A Primeira Dança

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Autora - Susana Silva - Portugal



A minha história com a minha mulher é feita de altos e baixos. Nem sei qual dos bons momentos vos vou contar, mas aqui vai.

Os clientes já tinham saído do bar, a porta prestes a fechar. Quando, de repente ouvi o som de uma voz feminina e doce:

- Boa noite! – fiquei com arrepios pelo pescoço todo, como se a dona daquela voz meiga tivesse perto de mim, soprando suavemente na minha nuca.

Parei de varrer, virei para trás e, por um momento parecia ter perdido a minha voz, procurando algo que não me vinha à mente de maneira nenhuma. Até que as palavras saíram sem eu querer

- Me perdoe, mas já fecha...

- Quem tem de pedir desculpa sou eu, por interromper o seu trabalho. – Ela nem me deixou terminar a frase. Trajava um vestido azul turquesa, colado ao seu corpo cheio de curvas, que me fez alterar o ritmo do meu coração.

Perguntei-lhe o mais calmamente possível :

- Não faz mal, até que gostei da intromissão. Em que lhe posso ser útil? – aproximei-me mais um pouco dela.

- Receio que a minha bolsa preta tenha ficado cá. – disse, fixando seus olhos nos meus. Só aí descobri que aquela linda mulher tinha estado no meu bar e eu nem tinha notado. Como era possível? Devia estar com a cabeça noutro sítio. Fui até atrás do bar e mostrei-lhe uma bolsa, perguntando-lhe :

- É esta?

- Sim. Graças a Deus! – ela sorriu para mim e continuou – Só dei pela sua falta quando a ia abrir para procurar a chave do carro. Muito obrigada por guardá-la.

Avançou para mim mas, em vez de lha devolver, disse :

- Só a devolvo com uma condição.

Olhou para mim surpresa, mordiscou o seu lábio inferior. Quando ía abrir aquela boca apetecível, dirigi-me à jukebox e coloquei "God gave me you" do Blake Shelton. Cheguei à sua beira e ofereci-lhe a minha mão direita, dizendo, sem tirar o olhar dela:

- Dança comigo, princesa? – dei-lhe o meu melhor sorriso e aguardei a sua reacção.

E ali ficámos a dançar a noite toda, à média luz, naquele chão de pedra, com as cadeiras arrumadas por mim, por cima das mesas do meu primeiro bar.

Eu encontrara a minha alma gémea.

Luiz Amato e ConvidadosOnde histórias criam vida. Descubra agora