Autora - Elisangela D. Silva
O céu estava sem estrelas, apenas a Lua Cheia brilhava e iluminava a noite.
Ele estava sentado em uma lanchonete na beira da estrada. Tomava um café, enquanto observava o movimento e o estabelecimento ao seu redor. Era um lugar antigo, com umas fotos esquisitas nas paredes. As mesas não tinham cadeiras, seus bancos eram parecidos com sofás.
Dois caipiras, com umas roupas esquisitas, estavam sentados conversando no balcão, enquanto um outro de bigode aparentando seus 40 e poucos anos, passava o pano sobre a bancada. Sem falar nada, apenas fazia movimentos com a cabeça. Nenhum deles pareceu se importar com sua presença. Melhor assim, não gostava de ser o centro das atenções. Fora esses dois, o dono e ele, também havia um casal sentado no fundo. A noite parecia ir tranquila, quando um cara todo esquisito com umas roupas esfarrapadas entrou dizendo:
- Eu vi! Eu vi! Eu sabia! Noite de Lua Cheia! Eu vi, juro que vi!
- Viu o que Tarcísio? O lobisomem? - um dos que estavam no balcão falou isso, e logo em seguida os três começaram a rir.
O casal se levantou. A moça foi em direção a porta, enquanto o rapaz ia ao balcão pagar a conta. Logo em seguida, os dois saíram noite a fora.
O rapaz esquisito gritou para que eles não fossem, que ficassem ali dentro que era mais seguro.
As gargalhadas haviam se encerrado. O dono da lanchonete deu a volta no balcão, segurando o braço do rapaz.
- Tarcísio, eu não quero você assustando os meus fregueses. Está entendendo? Se continuar assim, vou ser obrigado a proibir sua entrada aqui.
- Mas eu vi. Juro!
- Viu nada seu maluco. - Um dos caipiras retruca.
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Ele observa toda a cena. Acha aquilo tudo engraçado. Ele acaba de tomar seu café. Levanta-se e pega a sua mochila e se encaminha até onde estão os homens. Os quatro se assustam quando ele se aproxima. Haviam esquecido sua presença. Ele faz um aceno de cabeça para o dono, como que pedindo a conta.
Estava abrindo a carteira, quando Tarcísio segura seu braço e diz com uma voz chorosa:
- Não vai lá fora, moço. Eu vi!
Ele ia falar alguma coisa, mas é interrompido por um grito. Nesse exato momento, a porta se abre. A moça, que a pouco tinha saído com o rapaz, entra toda suja de sangue gritando:
- Por favor! Me ajudem! Ele matou meu namorado!
Os cinco trocam olhares assustados. E lá fora, se ouve um uivo, que fez todos ficarem arrepiados.
- Eu falei que tinha visto, mas vocês não acreditaram.
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