Curativo, Stanford E Abdômen Sarado?

355 34 1
                                    

    Descemos do ônibus e caminhamos até a minha casa. Entramos e eu fui procurar um kit de primeiros socorros no banheiro enquanto Alex me esperava sentado em uma das cadeiras da sala de jantar. Eu tirei o pano do dedo dele, limpei com um antisséptico, coloquei uma pomada cicatrizante, e o enrolei com uma gaze.
-Viu? Bem melhor, até amanhã já vai ter cicatrizado bastante.
-Você é boa nisso.
-Passei a infância vendo minha mãe cuidar dos machucados do meu pai... aprendi bastante.
-E como ele se machucava?
-Do mesmo jeito que você, jogando.
-Ele ainda joga?
-Não, ele não tem mais tempo, e vive se queixando de dores na coluna, etc.
-O meu pai diz exatamente a mesma coisa. – Nós rimos e em seguida ficamos em silêncio, como de costume.
-Então... ansioso para amanhã? –perguntei.
-Muito, é o jogo mais importante da temporada... estamos treinando desde que voltamos das férias, e nas férias também treinamos um pouco.
-Alguém importante vai estar lá?
-Os diretores de algumas faculdades, incluindo o de Stanford.
-Stanford?
-Sim.
-Você quer ir pra Stanford?
-É uma das minhas opções, por que?
-Ah, nada. É uma boa faculdade...
-Você pretende ir pra lá?
-Sim...
-O que quer fazer?
-Jornalismo. E você, o que quer fazer?
­-Eu queria ser jogador profissional. Mas caso não aconteça, eu pretendo fazer economia.
Ficamos novamente em um silêncio ensurdecedor que pairava pelo ar, até que Alex finalmente se pronunciou agradecendo o curativo e dizendo que precisava de um banho. Ele foi embora, e eu subi para fazer o mesmo. Depois do jantar, fiquei deitada na cama conversando com Kit e meus amigos, meu celular estava com a bateria fraca, e meu carregador estava na escrivaninha, o que infelizmente significava que eu teria que levantar e ir até lá. Levantei e fui até a escrivaninha e peguei meu carregador que estava completamente enrolado, do mesmo jeito que ficam os fones de ouvido quando os guardamos no bolso. Fiquei para em frente à janela desembaraçando o fio, e quando olhei para frente, consegui ver Alex no quarto dele, ele estava em pé, de bermuda e sem camisa... Alex tinha um abdômen de deixar qualquer garota louca. Eu não prestei atenção no que ele estava fazendo parado em frente a janela, naquele momento não me importava o que ele estava fazendo, contanto que ficasse parado ali naquela exata posição. Então a coisa mais constrangedora aconteceu: ele olhou para frente também. Obviamente eu reagi da maneira mais sensata possível. Eu me joguei na cama.

CalifornianOnde histórias criam vida. Descubra agora