela sorriu-- não vai tomar café?
-- Ah? Não. Talvez na volta -- falei continuando meu caminho

Peguei as chaves do meu carro esporte e fui até ele.
-- Bom dia, Sr. Magnus -- Thomas me cumprimentou
-- Bom dia, Thomas -- falei -- pode abrir o portão, por favor?
-- Claro. -- ele correu

Entrei no meu carro e acelerei, buzinando em sinal de adeus. Segui pelas ruas de Dallas sentindo meu coração acelerado; eu estava prestes a me declarar para ela, a pedir sua opinião sobre minha paixão por ela. Como será que ela vai reagir? Será que ela vai aceitar? Não posso pensar nela me rejeitando, isso me agonia.
Parei em frente ao prédio dela e saltei para o lado de fora.

Sabia onde ela morava graças ao evento no qual tive que buscá-la. Subi as escadas nervoso e quando bati na porta, eu sabia que não tinha mais volta. Bati mais uma vez e dessa vez mais alto. A porta da frente do apartamento dela se abriu e um garoto sai. Eu o reconhecia, ele foi buscar Safira no trabalho uma vez.
-- Posso ajudar?-- ele perguntou, e sua voz era a mesma do telefone.
-- Vim ver Safira -- falei
-- Você é o Ex chefe. -- ele cruzou os braços
-- Sou...-- pus as mãos no bolso
-- Ela saiu. -- ele disse -- E ela não quer ver você.
-- E como você pode afirmar isso?
-- Porque falei do seu telefonema e ela não quis retornar-- ele disse
-- Ah...-- me senti desconfortável
-- Não está acostumado a ser rejeitado, é?
-- E você quem é? O que é pra ela? -- quase rosnei
-- Isso não importa pra você -- ele disse -- só tenha em mente que me declarei para ela, disse que sou apaixonado por ela.
-- É por isso que ela não está casa? -- apontei
-- Olha aqui...-- ele deu um passo em minha direção -- deixa ela em paz. Ela precisa apenas de mim. Senão deixar, eu...
-- Não me ameace. -- trinquei os dentes -- Você não me assusta.
-- Safira não quer nada com você -- ele disse-- Ela me disse isso. E se ela te ver aqui vai te destruir como fez com o Ex dela. Tô te fazendo um favor.

Destruir...
Essa palavra de novo...
-- Eu já vou...-- assenti -- Ah. Se me ameaçar de novo, vai se arrepender.

Ele me olhou irritado, mas não disse nada. Saí em passos largos e fui embora agradecendo ao porteiro por me deixar entrar.

No caminho pra casa, eu tentava me convencer de que eu já tinha feito o suficiente. Eu havia tentado, fui atrás dela, liguei e tudo mais. Agora eu não tinha mais opções. Era melhor deixar as coisas como estão, era melhor esquecer toda essa história.

Na minha casa, eu me dirigi ao meu escritório para trabalhar, era a única coisa que eu podia fazer. Minha empresa era monitorada constantemente, e eu sabia que neste momento haviam várias pessoas capacitadas para resolver qualquer problema que venha a surgir. Meu celular vibrou e eu atendi sem olhar
-- Alô?
-- Querido? -- a voz da minha tia saiu pelo telefone
-- Tia, que surpresa -- falei
-- Não seria se você falasse mais vezes comigo -- ela disse
-- Eu sei. Eu estou muito ocupado estes dias -- encurtei
-- Mas, hoje é sábado -- ela disse -- venha lanchar comigo hoje
-- Não sei, tia...-- suspirei
-- Você não parece bem, talvez eu ajude -- ela disse

Fiquei tentado. Afinal, todo mundo já havia se manifestado sobre esse assunto, minha tia seria mais uma, e talvez ela ajude.
-- Eu estou indo...-- afirmei
-- Ótimo -- ela comemorou --estou esperando.

Depois que ela desligou, eu fechei meu notebook e fui para a garagem pegar meu carro. Escolhi meu carro preto e segui caminho para ir ao encontro de minha tia.

Ela estava elegante como sempre, joias ao redor do pescoço e penduradas nos braços. Um vestido longo azul marinho e o cabelo vermelho preso para o alto. Saí do carro e ela veio sorrindo para mim.
-- Você está tão bonito querido --ela beijou minha bochecha
-- Obrigado, então, aonde vamos?-- perguntei
-- Tem uma lanchonete ali perto -- ela agarrou meu braço
-- Você vai em lanchonetes? -- queria rir
-- Claro -- ela bufou -- e não zombe de mim.
-- Desculpe... -- sorri
-- Então, o que te aflige?
-- Estou em uma situação desconfortável -- comecei
-- Me conte -- ela mandou

Falei sobre Safira e sobre meus sentimentos para ela; nos sentamos em uma mesa na tal lanchonete no mesmo tempo que terminei de contar minha história.
-- Você está apaixonado -- ela sorriu
-- Já sei disso -- bufei
-- E o que falta?
-- Ela não quer me ver.
-- Ela disse isso?
-- Na verdade...
-- Já vi que não.
-- Eu liguei para ela, e ela não quis me retornar.
-- Ah. Então é ruim -- ela suspirou -- talvez, ela ache que você nunca quis nada com ela.
-- É, no começo eu deixei a entender -- admiti
-- Então, dei o tempo dela -- Minha tia sugeriu
-- Mas o amigo dela se declarou para ela, e se ela...
-- Esse garoto é o terceiro -- minha tia revirou os olhos -- se ela gosta de você, vai saber escolher.
-- Então, tenho que esperar?
-- Sim...-- minha tia afirmou -- esperar é sua única opção.
-- Eu sou péssimo em esperar -- bufei
-- Ah, eu lembro -- ela riu

Tive uma tarde agradável com minha tia, e agradeci muito a ajuda dela, afinal, eu finalmente tinha ouvido uma opinião diferente que não me fez ficar mais confuso. De volta para casa, eu estava mais aliviado, e eu fiquei imaginando quanto tempo eu teria que esperar.

Cheguei em casa e por surpresa encontro Paulo na minha sala.
-- Paulo? -- franzi o cenho
-- Achei que não ia mais voltar pra casa -- Paulo levantou.
-- Se me ligasse, seria mais fácil -- revirei meus olhos -- o que faz aqui afinal? Não devia estar mobiliando sua casa?
-- Acabamos já -- ele disse -- E Cláudia foi buscar umas coisas na casa da mãe, então eu disse que viria aqui.
-- Ah...-- me sentei no sofá
-- Então? Foi falar com Safira? -- ele perguntou
-- Não... -- contei -- ela não quer falar comigo
-- Ah? Entendo.
-- Vou esperar.
-- Ela disse por quê não quer te ver?
-- Não. Na verdade, eu liguei para ela, aí o amigo atendeu e ela não me retornou... --contei -- fui na casa dela, e o amigo dela disse que ela não quer falar comigo.
-- Cláudia vive dizendo que temos que parar de avaliar os outros por outros olhares, e começar a tirar nossas próprias conclusões -- Paulo disse
-- Sua esposa é uma filósofa?-- perguntei
-- Acho que sim -- ele sorriu
-- Cara, eu já não sei que conselho seguir -- coloquei as mãos no rosto
-- É, todo mundo tem algo a dizer -- Paulo riu
-- Olha, talvez ela ligue pra mim, não sei, eu vou esperar. -- dei de ombros. -- mas tenho que parar de tentar métodos impossíveis, isso tá me enlouquecendo. Eu quase dei um soco na cara daquele amigo dela, mas eu sei que ela não ia gostar.
-- Ele deve estar afim dela.
-- Ele estar -- afirmei -- e não sei se ela vai querer ele.
-- Eu acho que ela quer você -- Paulo disse
-- Isso porque você é meu amigo --revirei meus olhos
-- É. Bom, vamos jogar vídeo game? Tô muito afim.
-- Tá. -- assenti -- vamos.

Fomos para a sala de eletrônicos, sermos jovens um pouco.

O Chefe e a EstagiáriaOnde histórias criam vida. Descubra agora