03. A Decisão de um futuro

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Eu havia passado a noite toda me revirando em minha cama, sentia meu corpo tremer e não conseguia parar de ouvir os gritos da minha mãe naquela noite do acidente. O quanto que ela havia gritado naquele dia.
As cenas repassavam em minha mente rapidamente, chegando até dois dias atrás, quando eu vi Mel chorando e gritando que não iria me perder. Parecia que eram cenas diferentes, mas no fundo, eram iguais. Nenhuma das duas queria me perder e eu esperava que dessa vez eu não perdesse Mel e Ryan.

Abri meus olhos e me sentei na cama olhando toda a extensão do meu quarto. Caminhei até a janela do meu quarto e vi em frente à janela do quarto da casa do meu vizinho. A luz estava acesa e ele estava sentado em sua cama mexendo com um carinho de brinquedo, ele ergueu a sua cabeça e me viu. Matthew aproximou-se da janela e a abriu, o vento gelado bagunçou os seus cabelos e ele sorriu acenando para mim. Eu sorri e acenei, antes de ir até o meu guarda roupa e pegar um vestido rosa. Tomei um banho e o coloquei. Sentei-me na cadeira em frente um espelho e penteei meu cabelo, colocando uma faixa da mesma cor do meu vestido, em meus pés coloquei uma sandália branca, ouvi a porta se abrir. Mel estava me olhando sorrindo, sua expressão de surpresa.

- Filha, você já está pronta? – ela disse se aproximando. – Está linda. – ela disse se sentado ao meu lado.
- Obrigada. A mamãe também está linda. – eu disse lhe dando um abraço.

Senti uma lágrima tocar meu ombro e a olhei, mas ela já havia limpado essa pequena lágrima e se levantou, me fazendo ir junto com ela. Descemos as escadas, notei que meu casaco estava nas mãos do Ryan, ele me estendeu e eu o coloquei. Meu coração doía, e eu sentia que eu iria perdê-los, lá fora o tempo condizia o que eu sentia, a chuva estava forte, o céu era escuro e algumas vezes eram possíveis ver raios clarearem o céu, hoje era um daqueles dias que não parece ser de manhã e sim à noite, por conta da chuva e da cor que estava o céu. Fomos até o carro do Ryan que estava parado na rua, Mel segurava minha mão e nos protegia com um guarda-chuva preto que era bem grande, eu me sentei no banco de trás e ela se sentou na frente, no banco do passageiro, eu olhei a nossa casa e ao lado pude notar Matthew olhando a chuva cair do lado de fora, ele me olhou e deu um leve sorriso, eu sorri e acenei.

Virando-me para frente, Ryan se sentou no banco do motorista e acelerou o carro. Dali poucos minutos seria decidido o nosso futuro.

O carro andava lentamente, e eu olhava para o lado de fora, observando as gotas que corriam pela janela, todos nós estávamos em silêncio, cada um se preparando e controlando suas emoções de uma forma, sentia meus olhos encherem de lágrimas e minhas mãos suarem, meu coração estava disparado e eu tentava respirar normalmente. Ao adentrarmos o fórum, Mel se sentou ao meu lado num dos sofás que havia em frente à mesa da secretaria e Ryan foi até onde ela atendia, mostrando-lhe o papel. Ele nos chamou, e fomos andando até um elevador, entramos ali e a moça apertou o botão que indicava 15° andar. O elevador parou, quando o painel indicou que estávamos no andar selecionado, a porta se abriu e vimos dois homens conversando despreocupadamente em frente a uma porta de vidro, nós abrimos essa porta de vidro, e o homem que havia ido até a nossa casa estava encostado numa mesa, e acenou, nós nos aproximamos e ele nos indicou uma sala. A sala do juiz.

Ao entramos eu vi uma homem sentado numa cadeira alta, e o homem foi até uma mesa que estava posta em frente ao juiz, ele se sentou. Meus pais foram em direção a mesa ao lado, Mel pediu que eu sentasse nos bancos que estavam atrás essa mesa, eu me sentei. Eles todos se apresentaram, o Juiz se chamava Robert Smith e o homem que havia ido até minha casa se chamava William Joseph, e foi ele quem começou a falar, muita das coisas que ele falou eu não compreendia, o juiz apenas assentia e Mel balançava a cabeça, muitas vezes colocando as mãos nos cabelos compulsivamente.

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