Mausoléu

15 2 1
                                    

Autora: Ironi Jaeger


MAUSOLÉU

Aquele marido rico, sovina e excêntrico, não perdia uma oportunidade de humilhar sua linda esposa que, apaixonada, não considerava as atitudes do marido como defeito e de nada adiantavam os conselhos dos amigos.

Com o passar dos anos, Jovêncio envelheceu e adquiriu manias novas. Certo dia ao acordar, descobriu que para ser feliz precisava de um mausoléu para garantir seu lugar depois de morto.

Mas não podia ser qualquer mausoléu não, precisava ser o mausoléu.

Para isso, contratou um jovem e recém-formado engenheiro e explicou que queria um mausoléu que tivesse o conforto de uma casa, para que quando sua linda esposa ou os amigos o visitassem, pudessem demorar o máximo possível.

Explicou ao estupefato moço:

Quero um quadrado todo de vidro onde ficará meu caixão que, claro, não pode ser de vidro, mas sim, de carvalho envelhecido, caso contrário verão meu corpo putrefato.

Uma sala com mesa e cadeira, deve ter Wi-Fi, frigobar, luz elétrica e uma confortável poltrona, pois tenho certeza que minha linda esposa vai sentar nela e chorar minha falta.

O jovem engenheiro pensou no dinheiro que estava precisando muito, mas em contraponto, pensou nas piadas que os colegas fariam. Ainda ponderava sobre o assunto, e quando pensou em dizer não, a esposa do Jovêncio apareceu na porta.

Olhou para o lindo cabelo cacheado e o corpo esguio, que pelas partes visíveis era da cor morena, reparou na bunda sexy e na boca vermelha, então, rapidamente pegou seu bloco de anotação e dirigiu-se até a mesa próxima, sendo seguido pelo casal.

Um olho observava o papel e outro se perdia no decote de Teresa. Fez contas, somou, subtraiu, dividiu e multiplicou os olhares dentro do decote da mulher.

Olhando para o gordo e avermelhado porco, digo, homem a sua frente, emendou:

― 50.000 reais, por menos não dá, tenho que conseguir a licença, comprar vários lotes no cemitério, encanar água, eletricidade, conseguir internet, comprar o caixão, os móveis e provavelmente subornar algumas pessoas. ― Olhou para seu bloco onde sua soma total era equivalente a 10.000 reais e falou:

― É, por menos não dá.

O homem gordo refletiu por alguns minutos e então, olhou para sua esposa e perguntou:

― O que tu acha, mulher?

Ela estranhou a pergunta, visto que ele jamais lhe consultava em nada.

Surpresa demais para responder, levantou o olhar encontrando com os do jovem, cujo olhar dizia "aceita, por favor..."

Luiz Amato e ConvidadosOnde histórias criam vida. Descubra agora