14. O Universo quer ser notado (Parte I)

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Vivian andava cabisbaixa pelas ruas de Londres, o sol brilhava no alto do céu, clareando os dias, divertindo as crianças no parque e colorindo a vida das pessoas ali. Mas a mulher sentia que dentro dela acontecia uma tempestade com nuvens negras e ventania. Se aquilo que aquele investigador disse realmente for verdade, tudo que ela acreditou por anos será mentira! E isso tornaria tudo uma grande mentira. Se os seus pais realmente tiverem sido assassinados e não mortos por uma fatalidade da vida, toda a forma dela de ver o mundo seria alterada, e aquilo era doloroso demais para a garota. Vivian sentou-se num banco de um parque do Centro de Londres e ficou olhando algumas crianças brincando por ali.

Uma menininha que deveria ter no máximo cinco anos subia uma escadinha pronta para escorregar e cair sentada na areia, o sorriso dela era mágico. Com certeza estava alegre, nessa fase da vida, tudo é tão fácil, tão belo. As crianças por serem puras acreditam que tudo são flores, arco-íris e sorrisos, mas desde o momento em que você atinge a maioridade, se torna realmente adulto e têm controle da sua vida, descobre que a vida é uma farsa, que não há nada de belo e majestoso. Só existem dúvidas, falsidades, mentiras e máscaras. Muitas máscaras. Vivian deixou que uma única lágrima rolasse por seu rosto e se levantou, caminhando lentamente e preguiçosamente na direção de um carrinho de sorvetes. Pediu para o vendedor um sorvete de creme e lhe entregou o dinheiro, colocou uma colherada na boca, sentindo as explosões de sensações, o sorvete bem gelado causando um choque térmico e lhe enviando sensações de alegria e um gosto de infância até o seu cérebro, Vivian sorriu e voltou a andar, mas deu apenas um passo até encostar-se a alguém. Olhou assustada e parou perplexa, não poderia ser ele, certo?

- Acho que você gosta de trombar em mim. – Arthur gargalhou, balançando a cabeça negativamente e Vivian abaixou a cabeça envergonhada.
- Desculpa?! – ela sorriu levemente e ele levantou o rosto dela para olhar em seus olhos.
- Só se a senhorita aceitar sair comigo agora – ele sorriu delicado e se abaixou, deixando seus rostos no mesmo nível, Vivian sorriu.
- E nós iríamos para onde? – ela arqueou a sobrancelha sapeca, tudo que mais queria era esquecer-se da conversa de momentos antes, mesmo que para isso tivesse que 'usar' Arthur para conseguir tal feito.
- Você já almoçou? – ele perguntou, pensativo, e a garota negou, ele sorriu. – Podemos almoçar no Beliet e depois assistir um filme que está em cartaz no cinema. O que você acha? – ele a questionou, esperançoso, e Vivian sorriu alegremente, assentindo.

Os dois começaram a andar pelo parque, a garota com o sorvete nas mãos e se deliciando, enquanto o garoto a olhava encantado. Arthur refletia que talvez Barbara não conhecesse Vivian e até compreendia o porquê do cunhado se sentir tão atraído pela garota. Vivian é o tipo de garota que encanta no mesmo momento em que fala a primeira palavra, e a cada ato que fazia, Arthur sentia-se mais aquecido e atraído por ela. Ele não tinha seguido a garota só por querer forçar um encontro ou pela curiosidade, mas também porque sentia uma necessidade crescente dentro dele de ficar perto dela.

Ela estava tornando a sua obsessão pessoal, o seu pequeno troféu. Chegaram à frente ao restaurante Beliet, lá eles faziam refeições italianas e todas aquelas massas eram extremamente apetitosas. Arthur poderia jurar de pés juntos que aquele restaurante é o melhor de Londres, o seu preferido. Vivian sorriu levemente, mas por dentro sentiu-se deslocada. Aquele lugar era muito chique para ela ou era uma ligeira impressão? Adentraram o estabelecimento e depois de sentar em uma mesa mais no canto e fazer os seus pedidos, Arthur se manifestou:

- Eu adoro esse lugar! – ele disse, olhando ao redor, e Vivian o acompanhou, vendo a riqueza de detalhes.
- É muito lindo aqui. – ela concordou, sorrindo. – Arthur?
- O que foi? – ele a encarou confuso e ela respirou fundo antes de perguntar.
- O que você estava fazendo lá no parque? Digo, isso foi uma grande coincidência... – ela franziu a testa, interessada.
- Ah, claro, foi mesmo. – ele respondeu, baixo. – Eu não queria assistir a aula de hoje e eu sempre gosto de andar naquele parque, é calmo. E bonito! – ele falou, aumentando a voz e deu um sorriso. – E você? O que fazia lá?
- Dando uma volta. – ela respondeu, rapidamente e balançou a cabeça rindo. – Eu tive que resolver uns assuntos, aí já estava atrasada para a aula, vi aquele parque e resolvi ficar lá um tempo. – ela o respondeu, corretamente, e ele assentiu.

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