Rain Man

341 30 2
                                    

Acordei às 6 da tarde, minha cabeça ainda doía um pouco, então tomei um banho demorado, coloquei meu pijama, e me deitei de volta na cama. Eu estava assistindo filme e comendo pipoca de micro-ondas, até que ouvi um som estranho vindo da minha janela. Me levantei cautelosamente e fui ver o que tinha causado aquele som, então, me deparei com o Alex de pé no telhado que dava acesso à minha janela.
-O que você está fazendo no meu telhado? –disse, enquanto abria a janela.
-Não quis incomodar seus pais.
-Eles não estão.
-Ah... posso entrar?
Me afastei um pouco dando espaço para que ele pudesse entrar, e ele entrou.
-O que faz aqui?
-Vim ver como você está.
-Ah, estou bem... dormi a tarde toda.
-Como está a cabeça?
-Ainda dói um pouco, mas nada muito grave.
-Bom... –ele gentilmente afastou o meu cabelo para olhar o canto da minha testa em que a bola havia batido, e por algum motivo minhas pernas ficaram bambas como geléia. –não está inchado, nem cortado... só um pouco vermelho, mas amanhã já vai estar melhor.
Eu não sabia o que dizer, talvez porque naquele momento eu parecia ter esquecido como falar qualquer palavra que existisse.
-Hmm... você... quer pipoca? –de todas as perguntas possíveis, eu fiz a mais idiota.
-Que filme é esse?
-Rain Man.
Alex tirou sua mão da minha testa, e nós nos sentamos na minha cama. Eu não sabia exatamente o que ele queria, porque aquilo me parecia estranho. O tempo todo que ele esteve ali eu imaginava que uma hora ele diria algo do tipo "aquela sua amiga é muito bonita, ela namora?" ou "será que eu posso copiar a sua lição de cálculo?", mas ele não fez nenhuma dessas perguntas.
-Seu quarto é bonito.
-Ah... obrigada...
-Você gosta mesmo de música, não é?
-Deixa eu adivinhar: os discos ou a mini controladora?
-Ambos... você já fez alguma música com ela?
-Bom, eu tentei.
-Posso ouvir?
-Se eu disser que não...
-Não vou embora enquanto você não me deixar ouvir.
Eu particularmente não me incomodaria com ele no meu quarto a noite inteira, mas eu não podia parecer tão desesperada, então levantei, peguei meu notebook, selecionei um dos mixes que eu mais gostava (pelo menos era o menos pior) e lhe estendi meu headphone.
-NOSSA, É MUITO BOM... EU ESTOU GRITANDO, NÃO É?
Apesar da voz dele ser um pouco assustadora por ser grossa, eu ri e balancei a cabeça positivamente.
-É muito bom mesmo...
-Obrigada.
Coloquei as coisas no chão e ficamos um tempo em silêncio, assistindo o Tom Cruise perder a paciência com o seu irmão no filme.
-Está com fome? –perguntei.
-Um pouco, por quê?
-Vou pedir pizza.
-Ah não, não precisa.
-Claro que precisa, eu estou com fome.
Desci e pedi uma pizza. 30 minutos depois ela chegou. Peguei refrigerante e guardanapos na cozinha e ficamos no meu quarto, comendo e conversando. Aquela noite eu conheci Alex por completo... bom, pelo menos uma boa parte. 

CalifornianOnde histórias criam vida. Descubra agora