O Maserati estava parado ao lado de um acostamento cheio de neve. Pessoas caminhavam não tão longe, parecendo animadas com a iminente presença do sol.
Admirei-as por três longos segundos antes de entrar no carro. O caminhão estava parado no outro lado da rua, onde os homens cochichava sobre sermos muito brancos e como Nicholas parece um cara de um filme que recentemente havia passado na TV.
— Brad Pitt — disse Nicholas, preparando-se para voltar para o carro. — Eles disseram que eu pareço o Brad Pitt.
O sorriso terno nos lábios de Nicholas denunciam que ele não se sente parecido com o tal ator, mas está lisonjeado por alguém achá-lo semelhante.
Entrei no Maserati, as mãos jogadas sobre as coxas, o corpo curvo.
As ruas de International Falls ainda parecem todas iguais — mesmo que, agora, hajam novos montes de neve inundando as laterais das fachadas. Os cheiros também são outros. Tudo cheira a primavera e Brie.
Nicholas virou uma esquina e falou algo sobre boliche e esquis e terrenos abandonamos. Concordei com a cabeça. Meu corpo inteiro tremeu quando vi Gustav de mãos dadas com uma mulher de cabelos cor de mel e olhos tão verdes quanto o mar, usando uma túnica com desenhos de pêssegos e saltos altíssimos que obrigavam-a a abaixar-se para continuar segurando a mão do pequeno. O garoto não me viu, embora Tesse tenha latido em direção ao Maserati umas quatro vezes. Outro alguém que perderei para a primavera.
Nicholas passou por mais um amontoado de casas e subiu uma ruela íngreme. Então eu vi Derek. O mesmo boné verde, botas marrom de caminhada. Olhos perdidos em duas bonitas garotas que saíam de um armazém. Observei bem o sorriso malicioso nos lábios do estranho rapaz, há algo podre nele, podre e luxuoso.
Nicholas falava sobre os bolos e que talvez não haja chocolate suficiente. Mas minha mente está perdida em outra mente.
Toquei o vidro com a mão aberta, observando uma garota de cabelos castanhos cruzar iam esquina... Mas não é ela. Não mesmo.
Fechei os olhos, ansioso e desesperado. Os arquivos tombaram para um lado extremo, e as gavetas intituladas como Brie se abriram e deixaram a primavera, antes enlatada, escapar pelas bordas e fragmentar o chão com uma enxurrada de cores doces.
Senti algo dentro de mim se revirando, uma coisa sem nome ou gosto iniciais, mas que minha boca traduziu, com demasia, que não eram coisas boas.
Meus dedos trêmularam sobre minhas coxas. Não consigo aguentar. Definitivamente, não consigo!
— Pare o carro, Nick — pedi, ou empurraria a porta com minha força demasiada, e ninguém iria gostar disso.
— O quê? — Nick olhou estranho para o espelho retrovisor, e finalmente para mim.
— O carro, Nicholas, pare o carro! — insisti.
— Ok, nervosinho — ele parou o carro no acostamento e destravou as portas que emitiram um Click. — O que vai fazer?
Sorri, antes de abrir a porta e correr para o mundo.
O que deveria ter feito há muito tempo.
Embarquei nas ruas de International Falls, sentindo olhos às minhas costas, ouvindo sussurros perguntando-se quem eu era e “O que esse idiota está fazendo?”.
Foi difícil tirar o sorriso do meu rosto, difícil não pensar apenas em Brie em todo o trajeto, mas foi muito, muito, muito fácil ignorar os gritos de Nicholas tentando entrar em minha mente.
Corri do modo mais humano que pude, até não haver mais ninguém cheretando. Então quase alcei vôo, veloz, ouvindo o SLASH! dos meus passos na neve encardida.
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Primavera & Chocolate (livro um)
FantasíaTudo o que Ace realmente quer é ser, novamente, mais um mortal. Entretanto, sendo impossível remover a imortalidade de seu corpo, ele vive na floresta, escondido dos humanos, observando, imitando e invejando-os, mas nunca sendo exatamente um deles...